Star Wars Visions: Todos os episódios do anime, do pior ao melhor

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Star Wars Visions: Todos os episódios do anime, do pior ao melhor

Por Gabriel Mattos

Star Wars: Visions chegou para mexer com as estruturas deste universo fantástico há muito preso em um ciclo de nostalgia. Esta antologia do Disney+ foi produzida por renomados estúdios de anime, sem as amarras do cânone atual. A proposta era retornar às origens e repensar esta galáxia muito distante sob uma ótica oriental, que é de onde vem a inspiração original da franquia. O resultado não podia ser mais incrível.

Ao longo de novos episódios, vemos coisas que nenhuma história oficial, seja em filmes ou livros, sequer ousou tocar: como robôs jedi e sabres neutros na força. No final, cada episódio tem algo de interessante para agregar, mas nem todos são igualmente relevantes. Considerando roteiro, originalidade e quão bem a temática galáctica foi incorporada à linguagem de anime, confira o ranking de todos os episódios, do pior ao melhor.

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Akakiri

O último episódio da antologia é também um dos mais fracos em geral. A premissa de Akakiri é interessante — um jedi apaixonado por uma princesa precisa ajudá-la a reverter um golpe político. Mas mesmo entregando visuais interessantes, o conto tem problemas para gerenciar seus quase doze minutos de duração de forma eficiente.

A construção do mundo é completamente deixada de lado em prol de retratar uma relação forte e convincente entre os protagonistas. O problema é que, sem perceber, acaba repetindo à risca o que vimos com Anakin e Padmé em Ataque dos Clones. Tamanha semelhança acaba frustrando a surpresa da virada final do episódio, que não passa de um velho conhecido dos fãs.

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Balada de Tatooine

Balada de Tatooine tinha tudo para ser um dos grandes destaques da série. Afinal, além de se passar em um dos planetas mais icônicos da franquia — a desértica Tatooine — ainda conta com versões adoráveis de personagens icônicos, como Boba Fett e Jabba, o Hutt. Mas por que esse episódio não impacta tanto?

A história se concentra na preparação de uma banda de adolescentes para um grande show que pode ser seu último. E não desenvolve nada além disso. Os personagens são carismáticos, a música final é interessante, mas o resultado final parece uma oportunidade perdida de entregar algo significativo. Felizmente, ainda é gostoso de ver.

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Os Gêmeos

A ideia de irmãos gêmeos está enraizada na mitologia de Star Wars, desde a grande revelação do parentesco entre Luke e Leia. Talvez por isso a sinopse de Os Gêmeos seja tão sedutora. Afinal, além de acompanhar gêmeos criados pelo Lado Sombrio, a história ainda se passa após a queda do último Lorde Sith. Porém, o episódio decidiu evitar se aproximar da mitologia, entregando apenas um grande espetáculo visual.

O destaque fica para a mirabolante batalha de sabre de luz entre os irmãos: tem sabre usado igual chicote, sabre de luz arco-íris, sabre do tamanho de um planeta… Quem sentia falta de inovação nas batalhas do tipo vai ir ao delírio, mas quando a empolgação da ação passa, fica a sensação que o episódio não tem muito além a oferecer.

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O Ancião

O Ancião conta uma história simples de um jeito eficiente: um Mestre Jedi e seu aprendiz Padawan patrulham a Orla Exterior quando se deparam com o fantasma da ameaça Sith. A sintonia elegante da dupla nos faz imaginar quantos outros Jedi habilidosos da Era da República nunca tiveram suas histórias contadas.

A animação é instigante e consegue equilibrar desenvolvimento de personagem com ação. Inclusive, este é um dos raros episódios que vale a pena ouvir a voz dos protagonistas em inglês, pois conta com a atuação de David Harbour (Hopper em Stranger Things) e Ray Fisher (Cyborg em Liga da Justiça). Em geral, satisfaz, mas não surpreende, como um episódio qualquer de Clone Wars com uma roupagem diferente.

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O Nono Jedi

O Nono Jedi é a continuação da franquia que os fãs sempre sonharam. Muitos anos se passaram desde a queda dos últimos Jedi e a Ordem virou apenas um mito. Quando um governador tenta reacender a chama Jedi, os Siths ressurgem para tentar detê-lo. Nesta jornada tem complô, tem protagonista humilde, tem batalha de sabres de luz e tudo mais que um fã de Star Wars gosta!

É como se este curta conseguisse extrair o que há de melhor em cada trilogia para construir sua própria interpretação do que deveria ser esta saga. Esta compreensão da essencial de Star Wars fica mais evidente na figura da filha do ferreiro de sabres, que reverbera a mensagem de esperança que ecoa ao longo da saga. Com sutileza e competência, o roteiro constrói o panorama de um universo pós-Jedi que poderia facilmente ser incorporado no cânone oficial.

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O Duelo

Enquanto a maioria dos curtas leva as animações japonesas para o mundo de Star Wars, O Duelo faz o contrário e decide levar os guerreiros de uma galáxia distante para uma viagem histórica pelo Japão antigo. Este episódio mostra como Star Wars poderia ser se George Lucas estivesse comprometido em fazer uma adaptação fiel às suas inspirações.

A história se passa em um universo alternativo onde os jedi existem como nobres samurais e os Sith, como guerreiros mongóis. Vagando por estas terras, existem Ronins que abdicaram de ambos os lados e lutam por seu próprio código moral. Com uma direção de arte estonteante, misturando sépia com luzes fortes, descobrimos as nuances de um mundo que não é tão preto no branco.

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T0-B1

T0-B1 aceita a árdua missão de se questionar sobre do que é feito um Jedi sob a ótica inocente de um garoto robô, uma saudosa homenagem a um dos personagens mais clássicos da cultura japonesa: o Astro Boy.

Leve e bem humorado, T0-B1 consegue mergulhar em perguntas filosóficas complicadas sem ficar entediante. No final, saímos com algumas respostas, ainda mais perguntas e um desejo de ver as séries cânones da franquia tendo a coragem de desafiar os dogmas da franquia em nome de histórias mais sinceras e cativantes. T0-B1 é um droide cheio de coração que torcemos para ver novamente em Star Wars.

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A Noiva Anciã

A premissa de A Noiva Anciã faz parecer que teremos um episódio sisudo, feito para agradar só quem conhece muito sobre o Japão. Afinal, esta é a história dos rituais de um planeta da Orla Exterior inspirado em tradições japonesas. Mas sob os olhos de uma Padawan errante, este acaba sendo um sensível conto sobre crescimento, respeito e resistência.

Esta Padawan perdeu seu Mestre Jedi para as Guerras Clônicas. Escondida neste planeta com seu próprio culto a Força, ela precisa definir pelo que está disposta a lutar e quem ela quer se tornar. Lembra um pouco a jornada de Ahsoka, mas de uma maneira bastante própria e que combina muito com a essência de Star Wars.

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Lop & Ochô

Lop & Ochô olha para o passado dos grandes longas animados japoneses — como Ghost in The Shell, Akira e as produções do Estúdio Ghibli — para imaginar o futuro de Star Wars. E nesta busca, descobre um tema igualmente importante tanto para a saga galáctica quanto para o público japonês: família.

Seguindo esta linha narrativa, este curta consegue construir uma tocante história sobre o significado de família em um planeta devastado pela exploração do Império Galáctico. Além de entregar uma narrativa dramática convincente, a construção de mundo deste episódio é surreal, abraçando locações típicas dos filmes japoneses para construir um cantinho nipônico nesta galáxia distante. É o curta mais anime e mais Star Wars de toda a coleção!