Review: Mario Party Superstars é um convite para uma festinha básica e humilde

Capa da Publicação

Review: Mario Party Superstars é um convite para uma festinha básica e humilde

Por Gabriel Mattos

No final de outubro, o terror das amizades retornou ao Nintendo Switch para espalhar o caos nas reuniões de amigos deste fim de ano. Estou falando de Mario Party Superstars, o segundo título da franquia para o console híbrido. Com a proposta de resgatar a era de ouro dos jogos de tabuleiro digitais, o novo game visita os melhores momentos de seu passado. Mas, acomodado em nostalgia, esquece de mostrar o que pode oferecer de novo.

Ficha Técnica

Título: Mario Party Superstars

 

Desenvolvedora: NDCube

 

Distribuidora: Nintendo

Plataformas: Nintendo Switch

 

Lançamento: 29 de outubro de 2021

 

Gênero: Party Game, Minijogos

 

Modo: Multiplayer local (e Single-player), Multiplayer online (Global ou entre amigos)

Seguindo a tradição, Mario Party Superstars é um jogo de tabuleiro onde até quatro jogadores competem pela glória, encarando minijogos inusitados e reviravoltas absurdas. Até o anúncio final, qualquer um pode se tornar a Superestrela, especialmente com o retorno das regras clássicas da franquia.

Depois de ter desviado cada vez mais de suas origens, desde o lançamento de Mario Party 9, Superstars tenta ao máximo não sair da linha de saudosismo determinada pelos veteranos da franquia: o objetivo maior são estrelas, nada de dados únicos, nem minijogos com truques baratos… E, a princípio, esta parece uma decisão muito acertada.

As partidas de Mario Party estão divertidas como sempre, trazendo muitas oportunidades para sacanear seus amigos ou se aliar com os mais chegados. A maior graça do game vem da sua interação com os amigos, que acaba acontecendo fora de tela. Mas o jogo sempre acaba gerando novas situações para incentivar zoações, provocações e uma competição saudável com as pessoas que você gosta. Felizmente, isto está de volta sem nenhum prejuízo nesta versão.

Perdeu tudo! O drama da Daisy, a fracassada sem estrela, sem brilho.

Por outro lado, jogar sozinho continua tão deprimente quanto você pode imaginar. A inteligência dos adversários robóticos não é nada confiável, mas Superstars conta com uma possibilidade muito aguardada para contornar a solidão: um robusto modo online. Adicionado apenas recentemente em seu antecessor por meio de uma atualização, Superstars foi construído para tirar proveito da conectividade onipresente desde o início e faz isso com louvor.

Começar uma partida online é trivial, especialmente graças aos menus limpos e diretos que te levam diretamente para a ação em passos simples — algo um tanto incomum em jogos da Nintendo.

E mesmo sem o calor que só é possível interagindo com uma pessoa ao seu lado, se comunicar com amigos, ou desconhecidos, tem o seu charme com as opções de figurinhas que surpreendentemente cobrem uma grande gama das emoções que surgem em uma partida de Mario Party. Nada é mais satisfatório que mandar um “MUAHAHA!” com a imagem do Bowser após uma jogada particularmente maldosa, ou um singelo “Para!” com a carinha do Goomba quando seus amigos decidem se juntar contra você.

Modo online é uma boa opção para os dias solitários

A conexão no tabuleiro não deixa nada a desejar, mas quando o assunto são os minijogos, a coisa varia bastante de figura. Alguns exigem uma conexão mais estável, enquanto outros funcionam perfeitamente bem com aquele amigo que sempre está com a internet zoada. De qualquer modo, vão haver momentos de frustração que os servidores do jogo não conseguem contornar. E a situação fica ainda pior nos modos online de minigames.

Para sessões mais curtas e objetivas, o jogo conta com diferentes jeitos de jogar seus minijogos, sempre com a opção de procurar adversários online. Os modos de desafio diários ou com os desafios mais populares estão sempre funcionando a todo vapor, mas quanto mais específico é o jogo que você está querendo jogar, mais difícil é achar um oponente. Há até mesmo alguns quebra-cabeças que você simplesmente não encontra adversários, o que é preocupante para um jogo no início do seu ciclo de vida. Afinal, a tendência é os jogadores ativos ficarem cada vez mais escassos.

Falando dos minijogos, não podemos deixar de comentar sobre essa vibrante coleção dos momentos mais aclamados da franquia. Mesmo limitados ao apertar de botões, os desafios escolhidos conseguem entregar uma pluralidade de experiências revigorante: desde uma macabra partida de Batatinha Frita 1,2,3 com Chomp Chomp à uma frenética corrida futurista. Tudo muito bom, mas insistir em reaproveitar conceitos de décadas atrás sem nenhuma atualização tem o seu preço.

Batatinha Frita… Um… Dois… Três!

Enquanto a maioria dos minijogos é rápida de aprender, a ausência de desafios que tirem proveito dos sensores de movimentos ou qualquer inovação acaba sendo um tiro no pé. Afinal, desde Mario Party 8, a Nintendo tem se dedicado a construir uma seleta coleção de minijogos, com usos cada vez mais criativos do motion control, que simplesmente são esquecidos. Grandes clássicos modernos ficaram de fora desta celebração da história de Mario Party simplesmente para agradar os mais saudosistas, deixando um gosto amargo de oportunidade perdida.

Parte da magia que vimos com Super Mario Party acaba se perdendo, como se a série tivesse retrocedido o pouco progresso que fez em suas últimas edições — um sentimento que é recorrente em diversos momentos. A seleção de personagens, por exemplo, apesar de contar com os nomes mais populares da família Super Mario, deixa de lado as opções mais inusitadas que você veria em seu antecessor. A redução no elenco, inclusive, é gritante — e não há personagens para desbloquear, ou mapas, ou qualquer coisa relevante.

A falta de conteúdo é um dos pontos mais incômodos de toda a experiência, especialmente quando cai a ficha que o conteúdo que você encontra ao ligar o jogo pela primeira vez é o mesmo até o final. Levando em conta que a direção de arte permanece inalterada desde Mario Party 10 para Nintendo Wii U, era de se imaginar que torna a economia de tempo seria convertida em novos conteúdos, mas não é bem assim.

Mario Party Superstars traz apenas o básico da franquia.

Um exemplo agridoce são os mapas. Eles nunca estiveram tão lindos como agora, revitalizados para toda a glória da alta definição. Contudo, eles nunca tiveram menos funcionais também, deixando de lado aspectos únicos que tornaram seus jogos originais tão marcantes. Há sempre uma concessão em Mario Party Superstars e a sensação é que, para ganhar algo, você sempre tem que perder também.

Mesmo com a grata surpresa da localização completa em português brasileiro, com uma qualidade absurda e até mesmo dublagem, fica difícil ignorar o sentimento que de uma festa que não decola. Não é aquele festão que você se acaba na pista de dança e que alguém tem que te agarrar para você largar de mão. Está mais para aquela festinha infantil básica, que você vai só para comer seus quitutes favoritos e voltar para casa, para ver sua live no Twitch.

No final, Mario Party Superstars se perde em sua obsessão de reviver os dias de glória. Depois de duras críticas dos fãs, os produtores sentem uma necessidade de retornar aos trilhos para não saturar, sem se dar conta que estes trilhos dão em no beco sem saída da estagnação. Fica difícil enxergar um futuro promissor para a franquia, mas mesmo os jogos menos inspirados de Mario Party ainda conseguem entregar uma experiência única e absurdamente divertida com os amigos e família.

7.5/10

Então caso você já seja um fã de longa data procurando reviver os dias de glória, pode confiar que Mario Party Superstars tem mais do que o suficiente para te prender por horas. Mas caso você esteja querendo a experiência definitiva da franquia no Switch, pode ser melhor olhar para seu antecessor, Super Mario Party.

Fique com: