Gravity Falls: Criador revela preocupações ridículas da Disney para manter programa “familiar”

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Gravity Falls: Criador revela preocupações ridículas da Disney para manter programa “familiar”

Por Junno Sena

As polêmicas ao redor da Disney e a comunidade LGBTQIA+ não são novidade. Desde as censuras que filmes da Marvel sofreram, até o boicote contra a empresa devido ao projeto de lei “Don’t Say Gay” e o recente beijo lésbico em Lightyear, que quase foi censurado, é difícil não ter um dia que surge algo novo contra a empresa. Agora, Alex Hirsch, criador de Gravity Falls, divulgou nesta quinta-feira (16) algumas conversas que teve por e-mail com os associados da Disney e suas preocupações para manter o programa “familiar”.

Com uma thread em seu Twitter, Hirsch compartilhou alguns vídeos com narração e prints de e-mails que trocou com a empresa durante o desenvolvimento de Gravity Falls. Vale lembrar que a animação foi um dos sucessos da Disney, assim como A Casa da Coruja, mas isso não impediu que ambas as produções sofressem boicotes. Como ressalta Hirsch, a empresa teve “preocupações ridículas” em relação a diálogos, cenários e cenas específicas, além da representatividade LGBTQIA+.

Veja o post abaixo:

Entre alguns apontamentos curiosos, os associados da Disney comentaram que o termo “hoo-ha” deveria ser retirado do roteiro pois era, supostamente, uma gíria para “vagina”. Outra pede para que Alex revise uma estampa da camisa de um personagem pois o que está escrito nela, “Chub Pub”, de acordo com eles, tinha uma conotação sexual.

Para tentar deixar ainda mais claro como essas alterações não faziam sentido, Alex publicou como uma das cenas ficou após a censura. Durante apenas dois segundos, vemos que, mesmo se não houvesse sido modificado, não haveria brecha para ter uma segunda interpretação.

“Por favor, revise a frase ‘Havia um homem de Kentucky”, estamos preocupados com as rimas não seguras que podem surgir dela”, diz o vídeo se referindo ao final da palavra “Kentucky”, “ucky”, que poderia rimar com o palavrão “fuck”. Alex, para explicar sua escolha, ainda lembra que a rima que utiliza a palavra “fuck” é “Man from Nantucket”.

Outro destaque fica para uma cena em que Mabel viajou no tempo e comentou que queria colocar dois dodos, pássaros extintos, para ficarem juntos e assim, no futuro, não serem extintos. De acordo com os associados, a cena era “muito adulta para o público”.

Sem contar o relacionamento entre os policiais Blubs e Durland. Ao fim da animação, fica subentendido que os dois eram um casal, mas a preocupação da Disney surgiu bem antes, com uma simples cena de afeto:

Do lado direito, o pedido de revisão e, ao lado esquerdo, os personagens Blubs e Durland

“Por favor, revise a cena em que Blubs coloca seu braço ao redor de Durland. Como dissemos anteriormente, sua relação afetiva deve se manter em um tom cômico e não um flerte”, diz o pedido de revisão.

Alex ainda comentou que, provavelmente, não deveria divulgar tais informações. Porém, com as polêmicas recentes ao redor do cancelamento de A Casa da Coruja — famosa por seu casal LGBT — e o aniversário de 10 anos de Gravity Falls, o movimento do criador se tornou necessário.

Gravity Falls marcou a televisão não apenas pelos seus personagens cativantes, mas por conseguir balancear uma narrativa infantil com uma trama elaborada e sombria que conseguiu conquistar todas as faixas etárias. Nela, seguimos Mabel e Dipper, dois irmãos que vão passar o verão com o “tio Stan”, um homem velho que possui uma loja de objetos místicos. Mal sabem eles que a cidade onde foram parar é lar de diversas criaturas sobrenaturais.

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