Greve em Hollywood: Estúdios vão esperar roteiristas irem à falência para retomar conversas, diz site

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Greve em Hollywood: Estúdios vão esperar roteiristas irem à falência para retomar conversas, diz site

Por Leo Gravena

“Acho que estamos em direção a uma greve longa, e eles vão deixar sangrar” disse um veterano da indústria cinematográfica com ligações a CEOs dos estúdios para o Deadline, em uma extensa reportagem do portal sobre como os estúdios e streamings pretendem arrastar ao máximo a greve dos roteiristas, esperando que os trabalhadores em greve fiquem sem dinheiro e assim aceitem os termos das grandes companhias.

Com a greve dos atores pairando uma sombra sobre Hollywood, a greve dos atores já está em seu 71º dia, porém a AMPTP (Alliance of Motion Picture and Television Producers) – a associação comercial que as empresas estadunidenses de produção de televisão e cinema nas negociações com sindicatos da indústria do entretenimento – está planejando arrastar ao máximo as negociações com o WGA, a Associação de Escritores da América.

O Deadline diz que várias fontes ligadas a estúdios e streamings em Hollywood confirmaram a estratégia – que, na verdade, já foi posta em prática há semanas segundo a publicação. “Eles concordaram faz meses, antes mesmo do WGA realmente começar [a greve]”, disse outro executivo. “Ninguém queria uma greve, mas todo mundo sabia que acabaria acontecendo”. 

Segundo um executivo de estúdio, Warner Bros Discovery, Apple, Netflix, Amazon, Disney, Paramount e outras empregas grandes estão determinadas a “quebrar o WGA”, mas como essas grandes companhias e a AMPTP pretendem acabar com a greve? Esperando que os roteiristas fiquem sem dinheiro.

“O plano deles é permitir que isso se arraste até os membros da união começarem a perder seus apartamentos e perderem suas casas”, disse um executivo de estúdio para o Deadline. A reportagem deixa claro que várias outras fontes confirmaram a estratégia, com um insider dizendo que este é um “mal cruel, mas necessário”.

Roteiristas estão em greve desde o inicio de maio.

Estúdios e plataformas de streamings acreditam que com problemas financeiros, os roteiristas pressionarão a liderança da WGA e demandarão que eles retornem conversas antes do Natal. Dessa forma, as empresas estariam em uma posição de ditar a maior parte dos termos de um acordo. 

De acordo com o próprio site do Sindicato dos Roteiristas, as demandas para o fim da greve incluem um aumento da compensação mínima (reajuste do piso salarial), expansão das proteções para todos os roteiristas de televisão aumento no salário residual para os mercados que reutilizam obras já existentes (reexibições e lançamentos no streaming).

Além disso, há demandas sobre uma maior regulamentação no uso de inteligência artificial e algoritmos tecnológicos treinados, além de uma legislação mais detalhada sobre cláusulas de exclusividade nos contratos de roteiristas televisivos, além da exigência de medidas para combate à descriminação e o assédio contra a classe.

Por enquanto, a greve se estende apenas aos roteiristas mas isso pode mudar em breve, uma vez que vários sindicatos de Hollywood, como dos atores e diretores, também não estão felizes com os pagamentos esdrúxulos feitos pelos estúdios com a ascensão do streaming.