Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba 02×18 – Não importa quantas vezes eu precisar renascer

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Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba 02×18 – Não importa quantas vezes eu precisar renascer

Por Flávia Pedro

Atenção: Alerta de Spoilers!

A segunda temporada de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba chegou ao fim neste domingo (13/02) e, com isso, nos despedimos do Entertainment District Arc e dos personagens Uzui, Makio, Hinatsuro e Suma. Também demos adeus aos irmãos Daki e Gyutaro, que mesmo sendo personagens tão cruéis ao longo de todo o arco, levaram muitos fãs às lágrimas em seus últimos momentos. E é assim que essa temporada termina, após tantas cenas épicas de ação, voltamos a ter um foco dramático: o passado humano de Ume e Gyutaro.

Como o final da temporada já estava todo traçado, o que esse último episódio precisava fazer era apenas amarrar as pontas soltas do roteiro e conseguiu realizar isso muito bem. O estúdio que adapta a obra manteve a qualidade de animação, dublagem, trilha sonora, enquadramentos e paleta de cores nessa última apresentação, mesmo que dessa vez não tenhamos visto um espetáculo de explosões, respirações e combates. Pelo contrário, esse último episódio nos ofereceu drama e fechamento de ciclos.

Ao longo dessa temporada, houveram algumas cenas extras, inéditas para os leitores do mangá, que a Unfotable acrescentou para dar maior profundidade a história e isso não seria diferente neste episódio final.

Muitos fãs gostam bastante de como o estúdio está sempre adicionando novidades para melhorar a experiência sem fazer com que fique algo forçado, fora de contexto ou que diminua nossa imersão na história. Pelo contrário, parece que cada cena inédita contribui ainda mais para que cada episódio gere um misto de emoções. 

Como vimos no episódio anterior, após ser decapitado por Uzui e Tanjiro, Gyutaro executa um ataque final desesperado, na tentativa de matar aqueles que o derrotaram. Então, ele utiliza seu Kekkijutsu para explodir seu corpo e com isso levar junto uma grande área na explosão. 

Nezuko utilizando seu Kekkijutsu para anular a explosão de Gyutaro

Este episódio abre mostrando o que realmente aconteceu durante o momento da explosão: Nezuko saiu de sua caixa e, usando seu Kekkijutsu de chamas rosas, anulou a explosão de Gyutaro, sendo a responsável pela salvação de todos que ainda estavam no campo de batalha.

Tanjiro acorda no colo de Nezuko (agora em sua versão pequenina) e logo percebe como aquele Distrito, que antes era cheio de vida, luzes e pessoas, se tornou um amontoado de escombros. O garoto tenta se levantar para procurar seus amigos, mas seu corpo já não reage como antes, devido a exaustão, e Nezuko inverte os papéis, carregando seu maninho em suas costas na direção dos gritos de Zenitsu.

Zenitsu finalmente acordou e voltou a ser aquela criança escandalosa de sempre. Agora que está consciente, ele sente as dores de suas pernas quebradas e todo o seu corpo, que passou por poucas e boas. Quando Tanjiro e Nezuko o encontram, Zenitsu avisa que Inosuke está gravemente ferido, com batimentos cardíacos cada vez mais baixos. Mesmo sendo resistente a venenos, ele não era completamente imune e a inflamação causada pela toxina letal de Gyutaro já havia se espalhado consideravelmente.

As chamas rosas de Nezuko curando Inosuke

Nesse momento, temos mais uma prova de que Nezuko é uma oni diferente dos demais, pois seu Kekkijutsu tem a versatilidade de um potencial ofensivo, capaz de ferir e queimar outros onis, e defensivo, anulando as habilidades de outros de sua espécie. Ela envolve Inosuke com suas chamas, o que remove toda a inflamação e o garoto-javali acorda dizendo o mais óbvio: “Que fome! Me dê alguma coisa para comer!

Logo em seguida, o episódio foca no desfecho de Uzui, o carismático Hashira que conquistou a todos nesta temporada. Tanto o ninja quanto suas  esposas sobrevivem, mas Tengen aparenta estar em seus momentos finais. Ele quer fazer um discurso antes de morrer — óbvio que ele gostaria de ser extravagante em sua partida — mas Suma está tão desesperada gritando e chorando que o tempo passa espalhando o veneno até incapacitar o rapaz.

Então Nezuko “pitica” se aproxima de Uzui o envolvendo em suas chamas, para o desespero de suas esposas, principalmente Suma, que grita com a garotinha dizendo que “estava muito cedo para cremar ele“. É um momento cômico que desarma a tensão da despedida de um jeito elegante — afinal, o destino do personagem seria outro. Tengen logo percebe que foi curado e que o veneno todo sumiu de seu organismo, fazendo com que suas esposas se atirem em seus braços chorando e agradecendo que ele está bem.

Tanjiro conseguiu coletar o sangue da Lua Superior 6 para estudar na tentativa de encontrar uma cura para Nezuko

Após salvar seus amigos, Tanjiro vai em busca das duas cabeças decapitadas dos onis, afirmando que só se sentirá calmo quando ver que realmente chegou ao fim. Nezuko então o leva em suas costas, seguindo a direção que o olfato de Tanjiro apontou — sem deixar de coletar no caminho uma amostra de sangue dos onis superiores para mandar para a Sra. Tamayo, retomando a missão principal do protagonista estabelecida na primeira temporada. Todo esse sofrimento é em prol de encontrar uma cura para sua irmã, com a ajuda da bondosa mulher da temporada anterior.

Após enviar a amostra, os irmãos seguem em busca dos demônios e durante o caminho Tanjiro se sente aliviado ao perceber que toda a cidade havia sido evacuada por Makio e Suma. Quando finalmente encontra a cabeça da dupla, Tanjiro percebe que estão tendo uma briga séria, dizendo coisas horríveis um para o outro em seus momentos finais.

Se você acompanha Demon Slayer há algum tempo, deve ter entendido que Tanjiro nunca falha na hora de matar um demônio, mas ele continua sendo empático no momento de suas mortes. Sendo assim, o jovem se mantém fiel aos seus princípios, interrompendo a briga dos onis, colocando a mão na boca de Gyutaro, para que ele não falasse coisas tão cruéis das quais poderia se arrepender.

 

Momento em que Tanjiro sente empatia pelos dois demônios

 

 

Tanjiro não tem piedade dos irmãos, ele os odeia genuinamente por tudo o que fizeram, mas ainda assim tem um coração bom demais para ver dois irmãos se odiando daquela forma em seus últimos momentos. Como resposta, ele diz para os dois:

“É mentira… Na verdade, você não pensa isso. É tudo mentira. Façam as pazes… Vocês só tem um ao outro. Ninguém vai perdoar o que vocês fizeram. Serão odiados, desprezados e vão falar mal de vocês por causa das muitas pessoas que vocês mataram. Ninguém vai ficar do lado de vocês… Por isso, ao menos vocês dois… Vocês não podem xingar um ao outro.”

Essa cena da briga pode ser vista superficialmente, como dois irmãos brigando e realmente se odiando. Mas um olhar mais atento, com as lentes de empatia de Tanjiro, revela que ambos estão mentindo, se ofendendo para aliviar a dor. Enquanto Daki fala coisas horríveis, é nítido nos olhos de Gyutaro que ele está sendo profundamente magoado com tudo aquilo.

Gyutaro durante sua triste infância quando ainda era humano

A animação deixou a cena ainda mais pesada do que no mangá, graças ao efeito de fazer os olhos tremerem para que sentíssemos o quão doloroso estava sendo para os dois. Daki, por sua vez, chorava e olhava com olhos arregalados enquanto ouvia coisas horríveis do único ser que ela amava.

Ela é a primeira a desaparecer completamente, deixando Gyutaro gritando em sinal de desespero seu nome real de quando ela ainda era humana: Ume. Nesse momento, ele se lembra não só do verdadeiro nome de Daki, mas também de todo o seu passado doloroso.

Eles eram crianças pobres que viviam na parte mais humilde do Distrito do Entretenimento. Antes de nascer, sua mãe tentou abortar Gyutaro inúmeras vezes, o que justificaria as deformações agressivas do vilão. Mesmo após ter nascido, como dava muito gasto por ser uma criança e não trabalhar, sua mãe tentou matá-lo mais algumas vezes. Ele era motivo de chacota para todo o distrito, sempre sendo humilhado e agredido, se tornando cada vez mais amargurado.

Momento em que Gyutaro encontra Ume queimada e praticamente morta

Tudo ia de mal a pior até o nascimento de sua irmãzinha, Ume. Diferente de Gyutaro, que era feio, deformado, sujo e esquisito; Ume era um bebê lindo, com uma pele perfeita, cabelos brancos macios e olhos angelicais. A garotinha havia virado o orgulho de seu irmão mais velho e, como ele mesmo disse, ter uma irmã bonita havia acabado com seu complexo de inferioridade.

Após a morte de sua mãe, Gyutaro percebeu que era bom de briga e começou a trabalhar como cobrador, mas sempre agia de forma mais violenta que o necessário. Um certo dia, enquanto estava cobrando dívidas na cidade, algo horrível aconteceu: Ume ficou sozinha e foi emboscada, amarrada e queimada viva. Gyutaro chega a tempo de ver sua irmã ainda viva, mas não podia fazer mais nada por ela.

O assassinato brutal foi uma retaliação após Ume perfurar um olho de um samurai. Ume trabalhava como cortesã, mas o homem acabou passando dos limites com a menina, que reagiu. O samurai ainda tenta matar Gyutaro, a mando da dona do prostíbulo de Ume, mas acaba morto pelo garoto, assim como a dona do bordel. Ele sai do local com Ume nos braços numa tentativa desesperada de conseguir ajuda e é nesse momento que ele encontra um cara estranho.

Gyutaro e Ume aceitando seu destino e cumprindo sua promessa de sempre ficarem juntos

Esse “cara estranho” nada mais era que um Oni Superior que resolveu fazer uma proposta para o garoto: ou eles se transformavam em onis, ou ele devoraria tanto ele quanto sua irmã. Gyutaro aceita prontamente e de acordo com ele mesmo, não se arrepende de ter se transformado em oni e se pudesse, sempre escolheria ser um oni independente de quantas vezes renascesse. Porém, ele também escolheu esse futuro para sua irmãzinha e esse é seu maior arrependimento.

Gyutaro sabe que o que levou Ume (ou Daki) para o caminho errado foi sua influência sobre a garota desde pequena. Se ela nascesse em uma família estável, fosse criada em boas condições ou tivesse oportunidades, ela seria uma pessoa de bem e poderia ter um futuro digno: ser uma Oiran, se casar, constituir família…

Então somos levados a cena de despedida dos dois que é repleta de simbolismo. A tela é dividida entre luz e escuridão, onde Gyutaro está na parte das trevas e Ume na parte da luz. Gyutaro grita para que sua irmã não vá atrás dele, de forma bastante grosseira para incentivar que a garota o abandonasse. Ele insiste que ela precisa seguir seu próprio caminho na luz, mas para a sua surpresa, Ume lembra da promessa que fizeram um ao outro de sempre estarem juntos. E assim, emocionando o público, os dois vão para as chamas, simbolizando o castigo por tudo aquilo que fizeram em vida.

Obanai Iguro questionando Uzui

A próxima cena mostra Obanai Iguro, o Hashira das Serpentes, com uma breve participação especial para repreender Uzui. Primeiro porque ele sofreu muitos danos lutando contra “o oni superior mais fraco“, e segundo porque Uzui demonstrou interesse em se aposentar, mas Obanai quer que ele lute até a morte se for preciso. Iguro também ficou espantado ao saber que Tanjiro e os outros novatos sobreviveram. De acordo com Uzui, ele despreza bastante essa nova geração.

Nas cenas seguintes vemos Kagaya Ubuyashiki, o mestre da Demon Slayer Corps, comemorando o fato de que, depois de mais de 100 anos, uma Lua Superior foi morta e que essa seria a geração que derrotaria Muzan. Em seguida, vemos Akaza no Castelo Infinito constatando que alguns de seus companheiros demônios foi caçado.  Faziam 113 anos que Muzan não os reunia e isso não poderia ser um bom sinal, mas só saberemos o que será conversado nessa reunião numa terceira temporada.

Por fim tivemos duas cenas inéditas: Uzui com suas esposas comemorando o sucesso da missão e Tanjiro, Zenitsu, Inosuke e Nezuko abraçados comemorando que ficaram juntos e todos sobreviveram.

Momento em que Akaza entende que uma das Luas Superiores foi morta após 100 anos

E assim a segunda temporada de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba chega ao fim deixando nossos domingos um pouco mais sem graça. O que você achou desse último episódio e dessa temporada? Deixe sua opinião nos comentários!

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