Review: Elden Ring supera o hype e mostra o melhor da FromSoftware

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Review: Elden Ring supera o hype e mostra o melhor da FromSoftware

Por Márcio Jangarélli

Saiu a notícia que o mundo não acreditou: Elden Ring, eleito o jogo mais aguardado do ano por alguns anos já, será lançado nesta sexta-feira (25). Com a colaboração de George R. R. Martin na criação, a ambição de ser o maior jogo da franquia soulsborne e um hype incomparável, o novo game da FromSoftware pode ser visto mais como um evento no mundo dos jogos do que um simples lançamento.

E é com a maior alegria do universo que eu posso dizer que a Legião teve acesso antecipado ao game, para contar para vocês se a jornada dos Maculados consegue atender ao hype insano de Elden Ring. Com muitas horas de gameplay e várias, várias surpresas, essa resposta é muito mais do que um “sim”.

As Terras Intermédias nos aguardam; pegue sua espada e venha comigo para além do Mar de Névoa!

FICHA TÉCNICA

Título: Elden Ring

 

Desenvolvedora: FromSoftware

 

Distribuidora: Bandai Namco

 

Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X, PC

 

Lançamento: 25 de Fevereiro de 2022

 

Gênero: RPG de ação, Soulslike

 

Tradução para o Português: Sim

Lá e de volta outra vez

A atmosfera de Liurnia dos Lagos é de tirar o fôlego (Imagens: Captura no PS5)

Poucas coisas são mais satisfatórias do que você pegar algo para jogar, assistir, ler ou ouvir e não sentir o tempo passando enquanto está imerso naquilo. Aqueles casos de ligar o videogame às seis da tarde e nem se dar conta que já escureceu e passou da meia noite. Quando você está se divertindo de verdade, tempo e espaço quase desaparecem, não é mesmo?

Esse é o sentimento que eu estou vivenciando cada vez que tenho a chance de jogar Elden Ring. É uma aventura tão imersiva, interessante e viciante que as horas vão embora sem que eu perceba e as Terras Intermédias realmente se tornam minha casa naquele espaço de tempo.

É algo muito parecido com a primeira vez que você encontra um game legal quando criança/adolescente. Minha introdução nos mundos de World of Warcraft e Final Fantasy X foram assim; uma experiência tão fantástica, literalmente, que consome aquele universo como um todo. E, claro, isso só é possível quando a qualidade da história e do gameplay são tão altos que te prendem e jogam a chave fora.

Alexander, o Punho de Ferro, nosso novo melhor amigo – ou quase isso

Já falei com mais detalhes sobre como Elden Ring funciona em uma série de artigos da época em que o teste de rede do game foi liberado, no final do ano passado. Boa parte do que foi dito lá se mantém: o jogo é uma mistura do melhor de cada um dos soulsborne, em combate, exploração, design, ambientação, etc. É o ápice criativo e de qualidade da FromSoftware, que deve cimentar a desenvolvedora ainda mais como um titã na indústria, com um padrão altíssimo de produção.

Agora, é importante ressaltar o que não foi mostrado no teste: diferente de alguns games que mostram seus pontos mais altos nesse tipo de experiência, utilizando na publicidade, por exemplo, Elden Ring deixou o ouro guardado para sua versão final. Indo além do oeste do Limgrave, as coisas ficam ainda mais divertidas e impressionantes, o que é dizer muito, uma vez que a demo já mostrava um jogo excelente.

Se eu precisasse definir o mundo de Elden Ring em uma palavra, sem dúvidas seria “fantástico”, em todos os sentidos da palavra. É uma junção de alta fantasia e fantasia obscura que às vezes se combinam, outras vezes conflitam ou podem viver em extremos opostos, que torna cada pedacinho do mapa especial. Esse universo é vivo, de uma ponta a outra, cada área possui algo a ser explorado, que atiça sua curiosidade e, principalmente, seus instintos.

Elden Ring está mais voltado para Dark Souls na estranheza fantástica de seus designs

Assim como seus antecessores na franquia, Elden Ring é um jogo intuitivo. Não só no combate, te dando a oportunidade de encontrar o seu caminho para a vitória, mas na exploração e progressão. O game te dá várias opções para chegar ao mesmo destino, para completar a mesma tarefa ou para simplesmente ignorar o que você não quer enfrentar. Você pode fazer um gameplay rápido, seguindo apenas a história principal, e existem várias possibilidades para seguir este caminho. Ou você pode se entregar ao mundo do game e deixá-lo te guiar através do que ele te mostra, do que te chama a atenção.

Esse sistema “intuitivo” é marca registrada dos soulsborne; missões secundárias raramente se apresentam de maneira simples nesses jogos, você precisa sempre encontrar os NPCs, escutar o que eles tem a dizer e seguir seus instintos sobre como prosseguir. Isso em um jogo mais linear, diga-se de passagem. 

Elden Ring aplica isso em seu mundo aberto, de formas até mais sutis; um uivo na floresta noturna, um pedido de ajuda em um espaço aparentemente vazio, uma leitura de mãos, um aviso agourento; tudo pode significar uma nova história começando, uma pista para uma nova área, um novo boss, uma caça ao tesouro. Na prática, isso incentiva a exploração e torna tudo mais divertido, excitante, imersivo. É quase como uma mesa de RPG, quando o mestre diz “você entra na floresta e ouve um grito, o que você faz?”.

Se você não explorar, não vai conhecer o amigo gigante acima

Somente nas possibilidades de gameplay e no valor de replay, Elden Ring é uma criatura inédita na indústria dos jogos. São tantos detalhes e aventuras interessantes que é como se, em O Senhor dos Anéis, uma das inspirações principais do game, o Frodo recebesse um convite para sair em uma aventura todo santo dia. Mas isso não cansa, uma vez que são missões e jornadas muito distintas, com extensões, escopos e resultados diferentes. No fim, isso só te deixa mais investido nesse mundo e seus personagens.

Claro, a FromSoftware sempre teve heróis e vilões de alta qualidade, memoráveis em design, história, poderes, etc. Em Elden Ring, no entanto, isso é elevado para outro patamar. Afinal, existem mais personagens e eles são todos únicos: melhor trabalhados, com personalidade e passado bem definidos. Com isso, fica mais fácil se apaixonar por eles ou odiá-los. Eles transformam a sua jornada em algo menos “herói escolhido” e mais em uma competição pela glória e tesouros das Terras Intermédias.

Acredito que parte disso vem da influência do Martin no projeto. Se você estava se perguntando como o criador de As Crônicas de Gelo e Fogo funciona em Elden Ring, imagine que o enredo desse universo possui assinaturas clássicas do autor. É uma história sobre relações entre nobreza, plebe, glória, vingança, com traições, desconfiança, reviravoltas, segredos e todas aquelas coisas que, se você conhece o trabalho do autor, são reconhecíveis aqui. E se você tem experiência com os jogos da FromSoftware, vai notar a diferença na narrativa.

Uma entre muitas das cenas absolutamente magníficas no game

Também é fundamental ressaltar como todos os fatores influenciam na atmosfera e imersão da trama. Os cenários são magníficos, belos, opressores e misteriosos, algo saído direto de coisas como Berserk ou dos filmes d’O Senhor dos Anéis. Existe um contraste entre violência e beleza que te choca da melhor maneira possível. Tudo isso é seguido por uma trilha sonora de arrepiar, que pode embalar sua cavalgada pelos campos do Limgrave ou fazer você achar que está ficando maluco ao combater alguns chefões.

Mas, além disso — e esse é um ponto decisivo para muita gente — Elden Ring pode ser o game mais acessível da franquia soulsborne até então. A dificuldade do jogo é muito bem balanceada e deve atender aos padrões da maioria dos fãs de soulslike, mas o jogo também te dá mais opções para vencer seus desafios, nem sempre utilizando o combate direto, e não é tão punitivo quanto os anteriores. Na verdade, ele te recompensa mais do que pune; matar hordas de inimigos enche seus frascos de Lágrimas para recuperar HP, há checkpoints mais próximos dos bosses e o multiplayer é facilitado, entre outras novidades que enriquecem a jogabilidade.

O núcleo de Elden Ring é justamente esse: possibilidades. O game te dá todo tipo de oportunidade para alcançar a glória, para se tornar o Lorde Prístino; você só precisa decidir qual será o seu caminho para o topo. A aventura será grandiosa, não importa como você chegue lá.

Nota: 10/10

Os dois primeiros meses de 2022 entregaram o melhor da indústria dos games, para todos os gostos e estilos, e Elden Ring talvez seja a cereja do bolo. É quase como se todos os jogos da FromSoftware fossem uma preparação para esse. Para os fãs, é uma aventura nostálgica, com todo tipo de referência ao passado, enquanto se mira em algo novo. E para os novatos, essa é a melhor porta de entrada possível para esse mundo de glória e dor.

 

Dificilmente veremos um mundo aberto ou uma narrativa como a de Elden Ring nos próximos anos. Na verdade, acredito que esse game deve chacoalhar a indústria, assim como Dark Souls fez no passado. É o melhor do storytelling, design de cenários, de personagens e um universo grandioso ao extremo, porém contido em camadas e camadas de história a serem descobertas.

 

Não tem como escapar da nota máxima dessa vez. Com a benção da Rainha Marika, Elden Ring é um glorioso 10 para a Legião dos Heróis. FromSoftware não apenas atendeu o hype, como o superou — um feito incrível!

E aí, o que você espera de Elden Ring? Não esqueça de comentar!

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