[CRÍTICA] Sonic: O Filme é tudo o que os fãs queriam, mas não esperavam

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[CRÍTICA] Sonic: O Filme é tudo o que os fãs queriam, mas não esperavam

Por Raphael Martins

Quando o primeiro trailer de Sonic: O Filme foi divulgado no ano passado, se tornou o assunto mais comentado na internet por semanas, talvez até meses. Mas não exatamente pelos motivos que a Paramount Pictures esperava: tanto os fãs quanto quem nunca sequer segurou um controle de Mega Drive nas mãos rejeitaram fortemente o visual do ouriço, que, justiça seja feita, era mesmo bem bizarro e desagradável.

O negócio foi tão sério que o diretor do filme, Jeff Fowler, se retratou com o público, assumiu a culpa pelo ocorrido e prometeu que mudanças seriam feitas, mesmo que isso significasse o adiamento da estreia do filme. Alguns meses depois, um novo trailer foi apresentado, mostrando o visual atualizado do personagem, que foi muito elogiado e abraçado por seus fãs. O medo havia dado lugar à empolgação.

O filme estreou nos cinemas brasileiros no último dia 13 de fevereiro, mas e aí? Vale a pena conferir?

Ficha técnica

Título: Sonic: O Filme

 

Direção: Jeff Fowler

 

Roteiro: Pat Casey, Josh Miller

 

Ano: 2020

 

Data de lançamento: 13 de fevereiro de 2020 (Brasil)

 

Duração: 99 minutos

 

Sinopse: Sonic, o famoso personagem dos vídeo games, se une a um pacato policial de uma cidade pequena para voltar para seu lar antes que o malvado Dr. Robotnik o encontre e coloque seus amigos em perigo.

Sonic: O Filme foi uma produção cercada de temor de todos os lados. Havia medo por parte dos fãs do personagem, que não queriam ver mais uma adaptação de games frustrada, entre a produção do filme, que teve que se apressar para “consertar” as coisas à tempo, e principalmente entre os executivos da Paramount Pictures, que não queriam jogar milhões de dólares pela janela.

E como naqueles filmes em que tudo dá errado para depois dar certo, Sonic: O Filme consegue superar todos os problemas e ser uma ótima diversão, tanto para as crianças que estão começando a conhecer o personagem agora quanto entre os trintões que cresceram com o Master System ou o Mega Drive em casa, correndo em altas velocidades, coletando anéis e destruindo máquina após máquina do Dr. Robotnik.

O filme não segue muito a história dos jogos clássicos da série, não que haja muito o que seguir. Perseguido em seu mundo natal devido ao seu enorme poder, Sonic foge para o nosso mundo, onde permanece escondido na cidadezinha de Green Hills (olha a referência aí!) por dez anos. Após usar seus poderes destrutivos em um momento de frustração, o ouriço acaba chamando a atenção do governo, que aciona o genial, porém problemático doutor Ivo Robotnik (Jim Carrey) para descobrir a “ameaça” e neutralizá-la.

Sonic tenta escapar para outro planeta usando um de seus anéis, que no filme servem como uma espécie de portal para outros mundos, mas é encontrado antes pelo policial Tom (James Marsden), a quem pede ajuda. Os dois então partem em uma viagem para recuperar seus anéis perdidos acidentalmente após seu primeiro encontro caótico, enfrentando Robotnik e suas máquina do mal no caminho.

O que se segue é uma aventura leve, divertida e com muito coração, com Sonic – que tem a voz de Ben Scwartz nos Estados Unidos e de Manolo Rey no Brasil – e Tom desenvolvendo uma bela amizade ao longo do caminho entre uma confusão e outra. E confusão é o que não falta: além dos robôs de Robotnik, eles se metem em uma briga de bar, invadem um prédio, são confundidos com alienígenas e outras maluquices que a molecada vai adorar.

O Sonic do filme tem a mesma personalidade demonstrada nos jogos e dos desenhos animados, sem tirar nem pôr. Ele tem a mesma atitude rebelde, a sede por velocidade e aventura, um certo desprezo por regras e não gosta muito de ficar parado, estando sempre em um estado de eletricidade contagiante. O diferencial mesmo é que o filme adicionou uma camada mais emocional ao personagem, que se sente muito solitário e que deseja, do fundo de seu coração, um amigo de verdade, que ele finalmente encontra na figura de Tom, um legítimo cara boa praça que tem a vida que sempre quis, mas que sente que ainda lhe falta alguma coisa.

A relação entre Sonic e Tom, aliás, funciona muito bem. Os dois se estranham bastante no começo, mas o bom coração do policial fala mais alto e ele decide entrar de cabeça na jornada do ouriço azul. Eles até fazem uma lista de desejos, que tentam preencher durante toda a duração do filme. E essa amizade é todo o cerne da história, funcionando como uma via de mão dupla: Sonic tem o amigo que tanto queria e Tom tem a oportunidade de fazer mais do que remover calhas e tirar gatinhos de árvores. Créditos para James Marsden, que passa tanta pureza de coração em sua interpretação que a vontade que se tem é a de lhe dar um abraço.

Mas a jornada deles, embora cheia de momentos engraçados, é também cercada de perigos, na forma de Robotnik e seus robôs. O vilão é encarnado por um Jim Carrey em sua melhor forma, relembrando até alguns de seus grandes personagens dos anos 90, como Ace Ventura e o Máskara. Seu Robotnik é afetado, imprevisível, cheio de trejeitos, fala muito rápido e faz qualquer um cair na gargalhada sem muito esforço, principalmente as crianças, que não continham as risadas dentro do cinema. Se você é fã daquele Jim Carrey mais amalucado, tem tudo para amar sua versão do vilão dos games.

Mas eu sei o que vocês estão se perguntando: “e as referências aos games?” Bem, elas estão presentes durante todo o filme, algumas mais escancaradas, outras mais discretas, mas em grande quantidade.

Há a tribo dos Equidnas, de Sonic Adventure, o famoso cenário da primeira fase do game original, piadas tiradas diretamente do desenho dos anos 90, menções aos quadrinhos do personagem, referências ao game Sonic Unleashed e muito, muito mais. Os fãs do ouriço, conhecidos por formarem uma das fanbases mais dedicadas do mundo, vão se divertir muito destrinchando o filme e achando todos os easter eggs deixados lá pela produção. Até o infame meme do “SANIC” está presente!

Os créditos do filme por si só são uma enorme referência, lotados de lembranças de vários games da série, tudo animado naquela pixel art em 8 bits. Há inclusive duas cenas durante os créditos, e se você é um fã de Sonic e de seus personagens, não vai querer perder por nada no mundo.

Apesar da leveza do roteiro e da fofura de seu protagonista, Sonic: O Filme não sai muito do comum, se contentando apenas em ser um filme divertido e em passar valores como amizade e coragem para seu público alvo, que são as crianças. Se você não estiver esperando algo revolucionário, cheio de lore e com uma trama mais séria como as dos quadrinhos ou jogos mais atuais do personagem, vai gostar bastante do filme e vai querer de novo depois.

Sonic: O Filme faz o que se propõe com louvor: transportar o famoso ouriço supersônico da Sega para as telas do cinema na forma de uma boa aventura, com direito à cenas de slow motion mostrando toda sua velocidade, muitas máquinas do mal destruídas e um potencial enorme para virar uma nova franquia cinematográfica no futuro.

Vá ao cinema sem medo: o raio azul vai te fazer rir, se emocionar e sentir saudades das tardes na frente do Mega Drive, quando coletar anéis e não se afogar na fase da água eram a maior preocupação da sua vida. Gotta go fast!

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