Por quê as pessoas ainda falam de Liga da Justiça e do SnyderCut?

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Por quê as pessoas ainda falam de Liga da Justiça e do SnyderCut?

Por Matheus Takahashi

A DC tem muitos fãs pelo mundo, que estão constantemente se manifestando pela internet, seja em fóruns, discutindo sobre teorias ou novidades, seja nas redes sociais, rebatendo críticas que não agradam aos ouvidos ou provocando uma rixa boba com os fãs da concorrente direta, a Marvel. E, recentemente, o diretor Zack Snyder, responsável por dirigir Homem de Aço, Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Liga da Justiça, fez uma transmissão ao vivo na internet, fazendo comentários enquanto assistia ao seu segundo filme, entre o kryptoniano e o Cavaleiro das Trevas. E ele fez uma série de revelações, impactantes o suficiente para fazer inveja ao Wikileaks, e manter vivo o movimento #ReleaseTheSnyderCut.

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Temos que saber contextualizar alguns fatos para discutir sobre esse assunto. O primeiro é a crítica. Críticos, de maneira geral, não ficaram muito satisfeitos com o que viram nos filmes dirigidos por Snyder – no caso os dois primeiros. E isso criou uma espécie de ódio à crítica, e até mesmo para sites especializados, como o Rotten Tomatoes, numa atitude um tanto quanto infantil, uma vez que esse ódio parece ser baseado no fato de que os fãs – do Batman, do Superman, e até do Snyder – não gostaram do que ouviram e leram sobre os filmes. Era bastante comum que dissessem coisas como “é um filme muito complexo para cabeças pequenas” (em referência a uma fala de Lex Luthor em Batman vs Superman), que “a crítica só fala bem da Marvel e odeia a DC (de novo, rixa boba), ou que tudo é coisa de hater. Tudo o que torna qualquer fórum de discussão um lugar tão radioativo de tóxico quanto Chernobyl. 

Não somente a crítica foi linchada por fãs no mundo virtual. A Warner Bros foi bastante criticada por muitas decisões em relação aos seus filmes, desde a escalação de Ben Affleck para ser o Batman (que até dividiu opiniões, verdade seja dita), até o diretor Joss Whedon, que dirigiu os dois primeiros filmes dos Vingadores, escolhido para continuar o trabalho de Snyder em Liga da Justiça, que não tinha como seguir seu trabalho por conta de uma tragédia pessoal.

Aliás, boa parte da discussão só existe por conta dessa situação. Whedon ficou encarregado de continuar o trabalho de seu antecessor, e comandou uma série de mudanças no filme, como até já relatamos em reportagens anteriores, algumas até ditas pelo próprio Snyder. Após a transmissão do último domingo, o movimento para que o Snyder Cut venha à ser liberado aos fãs ganhou uma grande guinada.

Há quem acredite que o próprio estúdio da Warner teria dado um jeito de tirar Snyder, baseado na crítica e na bilheteria, que nunca fez jus à grandeza de Batman, nem Superman, nem da Liga da Justiça em si, independente se o estúdio realmente teve algo a ver com isso ou não. Mas depois da transmissão de Snyder no último domingo (29 de março) os fãs foram à loucura.

E piorou depois que uma página fake da HBO publicou um cartaz (muito massa, por sinal) dizendo que iria disponibilizar a versão de Snyder, em pleno primeiro de abril. Ou seja, não vai ser tão cedo que veremos o tal SnyderCut.

Não bastando isso tudo, não existe sequer um sinal de que a Warner queira continuar com a Liga da Justiça.

Provavelmente muito do movimento #ReleaseTheSnyderCut se deve à frustração. Não é uma provocação sobre a crítica ou à bilheteria, mas por conta do conteúdo – ou mesmo a falta de. Snyder tinha planos muito grandiosos para a franquia, até demais para os poucos filmes que fez, envolvendo viagem no tempo, Darkseid, um Superman corrompido, o Caçador de Marte… Renderia até uma lista para a gente fazer! Não bastando isso, a aparição de Lex Luthor e do Exterminador, sugerindo que poderíamos ver a Legião do Mal nos cinemas deixou muita gente ansiosa. Mas o que tivemos depois disso? Bem pouca coisa: um filme pro Aquaman, outro pro Shazam (com sequência já confirmada), um filme do Coringa que rendeu dois Oscars, Aves de Rapina e uma sequência para a Mulher Maravilha. Pensando bem, tem até um bom conteúdo pós-Liga, mas nada que sinalize, de verdade, uma sequência para o filme de 2017.

Lidar com frustração é algo difícil. Qualquer um sabe disso. Em qualquer situação, por mais séria ou mais boba que seja, é bem ruim quando você não recebe o que se espera quando se investe tempo, dinheiro, trabalho, suor, e/ou expectativas sobre algo que se gosta bastante. No nosso caso aqui, a Liga da Justiça é, com algumas ressalvas e passível de outra discussão, o grupo de super-heróis mais conhecido na cultura pop. As versões cinematográficas, no entanto, não condizem com o que já vimos nos quadrinhos semanais, nas grandes sagas, em desenhos animados – contando séries e filmes, e talvez nem mesmo em jogos de videogame, e isso é algo que muitos fãs não engolem até hoje.

Talvez a melhor forma de analisar o sentimento do fã que dá suporte ao movimento do Snyder Cut seja relacionar com as 5 fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

A negação provavelmente veio com a recepção negativa da crítica e de parte do público quando Liga da Justiça estreou nos cinemas. Muitos fãs simplesmente negam que o filme possa ser considerado ruim – o que, ressaltamos, é questão de opinião -, e já partem para a “retaliação”, que já nos leva à segunda fase, a raiva. Por retaliação, referimos à maneira como esses ditos fãs passaram a reagir com outros filmes, como os da Marvel, em especial Pantera Negra e Capitã Marvel, que ainda expôs muitas situações de racismo e machismo dentro da comunidade geek, que, infelizmente, ainda é muito presente, apesar de ser constante combatido.

A barganha surge exatamente no início do movimento do Snyder Cut Desde que Zack Snyder começou a opinar sobre Liga da Justiça, a dizer que o resultado não era o que ele planejou e que muita coisa ficou de fora, os fãs passaram a acreditar que exista uma versão final do filme que é totalmente diferente do que saiu nas telonas. E o único sinal que recebemos foi um cartaz no dia da mentira.

A depressão aqui pode ser considerada a falta de comunicação do estúdio sobre planos da sequência de Liga da Justiça. Caso a Warner não faça nada e siga outro rumo – o que aparentemente foi a escolha feita -, muita gente vai ficar chateada, se já não está, com essa situação. E, provavelmente, parte dos fãs, a parte que não aceita nada e reage como uma criança mimada, viverá sempre na fase da raiva. A outra, terá que encontrar um meio de chegar na quinta e última fase: a aceitação.

A aceitação é a fase mais complicada do luto, e varia muito de pessoa para pessoa. Uns chegam nela bem fácil, outros levam muito tempo para aceitar uma tragédia, perda ou a não-realização de um sonho. O sonho aqui é o Snyder Cut, uma versão totalmente diferente do que foi entregue, de um produto que não foi bem aceito por parte da clientela, que se mata em discussões e brigas por um produto que, até agora, só existe no mundo das ideias. Aparentemente, a aceitação só deve vir de duas maneiras: ou o Snyder Cut realmente existe, e a Warner irá divulgar a versão do diretor um dia, ou o estudo fará algo tão bom, mas tão bom, que faça o fã esquecer que Liga da Justiça aconteceu. Até lá, o fã viverá na fase da depressão.

Confira abaixo nossa lista sobre o Snyder Cut. Ela só não agrada todo mundo…