Pokémon: Conheça os artistas brasileiros que estão fazendo um redesign completo da franquia

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Pokémon: Conheça os artistas brasileiros que estão fazendo um redesign completo da franquia

Por Gabriel Mattos

Pokémon é uma marca que cresce com a gente desde pequenos. Começa com o desenho, depois passa para os jogos e, quando percebemos, fomos completamente capturados por esse fascinante universo de monstrinhos de bolso.

E assim, liderado pelo carisma de Pikachu, Pokémon conquistou o mundo.

Hoje, as criaturinhas estampam camisetas, chinelos, roupas de grife e o que mais você imaginar. Neste sábado (27), Pokémon celebra 25 anos de história. Para se manter relevante, a franquia precisou se reinventar inúmeras vezes. E nessa constante evolução, mudou-se até mesmo o jeito que são feitos os Pokémon.

É um novo mundo de aventuras…

As diferenças são sutis, mas não passaram despercebidas pelos fãs. Não demorou para que o público se dividisse entre aqueles que amam os novos monstrinhos e os que não superam os Pokémon originais — apelidados de genwunners. Logo surgiram os memes incentivando rivalidade e foi graças a uma dessas publicações que surgiu o projeto Pokémon ReBoot.

Os Pokémon iniciais que deram origem a um projeto de sucesso

Icaro (ou @ikki382), um artista de 28 anos, viu no meme uma oportunidade de imaginar como ficariam os Pokémon mais clássicos caso fossem criados nos dias de hoje. Mas recriar a Pokédex não é uma tarefa fácil. Ele sabia que precisava de alguém que “topa ir fundo nas ideias mais bizarras que existem” para desenvolver os monstrinhos mais criativos, então ele convidou Mauricio (@maumesart), 24.

A história da dupla com a franquia Pokémon é como a de qualquer outro fã. Maumes se apaixonou pelas aventuras de Ash, Misty e Brock ainda criança e anos depois, só em 2005, começou a jogar Pokémon Crystal em seu GameBoy Color. “Desde então eu não parei de jogar.” Já o Ikki foi atraído por capricho do destino. “Meu primeiro contato com a franquia foi achando uma figurinha do Mewtwo na rua […] Fui assistir a partir daí e amei!

O projeto começou de forma bem despretensiosa. Eles publicaram um esboço dos três Pokémon iniciais de Kanto, feito por Maumes e finalizado pelo Ikki, em uma página no Instagram. O resultado conquistou tanto os genwunner quanto os fãs mais novos e logo a página do Pokémon Reboot estava bombando com milhares de acessos.

Maumes conta que “Foi muito engraçado descobrir que tem um fã para CADA POKÉMON EXISTENTE, sem tirar nem pôr! Toda postagem que fizemos de Kanto tinha alguém comentando como estava feliz em ver seu Pokémon preferido modernizado.

O Pokémon Balão e o Pokémon Golem trazem referências mais acentuadas de suas origens

…E o perigo é bem maior.

A chave para agradar até mesmo esses fãs mais apaixonados foi abraçar as inspirações de cada Pokémon, acentuando suas qualidades ao combinar um estilo pessoal com o traço de Ken Sugimori, principal ilustrador da franquia, e James Turner — diretor de arte de Pokémon Sword e Shield.

Claro que a maior inspiração na hora de criar as versões modernas são os Pokémon lançados nas últimas gerações — originários dos jogos Pokémon X e Y (2013) em diante. Hoje em dia, os Pokémon trazem um traço muito mais arredondado para se distanciar de qualquer comparação com rinhas de animais. E também para vender mais pelúcias, claro.

O traço super arredondado marca as novas gerações.

Se considerar, por exemplo, os monstrinhos de Kanto. Eles são quase sempre anatomicamente parecidos com algo realista, agressivo.” revela Ikki. “Com o passar das gerações, eles foram ficando mais amigáveis e distintos.

Hoje o projeto se aproxima da marca de 60 mil seguidores e a expectativa do público nunca foi tão extrema, revela Maumes. “As pessoas lidam com a nossa página como se fosse (oficial) da própria franquia e é complicado. Ainda somos somente dois artistas lidando com tudo isso.

O trabalho da dupla traz uma apresentação tão profissional que o público quase esquece se tratar da arte de dois fãs apaixonados pela franquia. Há uma cobrança irreal de que todo design seja impecável. Mas Ikki procura se divertir até das situações mais absurdas. “…Recentemente alguns dos nossos esboços vazaram no 4chan e pela primeira vez senti na pele o que a Pokémon Company sente a cada geração nova hahaha.

É uma nova jornada, com novas emoções…

Nos jogos mais recentes, começando com Pokémon Sun e Moon, a própria Pokémon Company se entregou a ideia de revisitar designs antigos com as formas regionais — variações que adaptam Pokémon clássico aos biomas das novas regiões. A reação dos fãs não poderia ser mais positiva, o que só comprova o poder de revisitar nossos Pokémon favoritos com um novo olhar.

Maumes cria suas próprias formas regionais

Maumes e Ikki estão entre os fãs da nova mecânica. “É o tipo de coisa que a gente não sabia que precisava até ter.” Maumes é encantado com as variantes de Galar, mas guarda um lugar especial no seu coração para Farfetch’d, Meowth e Zapdos — todos Pokémon que já foram refeitos em seu projeto.

Ikki espera um dia ver novas versões das feras lendárias de Johto, um dos trios mais aguardados pelos fãs do Pokémon ReBoot. Desde o misterioso Mewtwo que os Pokémon lendários despertam o fascínio dos jogadores da franquia. “Adoro sua mitologia e como isso impacta no design. Recentemente também tenho amado as Ultra Beasts, onde a Pokémon Company pôde fugir de designs ‘normais’ e criar criaturas realmente bizarras.

Como quase tudo em Pokémon, as Ultra Beast dividem a opinião do público desde a sua introdução. Muitos defendem a maturidade que trouxeram à franquia por explorarem conceitos de ficção científica, mas outros se sentem quase ofendidos por seu design transgressor.

Para Ikki, a grande vantagem das feras foi devolver a liberdade criativa à Pokémon Company. Depois de quase dois anos trabalhando no Pokémon ReBoot, a pressão do público acaba limitando a sensação de liberdade sentida quando tudo começou.

Até os melhores Pokémon ganham uma incrível versão alternativa

…Mas ainda Temos que Pegar!

Quando surge o desejo de criar algo mais autoral, a dupla revive seus tempos de anonimato criando seus próprios Fakémon — criaturas totalmente originais feitas por fãs sem relação direta com os Pokémon oficiais da franquia. Maume confessa que “ainda é muito mais legal criar meus próprios Fakemon sem a preocupação de saber que um tamanho público espera por eles.

Ikki nutre o mesmo sentimento, mas reforça que o Pokémon ReBoot abriu muitas portas em sua carreira. “Ele me deu oportunidade de conseguir ter uma fonte de renda desenhando Pokémon, que sempre foi um sonho pra mim. E com o alcance que conseguimos é muito gratificante ver tanta gente elogiando e esperando ansiosa pelo nosso próximo monstrinho.

Ikki quer reimaginar Hoenn desde 2019.

Juntos, Maumes e Ikki  já reinterpretaram completamente a Pokédex de Kanto — que consiste dos 151 monstrinhos encontrados em Pokémon Red, Blue, e nas temporadas iniciais do anime. A fase atual do projeto já começou a explorar a Segunda Geração, reinventando os Pokémon originários da região de Johto.

Apesar de ser muito querida, essa geração não é tão reconhecível quanto a primeira, o que gerou uma inquietação no público. “Johto tem uma gama grande de Pokémon ‘esquecidos’ que não chama tanta atenção.” No momento o plano é acelerar o final dessa geração para então adaptar os Pokémon da saudosa região de Hoenn.

Não está definido até que geração o projeto se estenderá, mas a ideia original nunca foi alcançar os jogos mais modernos. Com a terceira geração, os artistas estudam novas maneiras de atender as expectativas do público sem perder a liberdade criativa. “Estamos avaliando talvez não postar tudo na ordem, ter uma liberdade maior com isso, pode ser divertido!

Mesmo com apenas dois anos de projeto, Pokémon ReBoot já faz parte da história da franquia. Hoje, com o Pokémon Presents, tivemos um pequeno vislumbre do futuro da franquia, retornando à região de Sinnoh, mas as possibilidades são infinitas.

Para Maumes, Pokémon precisa de escolhas mais ousadas, “como iniciais com tipos não tradicionais e regiões sem Pokémon antigos.” Já Ikki acredita que, seguindo em frente, Pokémon precisa voltar a quebrar suas convenções quando o assunto é história: faz falta “um plot mais desenvolvido como foi em Black e White”.

Visitar a página Pokémon ReBoot é embarcar em uma nova jornada

Em 25 anos, Pokémon alcançou um sucesso incomparável na indústria do entretenimento, revolucionando o jeito que nos relacionamos com a marca. Para os próximos 25 anos, tenho certeza que a franquia continuará evoluindo, reacendendo o sonho de se tornar um Mestre Pokémon a cada nova geração.

Conheça o projeto no Instagram Pokémon Reboot. Não deixe de seguir também o Ikki e o Maumes para mais conteúdo original de Pokémon e outras artes incríveis da cultura nerd.

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