Diretores de documentário sobre DC Comics revelam o que novo DC Studios precisa fazer para um futuro de sucesso

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Diretores de documentário sobre DC Comics revelam o que novo DC Studios precisa fazer para um futuro de sucesso

Por Gabriel Mattos

Após uma série de fracassos no cinema, a pressão para que o planejamento de James Gunn e Peter Saffran para o futuro da DC Studios funcione é maior que nunca. Entretanto, pode haver um caminho secreto garantido para o sucesso caso eles conheçam bem a história da empresa. Pelo menos é o que pensam Leslie Iwerks e Mark Catalena, diretores do documentário Superpoderosos: A História da DC, que estreou no HBO Max no dia 20 de julho.

Histórias que importam

Entender a trajetória dos quadrinhos é importante para entender como replicar sucesso no cinema(C. DC Comics)

Em entrevista à Legião dos Heróis, a dupla de renomados cineastas conversou sobre as lições que aprenderam sobre a empresa após entrevistarem mais de 60 profissionais do mundo criativo que fizeram parte da história da DC Comics. E para Leslie, analisar com calma exatamente os erros e acertos dessa trajetória da empresa nos cinemas será crucial para acertar o tom do novo Universo DC.

“Para mim é entender de onde a DC veio e o que funcionou ao longo do tempo e o que não funcionou e o porquê. Realmente entender isso. E também sempre ver mudança como algo bem-vindo, em relação ao mundo ao nosso redor e vendo como esses personagens refletem a cultura e como a cultura impacta esses personagens nas histórias,” reflete Iwerks.

Mark e Leslie, diretores de Superpoderosos

No documentário, a dupla mostrou como uma resistência inicial em incorporar diversidade e questões relevantes a sociedade levou a DC Comics a perder espaço no mercado para a Marvel Comics e, posteriormente, até para rivais menores como a Image Comics, de Jim Lee. Com o tempo, a editora acabou abrindo espaço para mais talentos negros, com a Milestone Comics do Super Choque, e trouxe Lee como principal editor, com um olhar mais amplo para a empresa.

“Tudo começa com pessoas diferentes crescendo nos bastidores, sabe? E o grande nome é Jim Lee. Ele dizia ‘Eu quero fazer disso uma prioridade’ E todas as pessoas que eles recrutaram, eu acho que foi uma grande missão para eles. [Seguir o lema:] ‘O mundo é um grande lugar. Vamos incluir todo mundo. E não apenas representar, mas deixar que vozes autenticas sejam quem vão contar essas histórias’,” revela Catalena.

Para o diretor, a melhores entrevistas do projeto envolvem criadores negros contando as suas experiências na DC Comics. Iwerks ainda acrescenta que a próprio política sempre moldou as histórias que eram contadas pela DC Comics, o que não pode ser ignorado pela nova gestão.

“A história de personagens marginalizados e das pessoas representadas nessas páginas têm sido importantes para eles o tempo inteiro. E você começa a ver meio que durante a [Segunda] Guerra, depois da guerra, a Guerra do Vietnã, toda a era dos direitos civis… Você vê nos quadrinhos da Vertigo, The Invisibles, a primeira heroína drag queen nos anos 90… As pessoas conseguem se enxergar nas páginas desses quadrinhos e isso era o necessário e importante para a DC enquanto cresciam,” relembra Iwerks.

The Invisibles, de Grant Morrison, era tão transgressora quanto as demais histórias da Vertigos (C. DC)

Mark Catalena comenta ainda que essas mudanças sempre acabam irritando uma parte pequena e vocal dos fãs, mas que Gunn deveria continuar seguindo a política que a DC Comics empregou ao longo dos anos.

“Eu sinto que a DC não cede. Eles não ligam. Eles não escutam esse barulho. Eles sabem qual é o lado certo da história e vão continuar. O que eu acho admirável,” confessa. “Esses personagens sempre estiveram envolvidos em questões sociais. Eles sempre foram políticos. Não é algo novo. Contudo, sempre dá para fazer mais. Eu acho que há muito que melhorar e eles não tem medo de seguir por esse caminho, o que eu acho ótimo.”

Escolher os personagens certos

Mulher-Gavião será uma das primeiras heroínas do DCU (C. DC)

Considerando os nomes anunciados para o elenco de Superman: Legacy, podemos ver algum nível de reflexão social com a introdução de Isabela Merced, uma atriz latina, como Mulher-Gavião. Ela é apenas uma das heroínas confirmadas no primeiro filme desta nova saga e, para Leslie Iwerks, escolher os personagens certos para essa nova etapa também é algo que pode fazer a diferença.

“[Ver] quais personagens estão mais populares e os personagens que podem encontrar um novo público que talvez não tenham encontrado seu nicho antes. Usar tecnologia e novas formas de efeitos visuais, mas no final do dia, garantir uma boa história e coração. Isso que realmente conecta com as pessoas,” diz.

Nathan Fillion, de Guardiões da Galáxia Vol. 3, estará em Superman Legacy como Guy Gardner, o Lanterna Verde (C. Marvel)

Nesse sentido, ambos concordam que James Gunn é o nome certo para encontrar a harmonia certa entre as diferentes histórias da primeira fase do DC Studios, chamada Gods and Monsters, devido à sua experiência com a trilogia Guardiões da Galáxia.

“Se tem alguém que consegue é o James Gunn… E [Peter] Saffran.” concorda Mark, “Conseguiu mostrar isso nos seus filmes da Marvel, equilibrando o humor, os sentimentos, a ação, sabe? É isso que precisa. E outra coisa que ele vem fazendo, que nunca foi feita antes… Ele está mergulhando no fato de que essas histórias, essas personagens, todas vieram dos quadrinhos. Ele está apontando a gente de volta para os quadrinhos. O que eu acho que foi uma grande oportunidade perdida no passado que ele está abraçando porque também é um fã.”

Ao anunciar os primeiros filmes e séries que fariam parte do Universo DC, James Gunn também divulgou a lista exata dos quadrinhos que serão cruciais para entender suas histórias. Não é algo completamente inédito na indústria — o próprio Matt Reeves não escondeu suas influências para Batman — mas certamente Gunn é quem fez isso com maior transparência, sem medo de assumir que estas histórias surgiram e ganharam vida nos quadrinhos.

Para entender um pouco melhor o que rolou nos quase 80 anos da editora, vale a pena conferir a série documental de três episódios Superpoderosos: A História da DC, disponível no HBO Max.

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