[CRÍTICA] O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio – Dias de uma franquia que devia ser esquecida!

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[CRÍTICA] O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio – Dias de uma franquia que devia ser esquecida!

Por Gus Fiaux

Chegando aos cinemas nesta semana, temos um novo capítulo da franquia O Exterminador do Futuro – dessa vez, com o retorno de um de seus criadores, James Cameron. Em Destino Sombrio, vemos duas novas sobreviventes tentando lutar contra um novo Exterminador, enquanto Sarah Connor retorna à ativa para se vingar de algo que aconteceu em seu passado.

Após dois filmes muito controversos – A Salvação Gênesis – o filme promete ser um retorno à forma, desconsiderando tudo o que veio depois de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Porém, a nova empreitada acaba se vendo refém dos mesmos erros do passado…

Ficha Técnica

Título: O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate)

Direção: Tim Miller

Roteiro: David S. Goyer, Justin Rhodes, Billy Ray e James Cameron

Ano: 2019

Data de lançamento: 31 de outubro (Brasil)

Duração: 128 minutos

Sinopse: Sarah Connor e uma humana híbrida precisam defender uma jovem mulher de um Exterminador modificado enviado do futuro.

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio – Dias de uma franquia que devia ser esquecida!

E aqui vamos nós de novo. O Exterminador do Futuro está de volta nos cinemas. Nos últimos anos, a saga passou por um declínio perceptível, com o lançamento de bombas como o prequel A Salvação (2009) e o “rebootGênesis (2015).Agora, a saga está de volta às mãos de seu criador, já que James Cameron além de ter dado a ideia da história, também é um dos nomes que assina a produção do filme.

Contudo, a cadeira de diretor de Destino Sombrio fica com Tim Miller (Deadpool). A proposta do longa é justamente fazer um retcon de toda a franquia, ignorando tudo o que foi lançado após seu melhor capítulo, O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final, de 1991. Assim sendo, o longa funciona como o “terceiro” filme da franquia, desconsiderando os lançamentos mais que questionáveis das últimas décadas.

A história, por sua vez, segue duas novas personagens: a poderosa Grace (Mackenzie Davis), uma guerreira enviada do futuro para proteger Dani Ramos (Natalia Reyes), enquanto são caçadas por um novo Exterminador chamado apenas de Rev-9 (Gabriel Luna). No caminho, elas encontram Sarah Connor (vivida novamente por Linda Hamilton) e o T-800 (Arnold Schwarzenegger), que precisam impedir um novo Dia do Juízo Final.

O Exterminador do Futuro é uma franquia peculiar. Os dois primeiros filmes são, indiscutivelmente, clássicos de sua época, tendo revolucionado o cinema de ação e ficção científica de uma maneira espetacular, em parte graças à presença letal de Arnold Schwarzenegger e à força e carisma que Linda Hamilton trouxe para sua personagem, a mãe do líder de uma revolução do futuro.

Desde então, a saga caiu em diversos problemas. Apesar de seus momentos, o terceiro filme da franquia, A Rebelião das Máquinas (2003) foi o começo do declínio, já que nem sequer se equiparava aos seus antecessores. O que veio depois, como dito anteriormente, são bombas. Ainda assim, Hollywood continua, de tempos em tempos, investindo em novos lançamentos para a franquia, e isso nos leva ao Destino Sombrio. 

Desde a divulgação, o filme prometia ser um “retorno à forma”, uma continuação à altura de O Julgamento Final e o retorno aguardado de Linda Hamilton ao papel de Sarah Connor. E embora esses sejam destaques mais do que positivos do lançamento, é frustrante observar como a franquia caiu em um lugar comum e vive da repetição, sem se preocupar em tecer histórias novas.

 

A trama do novo filme é apenas uma desculpa para refazer tudo o que já havia sido feito em filmes anteriores da franquia – e não apenas os bons. A personagem de Mackenzie Davis aparece aqui como uma substituta de Kyle Reese, enquanto sua protegida, vivida por Natalia Reyes, não passa de uma versão moderna de Sarah Connor, à primeira vista.

E isso não quer dizer que as atrizes não se esforçam. Davis se entrega de corpo e alma, fornecendo uma personagem séria e que manda muito bem nas sequências de ação – o que completa o fato dela ser uma híbrida humana com melhorias cibernéticas. Natalia, por outro lado, atua bem nas cenas mais emocionantes, mas se vê refém de um roteiro fraco que, na metade do filme, joga um plot twist capenga para transformá-la em outra personagem, do nada.

Porém, as chances são de que você, caro leitor, só está disposto a ver esse novo filme pelo retorno de Linda Hamilton Arnold Schwarzenegger. E se esse for o caso, ao menos sua experiência terá valido a pena. Sarah Connor está de volta, ainda mais rebelde e experiente – ainda que um elemento de sua trama seja bem decepcionante, especialmente por ser jogado de uma maneira tão rasa – enquanto o T-800 rende momentos bons de ação e de humor, graças ao carisma de Schwarzenegger.

Quanto ao vilão da franquia, não temos nenhuma grande novidade. Gabriel Luna até consegue ser um inimigo imponente, como o poderoso Rev-9. Ainda assim, sua tecnologia não é muito inovadora, e até mesmo suas habilidades “especiais” são coisas recicladas de outros filmes da saga, como o próprio O Julgamento Final. 

Aliás, o filme se espelha tanto no segundo longa de James Cameron que não consegue criar uma identidade própria. Apesar do visual modernizado e de efeitos de computação gráfica muito bem renderizados, o filme se perde na construção de uma história que mais parece uma colcha de retalhos dos maiores acertos da franquia. No fim das contas, é um longa raso e sem vida, que se sustenta unicamente na boa vontade dos fãs e na nostalgia.

Para piorar, a história realmente não tem força o bastante para guiar esses novos personagens. Até as mais simples reviravoltas são previsíveis por qualquer um que tenha visto pelo menos dois filmes da saga. O que se justifica nisso tudo são as cenas de ação, muito violentas e empolgantes. No fim das contas, esperamos apenas por momentos longos de exposição e de repetição das mesmas tramas do passado para sermos recompensados com pancadaria.

Tudo isso pode estar parecendo pessimista, mas a verdade é que O Exterminador do Futuro não tem muito mais a entregar em sua proposta. Destino Sombrio é a prova cabal de que a saga devia ter terminado em seu segundo filme, com uma conclusão simples e satisfatória. Não é um filme ruim, nem de longe, mas é decepcionante para quem esperava uma continuação que expandisse a história, em vez de apenas repeti-la.

Quanto à direção de Tim Miller, o diretor se esforça – e inclusive mostra toda sua evolução após o primeiro Deadpool. As cenas de ação são mais frenéticas e o uso do CGI parece bem mais polido e realista, ainda que ele não consiga imprimir toda essa empolgação em outros momentos, quando os personagens estão apenas conversando, por exemplo.

E tudo isso se deve ao roteiro – que conta com três autores, sem contar os nomes por trás do desenvolvimento da história. É visível o cuidado em se manter fiel aos dois filmes de Cameron, até mesmo no tom – mas isso acaba removendo qualquer traço de originalidade que o longa poderia ter. Até mesmo A Salvação é um filme mais original que essa nova aventura.

Ainda assim, para quem gosta da franquia e não se importa em ver mais do mesmo, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio ao menos tem seu valor de entretenimento. Como dito, as cenas de ação ao menos são divertidas e o filme carrega um tom que vai deixar os saudosistas satisfeitos, ainda que se arrisque muito pouco (na verdade, a única vez em que o filme se arrisca, logo no começo, ele aposta justamente em uma decisão errada).

Além disso, há alguns problemas de ritmo, já que as partes mais “paradas” não são nem um pouco interessantes. O começo do filme, como um todo, é lento e demora a chegar aonde quer, com a única virada acontecendo quando as protagonistas encontram Sarah Connor – o momento em que o filme realmente começa a empolgar um pouco.

No fim das contas, a chegada dos Exterminadores é quase como uma metáfora para a franquia O Exterminador do Futuro, como um todo. Eles surgem, causam problemas e são derrotados a muito custo, mas sempre retornam quando menos imaginamos. É exatamente assim que os filmes da saga estão soando: como pestes que voltam de tempos em tempos. Porém, em vez de aparecerem quando menos imaginamos, eles retornam já quando não nos importamos mais.

Na galeria abaixo, veja imagens do filme:

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio está em cartaz nos cinemas.