Crítica – Dragon Ball Super: Super Hero é um filler estendido, mas divertido

Capa da Publicação

Crítica – Dragon Ball Super: Super Hero é um filler estendido, mas divertido

Por Flávia Pedro

Dragon Ball Super: Super Hero finalmente fez sua estreia nos cinemas, dividindo opiniões da crítica e do público que já teve a chance de assistir. Deixando Goku e Vegeta de fora, a nova história abre espaço para que os personagens secundários possam brilhar, mas se você achou que Gohan seria o astro desse show, está muito enganado… Piccolo é o grande nome aqui!

Com um filme todo em CGI, novos personagens, o retorno do Exército Red Ribbon e de um temido vilão da série, Dragon Ball Super: Super Hero pode não ser o melhor filme de anime do ano, mas cumpre seu papel de trazer uma história diferente com a pegada do Akira Toriyama.

Ficha Técnica

Título: Dragon Ball Super: Super Hero (Original)

 

Direção e roteiro: Akira Toriyama

 

Data de lançamento: 18 de Agosto de 2022 (Brasil)

 

País de origem: Japão

 

Duração: 120 minutos

 

Sinopse: O exército Red Ribbon havia sido destruído por Son Goku… Mas certos indivíduos decidiram levar adiante sua missão e criaram os androides supremos: Gamma 1 e Gamma 2. Estes dois androides – que se intitulam “super-heróis” – decidem atacar Piccolo e Gohan! Qual será o objetivo do Novo Exército Red Ribbon? Quando o perigo é iminente, é então que desperta o Super-Herói.

A história começa nos mostrando que apesar de Goku ter derrotado o Exército Red Ribbon no passado, a organização não se dissolveu completamente e começou a atuar por baixo dos panos, como uma farmacêutica. Magenta, o herdeiro da Red Ribbon, montou toda uma história envolvendo os Guerreiros Z, fazendo com que Goku e seus companheiros fossem vistos como vilões.

“Alienígenas que só estavam lutando a favor da Terra para que os humanos construíssem um mundo ideal para eles e, depois, a humanidade seria toda dizimada e apenas os Saiyajins e seus aliados ficariam vivos”. Essa foi a versão apresentada ao Dr. Hedo, neto do Dr. Gero (criador dos primeiros Androides), para que ele se tornasse um aliado e retomasse os estudos de seu avô para construir “super-heróis” que lutassem contra a Corporação Cápsula, de Bulma.

Com isso, Gama 1 e Gama 2 são criados pelo Dr. Hedo, que é obcecado por heróis. Sua intenção é se juntar com a Red Ribbon para ter financiamento em suas pesquisas. Mas um trunfo ligado ao passado da série foi guardado pela equipe para surpreender o público, com o “retorno” de um certo personagem ameaçador.

Vilões de Dragon Ball Super: Super Hero (Magenta, Dr. Hedo, Gama 1 e Gama 2).

Apesar de ser um enredo básico, ele foi bem trabalhado dentro de sua proposta com a pegada mais “filler“. O roteiro tem alguns problemas, exigindo que quem assiste ao filme tenha alguns momentos de suspensão de descrença para comprar ideias apresentadas no decorrer da história, como quando Kuririn lembra Piccolo de que ele é capaz de alterar seu tamanho, já que o Namekuseijin aparentemente não lembrava de sua própria habilidade.

Esse é um ponto que frequentemente atrapalha a imersão completa na história, pois o roteiro acaba adotando respostas fáceis e óbvias para solucionar os problemas enfrentados pelos personagens, o que, para quem gosta de uma estrutura mais amarradinha, não funciona bem e deixa a desejar.

Contudo, um destaque vai para o desenvolvimento de Piccolo. Enquanto Gohan segue os passos de Goku como um pai ausente, Piccolo quase adota o papel de pai de Gohan e avô de Pan. A garotinha é outro ponto em que o filme acertou muito, mas chegaremos lá. Voltando a Piccolo, o filme entregou mais provas de que ele é o “melhor pai de Dragon Ball”, além de mostrar que, sozinho, ele tem capacidade de solucionar os problemas.

Ao permitir que Piccolo investigue a Red Ribbon, o verdão brilhou enquanto tentava a todo custo trazer de volta a ativa o guerreiro que estava adormecido dentro de Gohan. Gohan, por sua vez, tem seus momentos de destaque e finalmente voltou a aparecer como um Super Saiyajin, mas até mesmo a forma como isso foi abordado faz com que sua redenção não tenha convencido muitos fãs.

A questão é que o “Orgulho Saiyajin” que tanto se fala na série é deixado de lado, outras variáveis fazem com que Gohan atinja um novo patamar de poder e isso faz com que ele pareça até um bobão em diversos momentos ao longo do desenvolvimento da história. Quem lembra do potencial de Gohan durante sua adolescência não ficou tão contente com como seu retorno foi trabalhado.

Gohan e Pan.

Pan é um ponto chave nessa história, servindo como uma ferramenta para criar relações genuínas entre os personagens, como fica claro ao interagir com Piccolo e por ser um dos motivos para Gohan voltar ao campo de batalha. O poder da paternidade… Se não fosse pela relação entre Piccolo e a garotinha, com certeza Gohan ainda estaria trancado em um cômodo estudando sobre formigas.

Os vilões em si não oferecem muito risco, o que é decepcionante de certa forma. A Red Ribbon é formada por caras que fogem quando a situação fica ruim e Gama 1 e Gama 2 querem ser heróis, sendo andróides criados pelo Dr. Hedo acreditando que os Guerreiros Z são as verdadeiras ameaças. Para uma franquia com Freeza, Broly e Kid Boo, temos que confessar que esse grupo não parece nada demais.

Mas para enfrentá-los, Piccolo ganhou uma nova transformação que utilizou das brechas do passado de Dragon Ball para ser convincente. Essa nova forma é a chamada Orange Piccolo e apesar de saber que é uma transformação para vender bonecos do personagem, estamos torcendo para que ela apareça novamente daqui pra frente, pois foi bem interessante ver Piccolo em sua nova forma.

Gohan e Piccolo em suas novas transformações.

Personagens como Bulma, Kuririn, Androide 18, Gohan, Trunks e até mesmo o Gotenks gordinho tiveram um papel relevante para a história. Sobre Goku e Vegeta, apesar de ser importante apresentar a dupla principal, a longa cena onde eles aparecem treinando no planeta de Beerus acabou se tornando uma “barriga” para o filme que, sendo sincera, nem precisava estar ali.

Além do pós-créditos, o momento em que vemos o treinamento dos dois Saiyajins não acrescenta em nada para a história, a não ser justificar uma falha do personagem Whis. O mangá já havia desenvolvido esses treinamentos de forma satisfatória, então resta a opção de que só tivemos a cena de Goku e Vegeta para não ser um filme totalmente sem os queridinhos do público.

Dragon Ball Super: Super Hero cumpre a proposta de trazer algo novo e de não depender dos protagonistas para ter uma história divertida, mas isso deu uma cara de “filler” ao longa. O CGI é um caso à parte, ele acaba com o sentimento de nostalgia que o público poderia ter por finalmente estar assistindo uma animação da série de Akira Toriyama. Acredito que se fosse uma animação 2D a imersão seria melhor e a própria experiência mais agradável.

No fim, é um filme para se divertir, mas não espere por grandes resoluções, estratégias mirabolantes ou roteiro bem detalhado. Dragon Ball Super: Super Hero vai te oferecer boas risadas, transformações empolgantes, “momento fofura” com a Pan e, claro, muita porrada desenfreada!

Nota: 3 de 5.

Confira também: