Watchmen: 1×04 – Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!

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Watchmen: 1×04 – Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!

Por Gus Fiaux

A primeira temporada de Watchmen continua sua jornada insana e misteriosa na HBO. Já estamos nos aproximando da metade do caminho, com o quarto episódio dando uma desacelerada nas revelações bombásticas, enquanto a Irmã Noite e Laurie Blake unem forças para investigar o misterioso caso do carro que caiu do céu.

O quarto capítulo da série, intitulado “If You Don’t Like My Story, Write Your Own” – em tradução livre, “Se não gosta da minha história, escreva a sua própria”. Sugestivo, não? – também nos apresenta uma nova figura que deve ser muito importante no desenrolar dessa história. Trata-se de Lady Trieu, interpretada por Hong Chau.

O episódio já começa mostrando como ela conseguiu o terreno do que viria a ser sua base de operações. Tudo isso mostra como ela veio para se tornar uma nova “representante” do legado de Ozymandias – e as ligações não param por aí, já que ela parece intrinsecamente ligada à trama de Adrian Veidt.

Por exemplo, ela possui um vivário na sua base de operações, que por sua vez é muito similar à base que Ozymandias tinha na saga original, localizada na Antártica. Aliás, ela parece se inspirar e citar várias frases do ex-Minutemen, inclusive em uma cena que ela faz uma breve referência ao discurso que Ozymandias deu a Rorschach e Coruja, quando eles finalmente descobrem o plano do personagem.

E é justamente ela que parece ser o centro de todos os elementos da nova série. Sabemos que ela está de conluio com Will Reeves, o avô de Angela Abar/Irmã Noite. E sabemos também que ela está desenvolvendo algumas drogas especiais que usa em sua própria filha, a julgar pela última cena do episódio.

Mas tudo isso é apenas uma engrenagem no quebra-cabeça dessa história. O episódio pode ser considerado como sendo mais de “transição”, mas aqui são colocados na mesa vários mistérios que ainda devem ser revelados aos poucos – como acontece na própria narrativa da HQ.

Por exemplo, o que era o meteorito que caiu na propriedade onde seria a base de Lady Trieu? A coloração azul parece ser bem sugestiva, especialmente com o mistério envolvendo o paradeiro do Doutor Manhattan. Ou então, quem era o vigilante prateado observando Angela Abar? Seria, por algum acaso, o fiel seguidor de Laurie Blake?

Tudo isso são questões que a série está jogando no ar, mas que só devem ser respondidas aos poucos. No fim das contas, é justamente isso que sempre tornou a narrativa de Watchmen – seja nas HQs, no cinema ou na série de TV atual – tão envolvente: a investigação que leva a revelações descomunais.

Além disso, é interessante observar como Lady Trieu tem seus paralelos com Ozymandias. Na minha visão, todos os personagens dessa série representam, de alguma forma, os personagens da HQ original. A Irmã Noite é quase o Rorschach, já que é ela quem conduz a série e toda a investigação. Laurie Blake pode ser vista tanto no papel do detetive mascarado quanto do Coruja, já que é quem auxilia a Irmã Noite a cumprir seu papel, e por aí vai.

No entanto, o que realmente precisamos nos atentar aqui é como essas comparações podem acabar soando como um alarme falso. Tudo bem que Trieu tem todo o porte do Ozymandias, mas seria óbvio demais se ela fosse a responsável por todo o caos que está prestes a se desenrolar. Por mais que seu papel seja grande, é pouco provável que ela realmente seja a “grande vilã” por trás de tudo.

E quanto ao próprio Ozymandias, ele continua em suas cenas excêntricas, tentando fazer experimentos que não parecem dar certo. No entanto, mais de uma vez ele sugere como está preso e como quer se livrar de sua sina. Isso pode parecer bobagem, a primeira vista, mas levanta algumas suspeitas para a natureza de seu cárcere.

Com a revelação de que Trieu está desenvolvendo pílulas capazes de “dar sonhos” em sua filha, eu não ficaria surpreso em descobrir que Veidt realmente está morto, e sua consciência está em uma espécie de realidade virtual ou artificial. Isso inclusive seria uma das formas de impedir a onipresença do Doutor Manhattan, fazendo com que ele não possa descobrir seus planos.

Claro que, por ora, tudo não passa de suposição. No entanto, Watchmen está justamente se provando um terreno fértil para as mais diversas teorias e especulações dos fãs – o que é ótimo, pois nos deixa cada vez mais ávidos por novos desenrolares para essa trama.

Em termos técnicos, o episódio mantém a qualidade dos anteriores, e faz um uso útil de efeitos práticos e visuais. É pouca coisa, mas ajuda a dar um realismo maior para esse universo. O design sonoro também se mantém muito bom – e por mais que muitos não deem bola para isso, é o tipo de série que faz um uso ótimo de seus recursos, tanto a captação de som quanto a inserção de trilha sonora.

No geral, não há muito mais a se falar. O quarto episódio de fato funciona como um episódio de transição, mas isso não significa que ele não nos deixe justificadamente apreensivos e curiosos para saber o que vem a seguir. Com sorte, a partir dos próximos capítulos já teremos mais respostas que novas perguntas. Ou não.

Na galeria abaixo, fique com imagens da série:

Watchmen vai ao ar aos domingos, na HBO.