De Demon’s Souls a Elden Ring: Ranqueamos os jogos da Saga Souls, do pior ao melhor

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De Demon’s Souls a Elden Ring: Ranqueamos os jogos da Saga Souls, do pior ao melhor

Por Arthur Eloi

A indústria japonesa de games ajudou a moldar e definir a mídia, mas passou por uma crise criativa durante o fim dos anos 2000. Quem ajudou a mostrar que os japoneses ainda são líderes quando se trata de originalidade e criatividade foi a FromSoftware, cuja série Dark Souls ajudou a redefinir os jogos de RPG ao ponto de inspirar quase que um novo subgênero vulgarmente conhecido como Soulsborne.

De 2009 até 2022, o estúdio lançou sete jogos que compartilham o mesmo DNA: RPGs punitivos e misteriosos, que incentivam a independência do jogador ao invés de guiá-lo por uma aventura. Com a chegada (e enorme sucesso) de Elden Ring, ranqueamos abaixo todos os jogos da Saga Souls, do pior ao melhor!

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Dark Souls 2

Lançado em 2014, Dark Souls 2 chegou bem no momento em que a grandeza de seu antecessor estava no ápice de sua popularidade. Assim, as expectativas eram gigantescas, mas as decisões tomadas pelo game fugiam do que os fãs esperavam.

Os mapas eram mais abertos, o posicionamento dos inimigos era mais sacana, as áreas variavam em temáticas, e os chefes eram fortes ao ponto do exagero. Dark Souls 2 foi visto como um passo para trás na época, e foi só nos anos mais recentes - e após um relançamento em 2015 com o subtítulo de Scholar of the First Sin - que o game passou a ser apreciado.

Hoje em dia tem um grupo devoto de seguidores, ao ponto de ganhar status de um clássico cult. E, ironicamente, vários dos elementos que foram tão criticados em Dark Souls 2 foram expandidos e elogiados em Elden Ring.

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Demon’s Souls (Original)

O sucesso de Dark Souls não surgiu do nada. Na verdade, a FromSoftware aperfeiçoa a mesma fórmula e identidade desde a época do PS1, com a série King’s Field. Mas o game que realmente deu início à saga Souls como conhecemos hoje foi Demon’s Souls.

Originalmente lançado para o PS3 em 2009, esse RPG soava estranhamente macabro e hostil em uma era em que videogames eram associados com fantasias de poder. Ao invés de engrandecer o jogador, o game despreza o jogador e o força a aprender as regras desse mundo através da tentativa-e-erro.

Demon’s Souls foi um fracasso comercial, tanto por uma campanha de marketing confusa quanto pelas sensibilidades da época, mas acabou ganhando status de cult. Hoje em dia, é uma experiência quase que inacessível, já que seus servidores online foram desligados e o game segue preso no PS3, sem ports ou retrocompatibilidade.

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Dark Souls 3

Assim como seu antecessor, Dark Souls 3 teve a pressão por vir na sequência de um game aclamado (no caso, Bloodborne), mas acabou tirando de letra ao criar uma experiência moldada pelo game original - talvez até demais.

A conclusão dessa trilogia incorpora um combate um pouco mais rápido e agressivo, mas retoma os mundos altamente interconectados e as paisagens grandiosas de cidades medievais decadentes. As pequenas mudanças que fez na fórmula agradaram sem alienar o público fiel, mas muita gente reclama que o game é derivativo até demais, chegando até a trazer de volta alguns cenários icônicos do primeiro título.

No fim das contas, foi um fim digno para a franquia, que tirou o gosto azedo de Dark Souls 2 e relembrou o motivo de muita gente adorar a saga.

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Demon’s Souls (Remake)

Lembra que Demon’s Souls é um clássico cult inacessível em termos de jogabilidade e disponibilidade? Para dar início à geração do PlayStation 5, o pessoal da Bluepoint Games, conhecidos por remasterizações de peso, recriaram a experiência do zero.

Esse é o único Souls da lista - e da história - que não foi desenvolvido pela FromSoftware, mas o projeto todo foi abordado com enorme reverência ao material original. Ao mesmo tempo que poliu as texturas e criou cenários com iluminação mais realista, se aproveitando de toda a força do PS5, a Bluepoint também deu uma aliviada nos controles truncados do clássico, pensando em criar algo um pouco mais palatável para os dias de hoje.

O novo Demon’s Souls se tornou um enorme sucesso de vendas, enfim fazendo justiça à qualidade do game.

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Dark Souls

Demon’s Souls pode ter dado início à Saga Souls como conhecemos, mas foi Dark Souls que a aperfeiçoou e a levou para o mundo. O game segue a mesma lógica do antecessor com seu combate punitivo, história ambígua e misteriosa em um mundo interconectado. Do momento que você aperta “Start”, o jogo raramente pega na sua mão, deixando-o livre para explorar - e morrer - o quanto quiser.

Ao contrário do anterior, Dark Souls teve a sorte de sair em um momento em que o público-geral já estava saturado das fantasias de poder, e procurava por experiências mais autênticas e desafiadoras. O jogo não estourou logo de cara, mas rapidamente conquistou uma legião devota de fãs que só parecia crescer mais a cada dia.

Seja o início da jornada, derrotar seu primeiro chefe, caminhar pelas muralhas de Anor Londo, se perder nas ruínas de New Londo ou tentar ao máximo salvar Solaire de sua própria loucura, Dark Souls é repleto de momentos e fases icônicas, e criou toda uma nova tendência de homenagens e imitações.

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Sekiro: Shadows Die Twice

A FromSoftware tem um ritmo bastante agitado de trabalho, mas é impressionante como a qualidade de seus títulos sempre se mantém lá em cima. Em 2019, apenas alguns anos após Bloodborne, e três anos antes de Elden Ring, o estúdio japonês se juntou com a Activision para criar Sekiro: Shadows Die Twice. O título se tornou um dos maiores sucessos deles.

Fugindo da fantasia medieval sombria de Dark Souls, Sekiro é colorido e majoritariamente ambientado à luz do dia, mas não pense que é menos punitivo por conta disso. A jogabilidade é feita para ser ainda mais frenética, com inimigos que batem rápido e forte, e cobra que o jogador seja igualmente agressivo, mas nunca impulsivo, já que há ainda grande foco na furtividade.

O game mostrou o quão flexível é a fórmula da FromSoftware em outras ambientações, e demonstra como pequenas mudanças na jogabilidade e no level design podem criar experiências com gostinho de novidade.

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Bloodborne

Dark Souls sempre teve um fundinho de terror em sua estética macabra, mas a FromSoftware só foi abraçar isso de vez em Bloodborne, sua verdadeira obra-prima da desgraceira.

Exclusivo do PS4 lançado em 2015, o game é uma carta de amor ao horror gótico ao colocar o jogador como um caçador perambulando por Yarnham, cidade que sucumbiu à doença e insanidade, tomada por lobisomens e todo tipo de criatura grotesca. Em um equilíbrio entre Dark Souls e Sekiro, Bloodborne incentiva a agressividade mas em um ritmo mais cadenciado. Não há escudos para se esconder, e nem espaço para fugir.

Quando a atmosfera macabra começa a ficar familiar, o game introduz uma reviravolta e mergulha de cabeça no horror cósmico, bebendo fortemente das histórias e criaturas de H.P. Lovecraft, capazes de levar à insanidade com um simples olhar - elemento que, por sinal, é uma das mecânicas do jogo.

Bloodborne é considerado por muitos o melhor Souls já feito. Seu lugar em segundo na lista se dá apenas por não ser possível ter dois jogos ocupando o trono, e há uma explicação lógica para isso no próximo item, mas o game de horror da FromSoftware segue uma experiência memorável e intensa. Mesmo oito anos depois, ainda tememos o sangue antigo.

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Elden Ring

Escolher o título mais recente da saga Souls como o melhor pode soar como uma decisão emocionada, visto que ainda não há tempo o suficiente para a euforia inicial baixar e uma análise crítica tomar efeito. Mas Elden Ring merece o trono por não ser apenas uma modificação temática ou mecânica da fórmula, mas sim uma culminação de tudo que o estúdio fez ao longo das décadas.

Colaboração entre o diretor Hidetaka Miyazaki e o autor George R.R. Martin, das Crônicas de Gelo e Fogo (vulgo Game of Thrones), Elden Ring traz tudo que consagrou a saga em um pacote ainda mais ambicioso e desafiador. Voltando à ambientação de fantasia medieval, o game coloca o jogador em um mundo aberto, mas com o mesmo tratamento de Dark Souls: sem explicações, sem direcionamentos e sem ajuda. A partir daí, cabe à você se aperfeiçoar e descobrir mais sobre esse universo.

Pelo escopo gigantesco da aventura, o game tem um pouco de todos os outros. Há o combate mais cadenciado da franquia Dark Souls, mas com o humor e o posicionamento de inimigos sacana de Sekiro. Já o level design é completamente moldado pelas fases abertas de Dark Souls 2, tão criticadas em 2014. O mundo de fantasia decadente é mais puxado ao de Demon’s Souls, mas algumas ambientações mais sombrias e criaturas grotescas evocam o horror de Bloodborne.

Elden Ring só existe pois a FromSoftware passou décadas explorando a própria linguagem, forças e fraquezas. O resultado parece ter agradado, com o jogo conquistando os críticos, ocupando o lugar dos mais jogados do Steam, e ainda tendo vendido impressionantes 12 milhões de unidades em menos de um mês.

É bom lembrar que nenhum ranking é definitivo, e a experiência de cada jogador é única. Como é o seu ranking da Saga Souls? Deixe - respeitosamente - nos comentários abaixo!