Talvez o primeiro item desta lista pareça com uma pequena trapaça, mas a verdade é que a princesa Koriand’r, a Estelar, já teve todo tipo de visual. Desde a mãe de uma adolescente gótica até uma garota magricela, de uma personagem sexualizada para a oportunidade em trazer um pouco mais de diversidade ao mundo dos quadrinhos.

Em Asa Noturna #95, por exemplo, o artista Bruno Redondo se permitiu trazer uma versão da heroína similar a da série Titãs. Nela, Estelar é interpretada por Anna Diop, que sofreu duras críticas de uma parcela dos fãs quando foi escalada para o papel.

Mesmo que a inserção de Estelar na DC tenha sido com a estética de uma mulher negra, ao longo dos anos a personagem percorreu outros tipos de beleza. Nessa nova fase, a personagem parece estar retornando o visual original, ganhando traços afrodescentes. E, é impossível não relacionar a mudança com Diop.

Shuri pode ter se tornado a especialista em tecnologia de Wakanda nos últimos anos, mas nem sempre foi assim. De uma irmã sedenta por poder até uma personagem banhada em misticismo, os últimos quadrinhos com a personagem tomaram um novo rumo.

E esse rumo a aproxima do visual de Letitia Wright nos cinemas. Não apenas em questão de roupas e acessórios, a personagem passou a herdar diversas características da atriz, desde as tranças até alguns traços faciais.

A Palhacinha do Crime é um dos casos mais curiosos dessa lista. Arlequina passou por diversos visuais. Da roupa vermelha e preta colada ao corpo até variações questionáveis, roupa de enfermeira e muito mais.

Em 2015, a personagem parecia ter decidido seu visual. Com a pele usualmente branca, cabelo preto e vermelho, short e corpete, parecia que essa seria a identidade definitiva da personagem. Mas, em 2016, Margot Robbie chegou aos cinemas com sua versão da Arlequina.

Diversos aspectos da adaptação para os cinemas da personagem foram sendo adicionados aos quadrinhos, como o cabelo loiro com as pontas coloridas e a jaqueta vermelha. Hoje em dia, é impossível não ver uma capa do quadrinho de Arlequina — ou uma imagem promocional da série animada — e não lembrar de Margot.

Óculos preto, roupa de couro, esses aspectos parecem ter sido moldados com o caçador de vampiros Blade, mas a história não é bem assim. Blade, assim como outros personagens, foi seguindo a moda da época. Iniciou sua vida com um cabelo armado, então foi de estilos espalhafatosos até chegar próximo ao seu visual atual.

Mas, em 1998, Wesley Snipes chegou aos cinemas como o personagem e mudou tudo, com toda a estética do personagem exala o ator. Desde a estrutura óssea até como os óculos se encaixam em seu rosto. Entre aparência e estética, é possível dizer que Blade se moldou à imagem de Wesley Snipes e não o contrário.

O vilão do Demolidor, Mercenário, é outro caso à parte dessa lista. Isso porque o personagem deixou de lado seu uniforme preto e branco, mas ainda utiliza em algumas ocasiões, sendo entendido como seu “visual padrão”.

Porém, em 2003, o personagem seria interpretado por Colin Farrell nos cinemas. O filme pode não ter ido bem para o público ou crítica especializada, mas trouxe um visual novo para o vilão. Em 2010, a estética “adulta” e repleta de couro do filme seria resgatada por Jason Aaron e Steve Dillon.

Em Justiceiro Max, Mercenário ganha sua curiosa marca de alvo na testa, se tornando a versão em quadrinhos do personagem do filme.

Ryan Wilder pode ter tido uma vida curta no mundo das séries, mas a personagem interpretada por Javicia Leslie ganhou uma versão nos quadrinhos. Em Batgirl #50, conhecemos a “versão negra” da Batwoman.

Essa pode não ser a “atualização” de um visual dos quadrinhos por conta de uma adaptação — já que Kate Kane continua exercendo seu papel como Batwoman—, mas ainda é uma adição ocasionado por conta da série.

Além disso, Ryan promete ser uma adição fixa, já que cruzou o caminho das Batgirls em Batman: Urban Legends #5 (Batman: Lendas Urbanas em tradução livre) e apareceu em alguns materiais promocionais da DC.

O universo asgardiano nos quadrinhos sempre foi “branco” e “formal”, tanto nos filmes quanto nos quadrinhos. O filme de Taika Waititi, Thor: Ragnarok, mudou a situação do herói. E, entre essas mudanças, havia o visual de Valquíria.

Sabe-se que, em determinado momento, existiram diversas valquírias, mas, nos quadrinhos, apenas uma tinha um local de destaque. E, no caso, a personagem não tinha nada a ver com sua versão dos cinemas interpretada por Tessa Thompson.

Posteriormente, a Marvel decidiu incluir a versão de Tessa nos quadrinhos, colocando-a ao lado de personagens como Blink, Rapaz de Ferro, Wolvie e Khan.

Mesmo que a Marvel Studios e Kevin Feige não admitam, as séries da Marvel produzidas pela Netflix foram importantes para impulsionar o Universo Cinematográfico da Marvel. E isso inclui, invariavelmente, a formação dos Defensores e parte de seu visual.

Antes de 2015, ano de lançamento da série da Jessica Jones, tanto a detetive particular quanto Luke Cage já haviam consolidado um visual similar ao apresentado nas séries. Porém, se jeans e couro para Jessica e blusa amarela para Luke eram opcionais, após 2015 se tornaram mandatórios.

Em 2017, com o lançamento da série Os Defensores, a formação da Netflix invadiu os quadrinhos. Punho de Ferro e Demolidor não ficaram mais parecidos com suas versões da série, mas as artes dos quadrinhos tinham o cheiro e o “tudum” da Netflix. Sem contar que Mike Colter e Krysten Ritter se tornaram a personificação de Luke e Jessica.

Pensar nessa lista e não lembrar de Nick Fury é uma ofensa. Mas, a verdade é que o ator não inspirou a mudança de visual do personagem. Ou melhor, Samuel L. Jackson inspirou o personagem, mas não da forma que imaginamos.

Em 2001, Brian Michael Bendis e Mike Allred apresentaram a versão do universo Ultimate de Nick Fury. Negro, careca e com um tapa olho, o personagem havia tido o seu visual inspirado no ator Samuel L. Jackson.

Sete anos depois, em Homem de Ferro, o sonho se tornaria real. Em uma cena pós-crédito do filme, Jackson deu vida a Fury e, até hoje, a versão mais conhecida do personagem ainda é a dele.