Era uma Vez… em Hollywood: O que é verdade e o que é ficção no filme de Quentin Tarantino

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Era uma Vez… em Hollywood: O que é verdade e o que é ficção no filme de Quentin Tarantino

Por Jaqueline Sousa

Quentin Tarantino é um verdadeiro entusiasta da sétima arte. Com produções consagradas no currículo, como Pulp Fiction e Kill Bill, o diretor sempre demonstrou sua paixão pelo cinema por meio de seu trabalho. O mais recente foi Era Uma Vez… em Hollywood, de 2019, estrelado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie.

Ambientado na década de 1960, o longa acompanha o astro de televisão Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), um homem frustrado com os rumos de sua carreira e que, com a ajuda de Cliff Booth (Brad Pitt), seu dublê, tenta dar a volta por cima.

Diante de uma Los Angeles em constante transformação, Tarantino mistura ficção e realidade num enredo melancólico, mas sem deixar de lado aquela energia explosiva característica de seus filmes. Sendo assim, se você já assistiu ao longa, provavelmente deve ter notado acontecimentos e figuras bastante familiares. Isso porque, apesar de ser ficcionalizado, alguns elementos foram baseados em fatos da vida real. Nesta lista, reunimos o que aconteceu de verdade e o que foi inventado em Era Uma Vez… em Hollywood!

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Rick Dalton e Cliff Booth, protagonistas de Era Uma Vez... em Hollywood, realmente existiram?

Mesmo que o filme tenha alguns personagens que, de fato, existiram, Rick Dalton e Cliff Booth não fazem parte desse grupo. No entanto, o astro de televisão, vivido por DiCaprio, pode servir como um amálgama para diversos atores da época, principalmente aqueles envolvidos em produções de faroeste.

Em entrevista ao Esquire, em 2019, Tarantino revelou que se inspirou em estrelas da década de 1950 e 1960 para criar Dalton, citando nomes como George Maharis, Ty Hardin, Edd Byrnes, Tab Hunter e Vince Edwards. E o programa pelo qual o personagem ficou famoso? Bounty Law é totalmente fictício.

Já em relação ao fiel dublê de Dalton, Cliff Booth, interpretado por Brad Pitt no longa, há um paralelo bem similar com a vida de Hal Needham, que era o dublê do ator Burt Reynolds. Além de colegas de trabalho, ambos também eram amigos fora dos bastidores de filmagens e, segundo informações da Vulture, até moraram juntos durante cinco anos.

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A atriz em ascensão Sharon Tate e o cineasta Roman Polanski

Assim como em Era Uma vez… em Hollywood, Sharon Tate e Roman Polanski foram realmente casados, entre os anos de 1968 e 1969, e vários elementos da vida do casal estão presentes no filme de Tarantino.

No longa, Tate, interpretada por Margot Robbie, é apresentada como uma atriz em ascensão que é vizinha de Rick Dalton. Com exceção da presença do personagem de DiCaprio como o cara da porta ao lado, Sharon realmente estava ganhando espaço na indústria cinematográfica na década de 1960, sendo mais conhecida por O Vale das Bonecas (1967).

Outra produção em que Tate esteve presente foi Arma Secreta contra Matt Helm (1968), longa que aparece na história de Tarantino durante a cena em que a atriz vai até o cinema para assistir ao filme. Esse foi um dos últimos trabalhos em vida de Sharon Tate, já que ela foi assassinada em 1969 pela seita de Charles Manson.

Roman Polanski, como em Era Uma Vez…, é o cineasta responsável por comandar o clássico de horror O Bebê de Rosemary (1968). Em 2018, ele foi expulso da Academia de Hollywood por causa de acusações de assédio e abuso sexual. Tais denúncias ocorrem desde 1979, quando Polanski foi declarado culpado por estupro de incapaz. Com a sentença, o diretor partiu dos Estados Unidos e agora vive intercalando entre França, lugar onde nasceu, e a Polônia.

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A rua Cielo Drive

A rua em que Rick Dalton mora no filme de Tarantino realmente existe. A Cielo Drive fica em Los Angeles (EUA), e também foi o local onde Sharon Tate e Roman Polanski alugaram uma mansão na década de 1960, depois de se casarem.

O endereço ganhou fama na mídia, mas de um jeito negativo: este foi o lugar onde ocorreram os assassinatos da atriz e de mais cinco pessoas pelos seguidores de Charles Manson, tragédia que chocou o mundo na época.

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A representação de Bruce Lee

Outra figura ilustre do longa é o lendário Bruce Lee. Na trama, ele é interpretado por Mike Moh, que faz uma breve aparição como o ator durante duas cenas de flashbacks. Uma delas, é uma lembrança de Cliff Booth, quando o dublê encontrou o astro nos bastidores de uma produção.

Essa cena foi bastante criticada no período de lançamento do filme, já que apresentava um Bruce Lee arrogante e exibicionista, gerando até mesmo uma troca de farpas entre Shannon Lee, filha do especialista em artes marciais, e Tarantino.

O outro flashback envolve a atriz Sharon Tate, enquanto ela relembra seu treinamento para o filme de espionagem Arma Secreta contra Matt Helm. A breve cena mostra Lee orientando a atriz, o que de fato aconteceu na vida real, segundo informações do The Wrap. A dupla se conheceu por intermédio de Jay Sebring, ex-namorado de Tate e que também está presente no filme.

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A Família Manson

Apesar de não ser o foco do filme de Tarantino, a trama é ambientada durante o período em que Charles Manson orquestrou o assassinato de moradores da Cielo Drive, durante o final da década de 1960. O criminoso liderava uma seita chamada Família Manson, que contava com cerca de 100 integrantes.

Alguns dos seguidores que aparecem no filme realmente existiram ou foram inspirados em pessoas reais. Pussycat (Margaret Qualley), por exemplo, não existiu, mas pode ter sido baseada em Kathryn Lutesinger, que posteriormente ajudou nas investigações do crime. Já a personagem de Dakota Fanning, a Squeaky, é uma referência à outra devota de Manson chamada Lynette "Squeaky" Fromme.

O personagem de Austin Butler também foi inspirado em uma pessoa real: Tex Watson, membro da Família Manson que participou do assassinato de Sharon Tate e seus convidados, em 1969.

Ao lado dele, no filme, estavam presentes Susan Atkins (Mikey Madison), Patricia Krenwinkel (Madisen Beaty) e Linda Kasabian (Maya Hawke). Todas realmente estavam presentes na noite dos assassinatos. A única exceção é que a personagem de Hawke não desistiu do crime: na vida real, ela foi a vigia do grupo.

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E o Spahn's Movie Ranch?

Pode até parecer mentira, mas o Spahn Movie Ranch é um local que realmente existe. Aqui, a ficção imita a realidade, já que o rancho foi a moradia do criminoso Charles Manson e dos integrantes de sua seita, durante os anos 1960.

Mas antes de ser invadido pela seita, o Spahn Ranch era usado como locação para vários filmes de faroeste e séries de televisão, como Bonanza e Zorro. O dono, George Spahn, comandava o lugar até que a família Manson apareceu oferecendo ajuda nas tarefas domésticas em troca de abrigo.

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O que realmente aconteceu na noite de 8 de agosto de 1969?

Em 8 de agosto de 1969, Sharon Tate e mais cinco pessoas foram cruelmente assassinadas por membros da Família Manson, na Cielo Drive. Além da atriz, que estava grávida de quase nove meses do diretor Roman Polanski, Jay Sebring, Wojtek Frykowski, Abigail Folger e Steven Parent foram mortos. Ainda nesta mesma noite, os membros da seita de Manson assassinaram o casal Rosemary e Leno La Bianca. Posteriormente, todos os envolvidos, inclusive Charles Manson, foram condenados culpados pelo crime.

Se você assistiu ao filme, percebeu que nada disso apareceu em Era Uma Vez… em Hollywood. A conclusão do longa é bastante diferente do que aconteceu na vida real: os assassinos invadem a mansão de Rick Dalton, que está tranquilamente descansando em sua piscina. Ali, eles são confrontados por Cliff Booth, onde uma luta bem sangrenta se inicia e o trio acaba sendo morto pelo dublê, com a ajuda de seu cachorro. Depois da batalha final, Sharon Tate e seus amigos continuam vivos e até mesmo conversam com Dalton sobre a invasão.

E aí, você sabia o que era fato e o que era ficção em Era Uma Vez… em Hollywood? O que achou do filme de Tarantino? Comente!