Review: Mulher-Hulk 1×08 – Coaxando e saltando

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Review: Mulher-Hulk 1×08 – Coaxando e saltando

Por Junno Sena

O Universo Cinematográfico da Marvel ficou conhecido por ser uma mistura de gêneros. Comédia, ação, aventura e, às vezes, até musical. Todos esses mundos se chocam para criar produções como Gavião Arqueiro, Guardiões da Galáxia e Ms. Marvel. Em Coaxando e Saltando, oitavo episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, temos a verdadeira mistureba de gêneros que alguns estavam esperando.

Dando início com um herói às avessas, que é a síntese de tudo o que o vilão Killmonger abomina, entramos mais uma vez na corte judicial de Mulher-Hulk. Sem grandes reviravoltas, o encontro do século dá início: Matt Murdock conhece Jennifer Walters. Ou como diria Hitchcock, “garoto conhece garota, perde garota, conhece garota novamente e a perde de novo”

Charlie Cox retorna como Demolidor em oitavo episódio

Aqui, Jennifer se torna a protagonista de mais uma comédia romântica. Depois do fiasco do último relacionamento, Mulher-Hulk deixa o diabão entrar em sua vida com um sorriso torto e carisma contagiante. Charlie Cox, novamente, mostra o porquê de ser a melhor personificação do personagem em live-action.

O talento e gingado do ator é tanto que poderia roubar o episódio para si, algo pelo qual tinha receio desde o primeiro vislumbre do novo traje do personagem nas prévias promocionais. Curiosamente, sorrisos e flertes não foram capazes de roubar a cena de Tatiana Maslany.

E para se compreender isso, é preciso retomar a construção do mundo de Mulher-Hulk. Para sair com êxito nessa tarefa, é preciso um bom balanceamento entre o cotidiano e a ação. Entre o heroísmo das ruas e a vida de tribunal. Mal executado, isso pode se tornar uma salada de gosto duvidoso. Porém, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis mostra nesse episódio que é possível ter o “melhor de dois mundos”, como diria Jenn. 

Relacionamento de Matt e Jenn é um dos pontos altos do episódio

O que se espelha em gênero, número e grau na relação de Jenn e Matt. Em outras palavras, tudo mostrado na série é mediano. As tramas judiciais são rasas, por que esse não é o foco. Os momentos de ação são rápidos, pois também não é o foco. E, com tantas notas 7, Mulher-Hulk consegue consagrar um belo 10. Que utiliza de participações especiais por ser divertido e não por que é necessário.

Chega a ser lamentável pensar que teremos apenas nove episódios. Em um período um pouco maior do que dois meses, a criadora Jessica Gao conseguiu desenvolver um universo tão rico que irá deixar saudades. Com um roteiro sagaz, Gao trabalhou a raiva de Jennifer sobre o mundo, mas sem esquecer da sua estrutura: a de uma Hulk divertida.

Olhar o “Anteriormente na minha série…” é encontrar a síntese dos quadrinhos de Dan Slott. O descuido de Jenn em levantar carros e destruir patrimônio público e privado, as piadas ácidas. Tudo está presente e claro em toda a série, mas especialmente neste oitavo episódio. 

Ainda com Charlie Cox, Tatiana Maslany consegue brilhar no episódio

Incluindo umas cenas “quentes” entre Matt e Jenn. Outro ponto que havia me deixado preocupado era até onde ousariam dar uma vida sexualmente ativa a Mulher-Hulk. Existem diversas cenas de Jenn compartilhando a cama com diferentes homens nos quadrinhos, então me pareceu oportuno perguntar: Seria Jenn capaz de quebrar a tradição do ‘super-heróis não fazem sexo’?

A resposta foi felizmente um “sim!”. Não apenas quando falamos dos seus casos românticos anteriores, mas com o próprio Matt. O envolvimento dos dois não foi recheado de significado como com Elektra e Matt na série Demolidor, nem a possibilidade de um relacionamento profundo. Foi apenas sexo e diversão.

Parafraseando Jennifer, “foi um jeito muito satisfatório” em se encaminhar para o fim do episódio. Infelizmente, a trama seguinte também trazia sexo como centro e de uma forma revoltante. A cena final em que a intimidade de Jennifer é exposta de forma tão violenta e crua é incômoda como deve ser. 

Último episódio promete trazer conversas sérias

Ver o cuidado de Gao com essa introdução deixa um sabor menos amargo dos inconvenientes que Jenn enfrentará e nos engaja para o assunto. Todos os dias, diversas mulheres passam por casos de vazamento de vídeos e fotos íntimas. 

Ter um momento separado para tratar disso em uma série da Disney+ chega a ser revolucionário. O que posso esperar desse episódio final é muita gritaria e mais um monólogo pesado dado por Maslany. E, sinceramente? Não me veria pedindo nada além disso de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis.

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