Babilônia: Entenda como foi a transição do cinema mudo para o falado, contexto presente no novo filme de Margot Robbie

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Babilônia: Entenda como foi a transição do cinema mudo para o falado, contexto presente no novo filme de Margot Robbie

Por Jaqueline Sousa

Festas extravagantes, um mundo de excessos e situações estapafúrdias. São esses elementos e muito mais que você vai encontrar em Babilônia, o novo filme do diretor Damien Chazelle que chega aos cinemas brasileiros no dia 19 de janeiro. Estrelado por Margot Robbie, Brad Pitt e Diego Calva, o longa promete marcar presença na atual temporada de premiações da sétima arte devido a suas performances grandiosas e aos visuais impressionantes.

Ambientado em Los Angeles, Babilônia acompanha a ascensão e a decadência de profissionais de Hollywood durante o final da década de 1920 e o início dos anos 30. Isso porque foi nesse período que o cinema passou por uma transformação revolucionária: o cinema mudo passou a ser falado, o que resultou em diversas mudanças na indústria cinematográfica e em uma crise que abalou as carreiras de muitos atores da época.

Pensando nisso, e para te ajudar a entender mais sobre o contexto apresentado no filme de Damien Chazelle, hoje nós vamos te explicar como foi a transição das produções silenciosas para os filmes falados e como Hollywood lidou com tantas transformações no período!

A era do cinema mudo

Babilônia retrata a ascensão e a decadência de atores durante a transição do cinema mudo para as produções faladas.

Quem diria que uma sequência de imagens de um trem chegando em uma estação poderia mudar a indústria do entretenimento para sempre? Quando os Irmãos Lumière apresentaram A Chegada do Trem na Estação, um de seus primeiros filmes, ao público, no início de 1896, o cinema dava seus primeiros passos para se tornar aquilo que conhecemos hoje em dia.

Nascida a partir de uma perspectiva documental, a sétima arte passou por algumas mudanças até ganhar um caráter ficcional. De Eadweard Muybridge, com sua revolucionária sequência de fotos animadas The Horse in Motion, a Georges Méliès e D. W. Griffith, o formato narrativo foi tomando forma aos poucos, e o cinema mudo por si só começou a transformar Hollywood em uma indústria extremamente lucrativa e rentável.

Charles Chaplin, um dos maiores ícones da história de Hollywood, em O Garoto, filme que faz parte da era do cinema mudo.

Como o próprio nome já diz, o cinema mudo era composto de produções sem diálogos audíveis. Os atores, então, apostavam em atuações mais expressivas e caricatas para conseguir cativar a atenção do público, contando com a ajuda de intertítulos que ajudavam a criar a narrativa do filme apresentado.

Mas as exibições das produções não eram um completo silêncio, já que pequenas orquestras as acompanhavam ao vivo. Assim, a música era um elemento fundamental na época, sendo um excelente recurso para ajudar a contextualização da obra.

Essa era de ouro do período aconteceu entre o final de 1890 até 1920, uma época em que o cinema mudo amadureceu seus formatos e entregou longas como Ben-Hur (1925) e O Garoto (1921), em Hollywood, e outros ao redor do mundo, como os filmes Metrópolis (1927) e O Gabinete do Dr. Caligari (1920), dois grandes representantes do expressionismo alemão.

O primeiro filme falado de Hollywood

A era do cinema mudo garantiu diversos avanços à linguagem cinematográfica, mas tudo se transformou ainda mais quando a Warner Bros. lançou O Cantor de Jazz, em 1927.

Considerado o primeiro filme com áudio sincronizado de Hollywood, o longa-metragem praticamente revolucionou a indústria por incluir o som nas produções, que passaram a ser faladas e cantadas a partir de então. Logo, os famosos “talkies”, nomenclatura em inglês utilizada para se referir às produções faladas, dominaram todas as esferas do ramo por causa do sucesso comercial de O Cantor de Jazz.

O Cantor de Jazz foi o primeiro filme falado de Hollywood.

Dirigido por Alan Crosland, o filme foi protagonizado por Al Jolson e acompanha a jornada de Jakie Rabinowitz, um homem que precisa enfrentar a tradição familiar para realizar seu sonho de se tornar um cantor de jazz.

Quando Hollywood aprendeu a falar e cantar

A transição do cinema mudo para o falado aconteceu entre o final dos anos 20 até o começo da década de 1930. Foi um período repleto de mudanças gradativas, principalmente por causa das reestruturações que a indústria enfrentou para se adequar ao novo formato. A partir disso, sons sincronizados e o famigerado playback não demoraram muito para se tornar realidade em Hollywood.

Na época, dois gêneros levaram vantagem nessa leva de modificações: os faroestes e os musicais, que se aproveitaram das maravilhas proporcionadas pela tecnologia inovadora para incrementar suas produções. Assim, enquanto os faroestes contavam com barulhos de tiros e gritos entusiasmados, os musicais, claro, tinham canções audíveis.

A título de curiosidade, de acordo com o The New York Times nos primórdios do cinema falado, a produção de filmes musicais era tanta que chegou a saturar a indústria. Cansados de produções cantadas, alguns cinemas até deixavam claro que certos filmes não eram musicais para atrair o público de volta.

Em Babilônia, Margot Robbie interpreta uma atriz em ascensão durante a transição do cinema mudo para o falado.

Além disso, com a popularidade das produções faladas, os estúdios, então, começaram a analisar quais atores conseguiriam superar essa fase de transição. Isso porque, com a introdução do som sincronizado no cinema, as performances expressivas, por exemplo, foram perdendo espaço, já que os diálogos falados davam conta do recado no entendimento da história que estava sendo contada.

Assim, grandes atores da era de ouro do cinema mudo, como John Gilbert, enfrentaram diversos problemas para conseguir se encaixar nos requisitos do novo formato. Tudo era avaliado, desde o tom de voz até a postura em frente às câmeras, que agora precisava se adequar aos aparatos necessários para captar o som no estúdio.

John Gilbert (esq.) e Norma Talmadge (dir.) foram dois ícones do cinema mudo que enfrentaram dificuldades após a transição de formato.

A atriz Norma Talmadge é um grande exemplo disso. Talmadge foi uma das grandes estrelas de Hollywood no cinema mudo, mas não conseguiu repetir o sucesso quando as produções faladas dominaram os quatro cantos da indústria. Ela até tentou transitar para o novo estilo, mas não foi bem-sucedida na tarefa.

Atores consagrados do cinema mudo como Harold Lloyd, Lillian Gish e Gloria Swanson também enfrentaram alguns obstáculos nessa jornada. Mas isso não era regra, já que muitos profissionais da época conseguiram passar pela “crise” sem grandes problemas: as atrizes Clara Bow e Greta Garbo, por exemplo, foram grandes estrelas em ambos os formatos.

Babilônia estreia no dia 19 de janeiro nos cinemas brasileiros.

E é esse cenário de incertezas e extravagâncias que Babilônia apresenta ao público, seguindo a perspectiva de seus três protagonistas — Nellie LaRoy (Margot Robbie), Manny Torres (Diego Calva) e Jack Conrad (Brad Pritt). Em uma Hollywood em constante transformação, a obra de Chazelle mostra como tais mudanças afetaram as vivências dos envolvidos durante uma das épocas mais importantes da história do cinema.

Babilônia estreia no dia 19 de janeiro de 2023 exclusivamente nos cinemas brasileiros.

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