Afinal, por que a Globo quis acabar com a TV Globinho?

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Afinal, por que a Globo quis acabar com a TV Globinho?

Por Junno Sena

Mesmo após quase dez anos do fim da TV Globinho, o programa de televisão infantil produzido pela Globo, ainda deixa saudades. Além do sentimento nostálgico, existe uma pergunta que, constantemente, toma as redes sociais: Por que acabou?

Conhecido por exibir animes como Dragon Ball Z, Digimon, Yu-Gi-Oh!, mas também animações americanas como As Aventuras de Jackie Chan, Caverna do Dragão e Os Simpsons, a TV Globinho ficou no ar entre 2000 e 2012.

A primeira vez que sofreu um corte foi para dar lugar ao programa Encontro com Fátima Bernardes. Poucos sabem, porém, esse não foi o fim definitivo do programa.

Nos três anos seguintes, a TV Globinho passou a ser exibida aos sábados, mas com um corte de apresentadores, transformando o programa em uma coletânea de episódios de diferentes animações exibidas pela manhã. Em 2015, ele deu lugar ao programa É de Casa.

Por que a TV Globinho acabou?

TV Globinho se destacava pela sua programação e apresentadores

A resposta mais simples para o fim da TV Globinho engloba também a publicidade infanto juvenil. Em 2014, foi criada a resolução 163 que proíbe a publicidade direcionada a crianças.

Feita pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), isso impossibilitou que programas infantis se tornassem rentáveis, uma vez que não poderia ser vinculada publicidade direcionada a esse público.

Foi culpa da Fátima Bernardes?

Logo de Encontro com Fátima Bernardes

Porém, boa parte do antigo público da TV Globinho culpabiliza Fátima Bernardes pelo fim do programa infantil. Em uma entrevista para a Roda Viva, da TV Cultura, feita este ano, a jornalista comentou sobre o assunto.

“Eu estava com vontade de fazer uma coisa diferente. Comecei a olhar a grade da Globo. Na época, o ‘Globo Rural’ era diário. Tinha ‘Globo Rural’, jornal local, ‘Bom Dia Brasil’, Ana Maria Braga e, de repente, desenho. Aí jornal local, ‘Globo Esporte’, ‘Jornal Hoje’. Falei: ‘Gente, esse desenho está perdido nesse meio”, relembrou.

A fala se tornou uma espécie de “declaração da culpa de Fátima”. O problema é que não é tão simples assim. Mesmo que Fátima tenha dado uma alternativa para a TV Globinho, o programa não entregava o mesmo retorno financeiro de antes.

Em comparação com o SBT e a Record, a Globo, ao dar algumas horas de desenho, perdia um público alvo. Na época, a Record havia desistido do desenho e o SBT exibia uma programação infantil desde as 7h da manhã.

“É um horário em que você não anuncia… Aí sugeri um programa para esse horário que venha da Ana Maria, que é entretenimento, e que a gente possa entregar para o jornalismo local. Foi um programa que surgiu assim”, revelou.

Programas como o Encontro e É de Casa resolveram dois problemas da emissora: (1) a concorrência com outros canais e (2) a possibilidade de implementar publicidade de segmentos como alimentício, produtos de limpeza, bancos e outros.

No fim das contas, o que parecia um plano maligno de Fátima Bernardes foi apenas uma decisão econômica por parte da emissora.

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