[CRÍTICA] Castlevania 2ª temporada – É assim que se adapta um game!

Capa da Publicação

[CRÍTICA] Castlevania 2ª temporada – É assim que se adapta um game!

Por Lucas Rafael

Continuando a mini-trama imposta pela primeira temporada, o segundo ano de Castlevania, animação que adapta os jogos Konami, está entre nós. Será que ele merece sugar o seu tempo?

A trama acompanha a recém-formada aliança entre Trevor Belmont, Sypha Belnardes e o próprio filho de Drácula, Alucard. Juntos, os personagens planejam como irão sobrepujar as hordas infernais do Senhor dos Vampiros.

Será que a Netflix conseguiu expandir o potencial presente na primeira temporada?  

Imagens: Divulgação/Netflix

Imagem de capa do item

Anteriormente, em Castlevania...

A primeira temporada de Castlevania é bacana, funcionando quase como um teste-beta. São quatro episódios rapidinhos introduzindo um mundo, heróis e uma ameaça. E quando as coisas começam a assumir um escopo maior, puft, a temporada acaba, sumindo como o próprio Drácula no meio da névoa.

Imagem de capa do item

Esta segunda temporada se aproveita do que já era bom anteriormente, incluindo novos elementos que tornam o universo da animação algo intoxicante, no melhor dos sentidos.

Aqui, castelos que se movem e hordas dantescas de criaturas dividem o espaço com vilarejos idílicos sendo afogados em sangue enquanto profissionais em ressuscitar bichos de estimação e caras que curtem se auto-flagelar no canto obscuro de salas argumentam como coordenar um exército de criaturas sanguinárias. Castlevania é uma loucura, mas é uma loucura das melhores.

Imagem de capa do item

Surpreendentemente profundo.

Como um fã da franquia de jogos, tive minhas dúvidas sobre uma adaptação. Primeiro, pela trama dos games de Castlevania terem aquela coisa de filme B impregnando cada diálogo.

Aqui, a escrita intrincada de Warren Ellis faz de cada personagem um filósofo em potencial, algo que acrescenta uma profundidade bastante inesperada aos novos e antigos habitantes deste universo sórdido.

Imagem de capa do item

E temos uma boa parcela de novos personagens aqui, alguns adaptados dos jogos, outros criados para a série. Do guerreiro vampiro Godbrand até a maquiavélica Carmilla, passando pelos Mestres de Forja humanos de Drácula, Hector e Isaac. Cada um destes novos componentes da trama é devidamente desenvolvido com primor.

Imagem de capa do item

A relação entre o trio de protagonistas também é bem explorada pelo diálogo de Warren, deixando claros os traumas passados de Trevor Belmont e Alucard, instaurando como elo entre ambos o fato de não terem amadurecido emocionalmente. Uma mistura de amizade e animosidade rapidamente se instaura entre eles, fazendo de Sypha a mediadora da paz e do foco: abater Drácula e impedir que sua guerra sem sentido ceife mais vidas inocentes.

Imagem de capa do item

Os núcleos da série se dividem tão bem que, rapidamente temos conspirações palacianas instauradas sob o regimento de Drácula. Aqui, cada personagem possui suas motivações e vão tomando lados distintos.

Os diálogos persuasivos, introspectivos e afrontosos dialogam com a qualidade de um Game of Thrones em seu ápice, algo... inesperado para uma adaptação de Castlevania. Existe, realmente, muito zelo no tratamento dos personagens, suas motivações e desenvolvimento.

Imagem de capa do item

Referências!

Existem toneladas de referências, das mais sutis às gritantes aos jogos da Konami salteadas nesta segunda temporada.

Em tempo, a trama consegue até mesmo algo próximo de apresentar uma fase assistível de Castlevania, com direito a itens, chefes, trilha-sonora (quando tocam Bloody Tears em uma cena é impossível se conter) e tudo mais.

Quem diria que a primeira adaptação máxima da mídia dos jogos não viria do cinema, mas sim de uma animação.

Imagem de capa do item

Tudo bonito, tudo caprichado.

A qualidade da animação oscila, com alguns momentos sendo claramente melhores do que outros. No entanto, existe uma barra mínima de qualidade que mantém o projeto nos trilhos.

Os visuais aqui continuam tão cativantes quanto na primeira temporada, seja o imponente castelo de Drácula até os belos municípios camponeses, palcos do banho de sangue promovido pelo Senhor dos Vampiros e seus generais.

Imagem de capa do item

Vozes

O elenco é certeiro. Cada dublador encarna muito bem seu personagem, dores e aflições.

Do tom de escárnio moroso de Trevor Belmont até a estoicidade disciplinar de Isaac ou a melancolia tirana de Drácula, o nível da entrega aqui só ajuda no já primoroso desenvolvimento dos personagens.

Imagem de capa do item

Nota

Por fim, a segunda temporada de Castlevania expande o que já era bom em algo magnífico, sendo uma cartinha de amor respeitosa à essência do material fonte, apresentando uma narrativa que pode ser consumida e aproveitada por fãs hardcore assim como por quem busca um desenho violento, divertido e, pontualmente, mais profundo do que você estava esperando.

A segunda temporada de Castlevania merece 5 morcegos de 5. Você já pode fincar seus dentes em mais esta gloriosa pilha de entretenimento.