Berserk: 10 coisas que ficaram sem resposta no mangá

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Berserk: 10 coisas que ficaram sem resposta no mangá

Por Márcio Jangarélli

Em maio de 2021, a cultura pop foi abalada com a notícia da morte de Kentaro Miura, o aclamado mangaka responsável por Berserk. Além da tristeza pela perda de um dos maiores autores do gênero na modernidade, os fãs da jornada do Guts ficaram desolados com a ideia dessa história nunca receber um final – ou, pelo menos, uma continuação digna do cuidado e criatividade de seu criador.

Com mais de 363 capítulos lançados desde 1988, Berserk parecia estar se encaminhando para o seu clímax nas últimas publicações – e, portanto, a trama foi interrompida em um momento lotado de revelações, novas perguntas e rumos inesperados. 

Como ainda não sabemos qual será o destino do mangá, resolvi separar aqui 10 perguntas importantes que ficaram sem resposta a partir do último capítulo lançado de Berserk, para fomentar a discussão enquanto aguardamos novos rumos. O que acham?

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A jornada em Elfhelm

Não é exagero dizer que Berserk parou em um dos momentos mais aguardados pelos fãs nesses mais de 30 anos de publicação. Guts e seus companheiros tinham acabado de começar sua aventura por Elfhelm, a ilha dos elfos e dos magos, depois de muito tempo de viagem e antecipação. E mesmo que a jornada ali já tenha entregue respostas e momentos revolucionários para o mangá, esse capítulo estava apenas começando.

Para se ter uma ideia, desde que chegaram em Elfhelm, o Guts descobriu mais sobre o que estava acontecendo no mundo, sobre o Cavaleiro Caveira, a Mão de Deus, a armadura do berserker, sua espada, sobre o Behelith e as camadas da realidade, sobre a Flora, a bruxa, e até mesmo a Casca retomou sua consciência depois de décadas (no mundo real) “quebrada”. Isso tudo em um intervalo de mais ou menos 50 capítulos.

Descobrimos até a história do Puck!

Elfhelm reservava muito, muito mais com seus mistérios, principalmente em relação à Rainha dos Elfos e a comunidade dos magos. Quem sabe no futuro, né?

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O pecado da Flora e o Cavaleiro Caveira

Um dos momentos mais impactantes dos últimos capítulos de Berserk foi quando o Guts teve acesso às memórias de sua armadura. Como já sabíamos, aquele traje foi usado pelo Cavaleiro Caveira no passado e, assim, vimos alguns vislumbres de sua luta final contra a Mão de Deus antes de se tornar o que é atualmente.

Nas memórias, vemos um Eclipse absurdo e violento, ligado a história do Cavaleiro Caveira. Ali, então, é mostrada a amada do Cavaleiro, a antiga Sacerdotisa das Flores de Cerejeira, com a marca do sacrifício. Ainda, a versão da Mão de Deus mostrada nas lembranças é diferente da que conhecemos com o Guts.

Depois de vivenciar as memórias do Cavaleiro, Guts e Schierke também descobrem mais sobre a relação entre o Caveira, a Sacerdotisa e Flora, mestra da menina. De acordo com o líder dos magos, o trio era muito próximo no passado, mas as emoções de Flora teriam ficado “fortes demais” e ela acabou violando um tabu e se exilando de Elfhelm.

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Qual será o caminho da Casca?

Eu nem sei dizer há quanto tempo a Casca era mostrada em sua situação “quebrada” no mangá. A antiga guerreira tem toda a sua jornada explorada junto do Guts, do Griffith e do Bando do Falcão até o Eclipse e, depois, permaneceu em um estado de estresse pós-traumático, com uma personalidade infantilizada, tentando se proteger das memórias do festival dos demônios. Essa quebra aconteceu no capítulo 89 do mangá.

Porém, em Elfheim a Casca conseguiu de volta sua personalidade e memórias. Bom, pelo menos parte delas. Schierke e Farnesse usaram a magia da Rainha dos Elfos para entrar nas lembranças da Casca para tentar ajudá-la. É uma façanha difícil, onde as mulheres precisaram “reconstruir” a psique da companheira, reorganizando os pedaços de suas memórias. E mesmo que o episódio do Eclipse ainda seja algo terrível demais para a guerreira enfrentar, ela retorna no final.

É incrível que conseguimos acompanhar o retorno da Casca, mas a história parou em um momento onde ela nem consegue encarar o Guts. O Eclipse ainda lhe assombra e não houve uma decisão da moça quanto ao seu caminho a partir de agora, principalmente em relação ao Guts e ao Griffith.

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Quem é a criança?

Uma criança misteriosa vinha aparecendo para o grupo do Guts há algum tempo. Durante noites de lua cheia, quando a magia está mais forte no mundo, um menino surgia no caminho do grupo, sem ser detectado, e os ajudava de alguma forma em suas batalhas.

Ele conseguiu entrar de alguma maneira na psique do Guts, enquanto o protagonista usava a armadura do berserker, para fazê-lo se acalmar. Assumindo uma forma iluminada, ele resgatou o herói da escuridão quando nem mesmo a Schierke conseguiu intervir. No fim da noite, porém, o menino sumiu como se nunca tivesse existido.

Pelo andar do mangá, a resposta sobre essa criança estava muito próxima de vir à tona. Inclusive, várias pistas foram deixadas indicando uma ligação do menino com o Griffith. Ainda, o próprio Guts estava próximo de entendê-lo e iria confrontá-lo já no próximo capítulo, quando no cap. 363 eles terminam frente a frente. Infelizmente, não vimos a conclusão dessa cena.

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O destino de Falconia

Griffith conquistou aquilo que mais almejava: seu grandioso reino. Falconia surgiu das cinzas Wyndham, depois da grande guerra contra o imperador Ganishka. Seguindo seu renascimento como Femto e, depois, sua reencarnação no mundo mortal, o Falcão da Luz percorreu um longo caminho até seu destino, mas o conquistou.

Porém, além de não vermos a continuidade da história da Falconia do Griffith, existe um ar de mau agouro sobre o reino grandioso. Para dominar o mundo, o Falcão recrutou humanos e demônios e, atrás do castelo real, os apóstolos demoníacos foram alocados no “Pandemônio” - uma área especial, coberta por uma cúpula negra, onde os monstros parecem estar vivendo “tranquilamente”.

Com a história do Rickert em Falconia, descobrimos que o reino não é tão perfeito quanto parece e existem pequenas rachaduras. Por quanto tempo o Griffith conseguirá manter o lugar na balança? Quem sabe...

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Para onde o Rickert foi?

Um dos últimos arcos do mangá foi dedicado a uma história do Rickert, sobrevivente do antigo Bando do Falcão, chegando em Falconia e confrontando Griffith.

Vimos uma espécie de ciúmes e competição vinda por parte dos novos servos do Falcão, o Rickert finalmente entendendo o que foi o Eclipse e, enfim, rejeitando o Griffith de uma forma que parecia impossível. Parece que o encanto espiritual dele não é 100% eficiente?

No fim das contas, depois de negar o Griffith, uma ordem de execução foi expedida para o Rickert. Porém, ele consegue escapar voando da cidade junto de Silat e Daiba - antigos inimigos do Guts - e guerreiros Kushan. É bem épico.

Desde os primeiros, arcos, é dito que o Rickert possui um destino importante; a fuga de Falconia e sua sobrevivência até aqui comprovam isso. A curiosidade sobre os próximos passos do rapaz ficou lá nas alturas.

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O Behelit do Guts

Quanto mais avançamos na história, mais o mistério em torno do Behelit que o Guts roubou de um apóstolo, no início da aventura, cresce. Isso porque já ouvimos de tudo sobre o artefato: de que ele é propriedade de alguém em específico e pode ser ou não do Guts.

O Behelit é aquela pedra estranha, em formato de ovo com rosto, que o Griffith usava de colar e lhe serviu para invocar a Mão de Deus e o Eclipse quando se tornou Femto. Já vimos outros Behelits na história, que funcionaram de maneiras diferentes, mas o que o Guts carrega continua sendo um mistério.

Eles são artefatos criados no “Abismo”, a parte mais profunda do Mundo Astral, para ligar essas camadas mais abissais ao mundo físico. Assim, eles servem para conjurar a Mão de Deus, mas também são peças de alto poder mágico - que o Cavaleiro Caveira usou para criar uma espada capaz de machucar os habitantes do Abismo.

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Quem são os membros da Mão de Deus?

Talvez uma das perguntas que mais angustia os fãs de Berserk é sobre os antagonistas dessa história. A Mão de Deus foi o que transformou a vida do Guts, do Griffith e da Casca; um grupo de demônios de alto nível, considerados deuses entre sua raça, capazes de conjurar o Eclipse. E mesmo sendo uma ameaça tão grande e agindo nas sombras durante a aventura toda, sabemos muito pouco sobre esses personagens.

Nos últimos arcos do mangá, descobrimos que eles são demônios que vivem no Abismo, a camada mais profunda e perigosa do Mundo Astral. Vimos mais de uma vez que eles conseguem se manifestar no mundo real através de avatares e que seu poder é imensurável. No entanto, os capítulos finais do mangá deram a entender que eles… não são invencíveis.

Nas memórias do Cavaleiro Caveira, vemos seu confronto contra a Mão de Deus. Mas aquele grupo era completamente diferente daquele que o Guts encontrou em suas aventuras. Com exceção do Void, o demônio com “cérebro” exposto, os outro quatro eram diferentes. Isso sem contar que eles eram cinco naquela época e, em algum momento, perderam um membro antes de recrutar o Griffith como Femto.

O que isso quer dizer? Façam suas teorias!

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Os objetivos da Mão de Deus

Isso sem contar que nunca tivemos um escopo geral do que a Mão de Deus pretende depois que transformam o Griffith em Femto. Os encontramos novamente algumas vezes, direta ou indiretamente, mas suas motivações dentro da ideia da “causalidade”, destino e profecias ainda são vagas.

Sabemos, porém, que o Griffith conseguiu realizar seu desejo, com seu renascimento e o surgimento de Falconia; que o Void é o alvo principal do Cavaleiro Caveira; e que, por influência ou diretamente, a Mão de Deus é responsável por vários desastres do mundo de Berserk até agora.

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O Deus do Abismo

Por fim, uma dúvida que consome muitos fãs desde que um capítulo “especial” do mangá foi lançado: o que será do Deus do Abismo?

Durante a transformação do Griffith em Femto, um capítulo diferente de Berserk foi lançado. “O Deus do Abismo (2)” é o cap. 83 do mangá e mostra o Falcão afundando nas camadas do Mundo Astral, até que chega ao fundo e encontra um ser magnânimo: a Ideia do Mal - ou Deus do Abismo.

Esse ser teria nascido do subconsciente humano e das nossas concepções de “mal”. Ele seria a entidade ao qual a Mão de Deus serve, que transforma o Griffith em Femto, senhor dos Behelits e tudo mais que você pode imaginar.

No entanto, o capítulo 83 foi excluído intencionalmente da publicação em volumes de Berserk, quando Miura achou que a apresentação da entidade aconteceu cedo demais e ele ainda não tinha total certeza sobre a Ideia do Mal.

Vale dizer que, conforme a história seguiu, o Deus do Abismo foi ficando cada vez mais “canônico”. Quando o grupo conversa com a Flora e ela explica sobre o Mundo Astral, a bruxa diz que a Mão de Deus pode servir a algo que existe no fundo do Abismo. Essa ideia volta a aparecer quando os magos falam sobre o Behelit e sua ligação com as camadas mais profundas do Mundo Astral.