Jujutsu Kaisen: Ken Akamatsu revelou que Gege Akutami, autor do mangá, é mulher

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Jujutsu Kaisen: Ken Akamatsu revelou que Gege Akutami, autor do mangá, é mulher

Por Junno Sena

Shoujo é uma das demografias mais populares no Japão. As produções que são voltadas para jovens mulheres, mas que conseguem conquistar todo um público, parece até irônico sobre como existe uma falta, ou melhor, invisibilidade, de mulheres no mercado de mangás.  Porém, a suposta revelação de que Gege Akutami, criadora de Jujustu Kaisen, mostra o porquê do assunto ser tão complicado.

A notícia de que Akutami é uma mulher veio de Ken Akamatsu, autor de Love Hina e Mahou Sensei Negima!, em um artigo publicado pelo portal japonês Myjitsu. Entre diversas críticas sobre Akamatsu não ter o direito de revelar o seu gênero, surgiram outras questões sobre o porquê de esconder sua identidade, além de um breve choque por descobrir que Gege Akutami pode ser uma mulher.

O anonimato dos mangakás

Paru Itagaki, autora de Beastars

E esse desconforto do público, em usar “ela” ao invés de “ele”, surge desse espaço de que mangás shonnen são feitos exclusivamente por homens, uma vez que essa demografia é, de fato, repleta de autores do gênero masculino.

Essa não é a primeira vez que algo assim ocorre. Mesmo que existam autores tão populares no mercado dos mangás, como Akira Toriyama e Junji Ito, a maioria tende a manter a sua identidade escondida. Por isso, durante anos, Hiromu Arakawa, criadora de Fullmetal Alchemist, foi tida como homem.

Outro exemplo é a mangaká de Beastars, Paru Itagaki. Em suas aparições públicas, a artista utiliza uma cabeça gigante de galinha para esconder o rosto e permanecer irreconhecível. Mesmo que suas vestes e voz delatem o seu gênero, ainda sim é uma forma de esconder a identidade para que não sofra o preconceito em sua vida pessoal.

A histórias das mulheres no mercado de mangá

Capa de Sazae-san

Algo que parece surreal quando investigamos a história das mulheres no mangá. A primeira mangaká de sucesso no mercado foi Machiko Hasegawa em 1946, ao publicar Sazae-san no jornal Asahi Shinbun. O anime é exibido até hoje, contando com aproximadamente mais de 7330 episódios.

Até esse momento, os mangás shoujo eram escritos por homens. Foi apenas durante os anos 50 que conseguiram mudar esse panorama, quando surgiu o Grupo de 24, mulheres nascidas no ano 24 da Era Showa, responsáveis por revolucionar a demografia em temática e qualidade.

Tornando-a não apenas “para jovens mulheres”, mas também “de jovens mulheres”, fazendo com que, atualmente, sejam escritos, desenhados e editados majoritariamente por este gênero.

Por isso, mulheres mangakás que escrevem shoujo não costumam esconder a sua identidade. E é fácil se deparar com uma longa list que conseguiram conquistar todo o tipo de público com suas histórias. Como Rumiko Takahashi, criadora de Inuyasha, Kekiko Takemiya, uma das pioneiras em Boy’s Love, Naoko Takeuchi, responsável por Sailor Moon, o grupo CLAMP, entre outras.

Mulheres e shonnen

Maki de Jujutsu Kaisen

Enquanto isso, no shonnen, ainda existe um desconforto do público com mulheres escrevendo para jovens rapazes. Isso se constrói a partir de crenças machistas ao redor da capacidade de conseguirem escrever enredos que envolvem lutas e personagens masculinos até questionar o gênero da pessoa. Porém, a situação está mudando. Dois dos animes e mangás mais populares dos últimos anos são escritos por mulheres.

“Em Jujutsu Kaisen, a autora também é uma mulher, certo? Kimetsu no Yaiba também é escrito por uma mulher e isso é muito bom”, disse Akamatsu durante o Twitter Spaces.

Mesmo que a revelação súbita gerou grande controvérsia, já havia boatos de Gege ser uma mulher. A história surgiu quando Akutami desenhou um autorretrato feminino na coluna de apresentação na Shonen Jump. Mas, após o ocorrido, houve uma “aparição” de Gege em um evento da Jump em 2019, negando os rumores.

Ainda não há nenhuma nota oficial emitida por Gege Akutami.

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