Oscar: 12 vezes em que a premiação foi polêmica

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Oscar: 12 vezes em que a premiação foi polêmica

Por Gus Fiaux

No último domingo (27), tivemos a exibição da 94ª edição do Academy Awards, nosso conhecido Oscar. Entre muitos prêmios, a cerimônia ficou marcada por vários eventos e momentos bem controversos – como o infame tapão que Will Smith deu em Chris Rock. E pode ter sido surpresa para alguns, mas não é de hoje que o evento é marcado por cenas bem peculiares, inusitadas e polêmicas.

Desde esnobadas homéricas até apresentadores desconfortáveis, o Oscar já teve muitos e muitos momentos como os de ontem – embora talvez seja a primeira vez que alguém dá um tapa em outra pessoa no palco da premiação. Ainda assim, se você vive pelo caos e pela confusão, aqui separamos 12 momentos em que o Oscar já foi polêmico!

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Clássicos esnobados

Ao longo dos anos, o Academy Awards sempre representou o ápice da cultura cinematográfica norte-americana, premiando seus maiores sucessos. Porém, vez ou outra somos brindados com algum prêmio... questionável, para dizer o mínimo. E durante muitos anos, filmes muito mais merecedores foram deixados de lado em prol dessas vitórias inusitadas.

Existem muitos casos curiosos de esnobadas clássicas do Oscar, desde a infame vitória de Como Era Verde o Meu Vale, que concorria ao prêmio principal juntamente com Cidadão Kane, hoje tido como um dos filmes mais importantes de todos os tempos. Até mesmo a vitória de ... E O Vento Levou é criticada por quem acha que o vitorioso da 12ª edição deveria ter sido O Mágico de Oz.

Um caso recente que chamou muita atenção veio na 78ª edição do Oscar, em 2006. O favorito da noite era O Segredo de Brokeback Mountain, filme dirigido por Ang Lee, mas o vencedor acabou sendo Crash de Paul Haggis. Na época, muito se discutiu sobre como a Academia não queria dar o prêmio para um filme que tratasse de homossexualidade de forma explícita.

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Hattie McDaniel quase impedida de receber seu próprio Oscar

Filha de escravos libertos, Hattie McDaniel se tornaria um dos nomes mais importantes da história da premiação, por ter sido a primeira mulher negra a levar uma estatueta como Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em ... E O Vento Levou. Infelizmente, a atriz foi completamente humilhada graças à sociedade racista da época, devido às políticas separatistas entre os brancos e negros nos Estados Unidos.

Negra de pele retinta, Hattie teve que obter uma permissão especial para subir ao palco para pegar seu Oscar - e tudo isso porque o hotel onde a cerimônia era sediada tinha política abertamente anti-negros. Mesmo sendo convidada, ela teve que se sentar em uma pequena mesa isolada ao fundo, longe das outras celebridades, e só podia se expressar durante o recebimento do prêmio.

Antes de morrer, Hattie disse que gostaria que sua estatueta fosse dada de presente para a Universidade Howard, motivo pelo qual ela não está presente no Museu do Oscar, que conta com prêmios de outras celebridades falecidas.

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O Peladão

Em 1974, outra polêmica se abateu sob o Academy Awards, dessa vez em um dos momentos mais peculiares da história do prêmio. No evento, o astro David Niven estava fazendo um discurso de apresentação para Elizabeth Taylor, quando do nada, a plateia foi surpreendida por um homem pelado, correndo próximo às câmeras.

Tratava-se de um intruso na festa: o fotógrafo e artista Robert Opel, que era conhecido por seu ativismo pelos direitos gays e por sua postura não-conformista com a sociedade conservadora, especialmente em Hollywood. O momento acabou sendo eternizado, e o protesto de Opel ficou registrado como um dos maiores bafafás da premiação.

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Marlon Brando protesta e não vai ao Oscar

Conhecidíssimo por seu talento tanto quanto por sua personalidade rígida e explosiva, Marlon Brando chocou o mundo na 45ª edição do Oscar, justo quando recebeu seu prêmio pelo papel de Don Corleone no clássico O Poderoso Chefão. Quando o nome do Melhor Ator foi anunciado, a plateia descobriu que ele simplesmente não tinha ido à premiação.

Não apenas isso, mas Brando também aproveitou sua ausência para advogar por uma causa muito importante. Ele enviou, em seu lugar, a ativista indígena Sacheen Littlefeather. Em seu discurso, Littlefeather disse que Brando não poderia aceitar o prêmio, devido à forma como povos nativos-americanos eram explorados e maltratados pela cultura cinematográfica. O momento foi de extremo choque para a plateia e o discurso lido por Sacheen foi recebido em meio a aplausos e vaias.

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A infame apresentação de Rob Lowe

Muitos se lembram de Rob Lowe como um dos grandes galãs da televisão e do cinema nos anos 80 e 90. Porém, sua participação no Oscar é, até hoje, motivo de piadas e chacota. Isso tudo porque o ator participou de uma apresentação musical de "Proud Mary", do Creedence Clearwater Revival.

E Lowe não estava sozinho nessa patacoada. Junto dele, havia uma pessoa vestida de Branca de Neve, como no desenho clássico da Disney. A apresentação foi tão constrangedora que o próprio estúdio tentou processar os envolvidos por quebra de direitos autorais. E se isso não é o bastante para você, ainda houve uma carta aberta assinada por vários artistas, como Julie Andrews, Gregory Peck e Paul Newman chamando o momento de "vergonha".

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Elia Kazan é vaiado ao receber um prêmio honorário

A relação entre Oscar e política é muito curiosa e sempre tem questões complicadas envolvidas. Durante a cerimônia de 1999, o diretor Elia Kazan - conhecido por obras como Mar Verde e Viva Zapata! - foi chamado ao vivo para receber um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. Porém, isso não agradou a muitos colegas de profissão, e Kazan foi furiosamente vaiado.

Isso porque, na década de 50, o cineasta teria sido questionado e interrogado por vários órgãos de justiça dos Estados Unidos, em um período nebuloso da Guerra Fria. Para se salvar, ele dedurou vários artistas, acusando-os de serem comunistas, o que gerou a uma grande caçada em Hollywood, com inúmeros diretores, produtores e atores sendo torturados e presos por suas supostas alianças com a União Soviética.

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Michael Moore faz discurso de vitória anti-Bush

Ainda no tópico política, não podemos nos esquecer do cineasta Michael Moore, muito conhecido por seus documentários de teor altamente ácido e satírico que sempre criticavam o partido republicano dos Estados Unidos. Conhecido por Fahrenheit 9/11, o diretor subiu ao palco em 2003, para receber o prêmio por Tiros em Columbine.

Com um discurso muito crítico e afiado, Moore aproveitou o momento para expressar seu desdém e desprezo para o então-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Entre as suas falas, ele disse: "Nós vivemos em um tempo onde há um homem nos enviando para a guerra por motivos fictícios", algo que soou muito polêmico após o 11 de setembro.

Moore foi vaiado por um bom tempo, mas a organização do Oscar tentou conter a plateia (e o discurso do cineasta), aumentando o volume da música e apagando as luzes.

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Esses dois...

Não é de hoje que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tenta se reinventar e buscar um apelo para o público mais jovem, especialmente com a audiência da cerimônia que só decai ano após ano. Em 2011, eles tiveram a brilhante ideia de chamar dois dos atores mais "em alta" da época: Anne Hathaway e James Franco. E o resultado foi catastrófico.

A apresentação da dupla se tornou motivo de piadas e exclamações de desgosto, com muitos momentos cômicos desconfortáveis e um nítido desentendimento por parte dos astros. O evento foi altamente criticado e chegou a receber notas muito negativas de grandes portais de entretenimento, como o The Hollywood Reporter.

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#OscarSoWhite

O Oscar tem mostrado um nítido esforço de ampliar a representatividade, não só dos indicados como também dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Parte disso começou em 2015, graças à ausência de nomes negros indicados nas categorias principais. Entre todos, o que mais gerou revolta foi o astro David Oyelowo, que não foi indicado por sua perfomance como Martin Luther King em Selma, mesmo o longa sendo indicado a diversas categorias - incluindo Melhor Filme.

Assim, nasceu nas redes sociais a campanha de boicote #OscarSoWhite, que levantava a polêmica da falta de representação na premiação, mesmo com nomes dignos de indicações. Em 2016, o problema se repetiu e gerou outra controvérsia, e desde então a Academia tem tentado reverter essa situação, aumentando o número de votantes não-brancos e até criando regras de representatividade para os filmes indicados, que devem valer nos próximos anos.

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O caso Harvey Weinstein

Em outubro de 2017, uma onda varreu a indústria cinematográfica, depois que dezenas de mulheres da indústria cinematográfica vieram a público para denunciar casos de abuso e estupro do produtor Harvey Weinstein, até então um dos nomes mais prestigiados de Hollywood. Isso foi a gota d'água e deu início ao movimento #MeToo, que incentiva vítimas a denunciarem seus agressores.

Acontece que os crimes de Weinstein eram de grande conhecimento de boa parte da comunidade Hollywoodiana, e até eram motivo de piadas em outras cerimônias e apresentações. Aos poucos, o caso foi ganhando uma proporção gigantesca, com outros nomes também sendo acusados de abuso ou de corroborar e acobertar com essas práticas.

Ainda assim, o nome de Weinstein manchou a Academia de forma irreparável, ainda mais se levamos em conta o lobby que o produtor tinha dentro da premiação, a ponto de influenciar os votantes a premiarem seus filmes - um caso clássico disso é Shakespeare Apaixonado, filme de 1998 que levou o Oscar de Melhor Filme e Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow, entre outros.

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La La Land... Oops... Monlight!

Ahhh... O Oscar de 2017 continua fresco na cabeça de muitos, graças a uma das maiores gafes da história da premiação - e justamente durante o ponto alto da noite, a entrega da estatueta de Melhor Filme. Quando os astros Warren Beatty e Faye Dunaway apareceram para anunciar o vencedor, houve uma troca de papéis e o filme chamado foi La La Land: Cantando Estações.

Contudo, não demorou muito para perceberem o erro, e o verdadeiro ganhador foi declarado como sendo Moonlight: Sob a Luz do Luar. O momento foi extremamente chocante e se consagrou graças aos memes e piadas na internet - e as fotos de reações dos convidados da plateia. No fim, tudo se resolveu, mas a cena continua inesquecível.

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Oscar 2022

Depois de vários casos bizarros envolvendo a cerimônia, achávamos que nada mais poderia nos surpreender, mas a 94ª edição do Academy Awards veio para nos provar errados. A cerimônia já veio causando polêmicas muito antes de sua exibição, quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que oito das vinte e duas categorias não seriam televisionadas, em um esforço de diminuir o tempo da premiação e conquistar mais audiência.

Porém, o evento em si foi caótico em muitos níveis. A apresentação de Amy Schumer foi motivo de risos amarelos e críticas na internet, especialmente pelas piadas difamatórias contra vários dos presentes. E para encerrar a noite, ainda tivemos o chocante tapa que Will Smith deu em Chris Rock, um pouco depois que o comediante começou a fazer piadas com a esposa do ator, Jada Pinkett-Smith.

Jada vive com alopecia, uma doença autoimune cujos efeitos incluem a perda de cabelos - por isso, ela apareceu de cabeça raspada na cerimônia. Mas Rock não perdeu tempo e fez piadas dizendo que ela parecia saída de um remake de Até o Limite da Honra, filme estrelado por Demi Moore. Will Smith não gostou da piada e não deixou barato, estapeando o comediante poucos minutos antes de ganhar seu próprio prêmio de Melhor Ator.