Nos últimos anos, a Disney tem investido em novos tipos de narrativas para as suas protagonistas femininas, como vimos em Frozen 2 e Moana. Seguindo este novo caminho, Raya e o Último Dragão entrega uma emocionante aventura cheia de ação que exala cultura e representatividade oriental.

A trama usa uma velha rixa entre nações que pode destruir o mundo para falar sobre confiança de um modo franco e direto. A única coisa que pode salvar o mundo é encontrar artefatos há muito tempo perdidos e, nesta jornada, Raya acaba encontrando o elenco de apoio mais carismático que tivemos este ano. Um marco da animação que abriu o ano com muito estilo!

Vida de Inseto é um dos filmes mais injustiçados da Disney-Pixar. Seu impacto foi tanto que formou uma geração de jovens socialmente críticos críticos de um modo que nenhum outro desenho havia conseguido replicar... até agora! Surge Patrulha Canina - O Filme, um longa não deve ser subestimado: ele veio para fomentar o pensamento crítico nas crianças da próxima geração!

Além de introduzir uma leve discussão sobre saúde mental para a garotada, o filme deixa explicito os riscos da ganância e o desastre climático que pode surgir quando políticos despreparados assumem o poder. Quem poderia imaginar, né? O filme acabou sendo um sucesso de crítica e de público, conquistando 74% de aprovação da imprensa no Rotten Tomatoes e surpreendentes 97% da audiência.

Depois que Hamilton se tornou um sucesso mundial ao ser televisionado no Disney+, o genial Lin-Manuel Miranda decidiu dar uma chance para os musicais do estúdio e escreveu as canções de Encanto, o mais recente filme da Pixar. E assim surgiu a animação da Disney com mais cara de musical da Broadway.

Na trama, Mirabel precisa encontrar um jeito de ajudar a sua família a preservar seus super-poderes. Para alcançar seu objetivo, ela participa de uma série de números musicais estonteantes explorando os problemas emocionais de seus parentes de forma bastante imersiva e didática. Este é o primeiro filme da empresa a explorar a cultura da América do Sul e é reconfortante ver uma família latina finalmente representada na tela.

Como explicar Luca senão como o surto coletivo de uma geração de deslocados que nunca se viu representada em animações da Disney? E quando eu digo deslocados, eu quero dizer pessoas LGBTQ+ de todas as idades, claro. Afinal, este é um verdadeiro abraço apertado em forma de animação a todo LGBTQ+ que precisou enfrentar uma infância sofrida e solitária por ser diferente.

A inocente aventura de Luca e Alberto no mundo da superfície emocionou ao mostrar como todo o sofrimento de ser diferente pode ser mais doce de enfrentar quando temos alguém que verdadeiramente nos entende e nos protege ao nosso lado, compartilhando a nossa jornada. Acima de tudo é uma história sobre companheirismo. A dupla enfrenta o preconceito, valentões, problemas em sua forte amizade... Tudo isso no cenário belíssimo de uma cidadezinha pequena no litoral da Itália.

Mesmo que a Disney tenha dominado este ranking, o melhor filme animado do ano vem da Sony Animations — mais precisamente do estúdio que trouxe ao mundo Homem-Aranha No Aranhaverso. Cheio de personalidade e técnicas geniais de animação, A Família Mitchell e a Revolução das Máquinas mostra que o futuro da indústria será bem mais ousado do que a gente imaginava.

A história acompanha uma família desajustada que vai precisar trabalhar juntos para sobreviver a um apocalipse tecnológico, mas esta não é a verdadeira mensagem no filme: no fim, é um ensaio sobre a evolução da comunicação e diferenças geracionais. Jovens estão cada vez mais inseridos em meios digitais instantâneos, como o TikTok e Twitter, e o cinema sempre teve dificuldades de acompanhar este avanço. Mas A Família Mitchell mostra que, quando não tentamos combater a evolução, é possível criar verdadeiras obras-primas.

Em termos de qualidade e originalidade, Maya e os Três Guerreiros merece absolutamente o primeiro lugar. Porém, é preciso reconhecer que ela não teve tanto impacto no público brasileiro quanto as demais séries animadas dessa lista. Distribuída pela Netflix, este desenho com animação nível Pixar representa uma epopéia mitológica que explora as lendas latino americanas sob uma ótica fantástica, quase como Percy Jackson ou Hércules, da Disney. Realmente revolucionário para um povo colonizado culturalmente por todas as direções!

Personagens carismáticos, vilões empolgantes, uma história bem-estruturada e sequências incríveis de ação colocam Maya entre os melhores do ano. Este é um evento imperdível, dividido em 3 atos, que não recebeu a divulgação que merecia. Então, se você ainda não assistiu, corra para a Netflix para maratonar!

Invencível pode ter surpreendido inicialmente por sua brutalidade, mas não chegou perto do impacto da última temporada de Castlevania, uma das melhores adaptações de jogos feita pela Netflix.

Tudo que havia sido prometido pelas temporadas anteriores acaba ressurgindo de forma bastante coesa na batalha final contra o legado de Drácula e os exércitos vampíricos. Lutas são muito bem executadas, o destino dos personagens é extremamente satisfatório e o enredo é cheio de reviravoltas — um prato cheio para quem é fã dos clássicos sangrentos de vampiros.

Este ano tivemos a chegada no Brasil de um novo serviço de streaming: o HBO Max, trazendo consigo o catálogo animado do Cartoon Network. Mas ainda mais interessantes foram os desenhos originais que também surgiram, como é o caso das temporadas finais de Trem Infinito.

Na trama, adolescentes se veem presos em um trem multidimensional onde cada vagão é um universo de bolso e o único jeito de escapar é resolvendo seus problemas emocionais mais profundos. Basicamente uma sessão de terapia super esotérica. Para quem gosta de um bom mistério ou de um belo drama, a terceira temporada foi um grande primor narrativo, mergulhando a fundo nas nuances de ficção científica do trem e nas consequências de se recusar a evoluir como pessoa.

Se você me avisasse no início do ano que eu estaria elogiando a nova animação do He-Man, muito provavelmente eu acabaria rindo da sua cara. Mas Mestres do Universo: Salvando Eternia provou que é possível contar uma boa história em um universo envolto em nostalgia se os produtores estiverem dispostos a levar a narrativa a novos caminhos.

Esta continuação conseguiu ressignificar muita coisa no universo do herói, sem desconsiderar todo seu legado e trazendo uma profundidade antes inexistente a uma franquia que surgiu para ser apenas propaganda de bonecos de ação. Em poucos episódios, a série consegue estabelecer discussões muito interessantes, sem abrir mão das incríveis cenas de ação e de um desenvolvimento espetacular de personagens. Outro acerto inquestionável do Powerhouse Animation, de Castlevania.

"Oh, the misery! Everybody wants to be my enemy!"

Outra grata surpresa é a série animada baseada no universo de League of Legends: Arcane. Combinando tudo o que há de melhor nessa lista, Arcane é o apogeu das narrativas animadas! Trazendo um roteiro espetacular com uma direção de arte estupenda, Arcane não perde em nada para as melhores séries live-action produzidas pela Netflix.

A história marcada por traições e muito drama consegue rivalizar as melhores temporadas de Game of Thrones sem nunca fugir da sua origem e sem esquecer sua originalidade. Arcane não tem vergonha que é um desenho. Pelo contrário, sabe quais sãos as vantagens do seu meio e usa de maneira inteligente para potencializar seus momentos mais dramáticos, que são recebidos como um grande soco. Se você ainda não assistiu, se faça este favor e maratone Arcane antes que o ano termine. Você vai me agradecer!