Andor: Assistimos aos quatro primeiros episódios da nova série de Star Wars

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Andor: Assistimos aos quatro primeiros episódios da nova série de Star Wars

Por Gabriel Mattos

A era Disney da franquia Star Wars foi cheia de altos e baixos, especialmente nos cinemas. Depois de tanta expectativa, a nova trilogia dividiu o público, mas um filme independente lançado entre eles acabou conquistando aclamação geral: Rogue One – Uma história Star Wars. Agora, a Disney decidiu repetir a aposta arriscada com a série derivada, Andor.

Estrelada pelo personagem homônimo, o novo seriado leva Diego Luna para os primórdios da Aliança Rebelde em uma história diferente de tudo que Star Wars já tentou. A convite da Disney, assistimos aos quatro primeiros episódios da produção e, sem muitos spoilers, contamos o que você pode esperar.

O lado cinzento da galáxia

Esqueça toda aquela disputa simplista de bem contra o mal, jedi contra sith… Essa briga acontece a anos-luz de distância das pessoas comuns, do dia-a-dia da galáxia, que é exatamente o que Andor está interessada em retratar. Chega de Tatooine pela vigésima vez — a nova série está preocupada em explorar lugares novos para entender melhor como era a vida na Era do Império.

Quem leu os livros da franquia, muito bons por sinal, vai se sentir em casa. A atmosfera é muito mais cética, madura e menos fantasiosa e otimista do que de costume. Nem mesmo a estética é tão tradicional em relação ao que imaginamos ao pensar em Star Wars. O planeta de Cassian, por exemplo, tem ares de Inglaterra na Revolução Industrial, algo diferente de qualquer outro filme ou série. Ainda existem as naves e as mesmas armas, claro. Mas, nesse começo, não há sinal de stormtroopers ou nada muito familiar.

Longe do conhecido, resta explorar o novo e abrir a mente para uma história completamente inédita, com uma identidade própria. Nesse contexto, os três primeiros episódios são uma grande introdução a este universo e, ouso dizer, só funcionam bem juntos. É como se fosse um grande especial, como na época em que as grandes séries estreavam na TV e calhava de ter um episódio triplo, em três partes.

Andor é teimoso demais, criando certa antipatia.

Pois bem, mesmo com todos os esforços, a história começa arrastada, bem devagar. Andor é um protagonista difícil. Apesar de ser interessante ver um herói menos escrupuloso e mais egoísta, existe alguma coisa que não clica. Há uma resistência em se conectar com outros personagens e com o público, mas tem algo na atuação de Diego Luna que te prende e traz aquela sensação de que vale a pena continuar nessa jornada. E o quarto episódio comprova isso, mas não vamos nos apressar.

A trama começa a ganhar tração quando se torna uma caçada de gato e rato. De um lado, Andor procura um jeito de escapar de seus crimes com a ajuda de pessoas comuns. Do outro, um funcionário proativo de uma empresa privada de segurança está desesperado para mostrar serviço, obcecado em capturar o ladrão.

A dinâmica entre esses dois núcleos funciona muito bem, carregando os três primeiros episódios mesmo quando nenhum personagem se mostra particularmente carismático. E para atrapalhar, esse início ainda tem momentos de flashback que não acrescentam em muita coisa, quase como a primeira temporada de Arrow.

Segurança privada cria um novo tipo de vilão

E depois de dois episódios mornos, o arco inicial se conclui em uma clímax explosivo: literalmente. Andor precisa decidir o que lhe motiva, enquanto dribla a segurança em uma sequência absurda de cenas de ação. Deixa um gostinho de quero mais que vai ser muito bem aproveitado pelo quarto episódio, que só estreia semana que vem.

Nas próximas semanas..

Enquanto os três primeiros episódios servem apenas para construir uma motivação compreensível para Andor, o quarto episódio é quando as coisas verdadeiramente esquentam. Novos núcleos de personagem entram na história garantindo tramas muito mais empolgantes: um comitê do Império super competitivo e uma senadora traiçoeira.

O núcleo do Império traz um tempero necessário a essa mistura.

O lado do Império promete muita intriga, golpe baixo, falsidade e lavação de roupa suja — uma pegada bem Game of Thrones no espaço. O Império era um lugar hipercompetitivo, especialmente no seu auge e no setor de investigação. Todos ali querem mostrar serviço e não tem medo de puxar o tapete de ninguém para conseguir o que querem.

Neste episódio mesmo a sementinha da discórdia já foi plantada e há um choque de egos acontecendo que é bonito de ver. Nas outras séries e filmes, sempre tivemos um olhar bem mais distante do Império. Acho que a maior exceção foram as animações, que dificilmente trouxeram este olhar mais interno do andamento das coisas. Vai ser interessante ver o desenvolvimento desse núcleo ao longo da série.

Mon Mothma carrega a trama no lado político.

E a senadora traiçoeira também empolgou bastante, puxando o lado político de Star Wars para a história. Afinal, as discussões políticas e paralelos com disputas contra regimes autoritários são a metade do DNA da franquia. Para trazer uma visão mais interna da origem dos conflitos desse universo, a política não poderia ficar de fora.

Apenas na trilogia prequel, principalmente em O Ataque dos Clones, que os filmes trouxeram um olhar mais direto para o Senado. Mas isso tudo aconteceu ainda na época da República, antes de sua queda. Dessa vez, veremos como eram as votações e as maquinações para avançar pautas importantes para o povo no meio da ditadura, no meio do Império.

Ela está jogando um jogo perigoso, tentando ajudar o povo de dentro do sistema. E para isso, muita dissimulação e enganação acabada acontecendo. É um campo de batalha diferente do que estamos acostumados, onde palavras diplomáticas e segundas intenções bem escondidas são as principais armas para a vitória.

Núcleo dos rebeldes é o mais fraquinho.

Honestamente, as cenas de Andor nesse episódio foram as mais fracas de todos os núcleos. Ele continua não tendo um pingo de carisma, agindo como uma criança mimada no corpo de um velho ranzinza. Inseri-lo no meio de um elenco igualmente antipático não ajuda na situação.

Andor teve um começo bem promissor. Em uma franquia estagnada com sua própria evolução, sempre é bem-vinda uma história que sacode as estruturas do que é comum. E essa história tem esse potencial, de trazer para foco assuntos não tão explorados por Star Wars fora dos livros. Quem sabe, assim como Rogue One, essa não é a série que une o público?

Os três primeiros episódios de Andor chegam ao Disney+ dia 21 de setembro. Novos episódios chegam toda quarta-feira.

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