Ao longo desta lista, você vai encontrar vários filmes que fizeram mudanças abruptas a elementos que foram introduzidos em obras anteriores. Porém, há um caso bem famoso na franquia em que um filme contradiz a si próprio e quebra seu próprio cânone - Star Wars: Uma Nova Esperança, o quarto capítulo que foi lançado em 1977 e relançado em 1997.

No relançamento, George Lucas decidiu alterar várias coisas - inserindo efeitos digitais e mudando o sentido de algumas cenas. A mais famosa é a cena que nos introduz a Han Solo. No corte original, Han atirava para matar Greedo, mas no relançamento, Lucas fez com que Greedo atirasse antes para que Solo soasse como uma figura mais heroica.

The Mandalorian é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos melhores projetos envolvendo o universo de Star Wars em anos. A série começa bem intimista, seguindo um personagem silencioso e complexo, mas logo vira um verdadeiro festival de referências e participações especiais, especialmente em sua segunda temporada.

Uma dessas participações é a esperada estreia de Ahsoka Tano em live-action. Porém, a personagem interpretada por Rosario Dawson teve uma importante mudança visual, já que seu lekku - a "massa" que toma o lugar de seu cabelo - era bem menor que o de sua aparição em Star Wars Rebels - que acontece anos antes. A decisão foi tomada por motivos práticos.

Desde a trilogia original de filmes, uma regra é muito clara entre os Jedi: O aprendiz precisa de um mestre - e geralmente, um único durante toda sua jornada para se tornar um Jedi treinado. Porém, Obi-Wan Kenobi parece ter desenvolvido alguns problemas de memória ao longo dos anos, já que, em O Império Contra-Ataca, ele sugere que Yoda foi seu mestre.

Porém, temos que lembrar que as prequels ainda não tinham sido escritas e muita coisa foi reformulada até lá. Isso fica bem nítido quando em 1999 é lançado A Ameaça Fantasma e descobrimos que o verdadeiro Mestre Jedi de Obi-Wan é, na verdade, Qui-Gon Jinn. Após sua morte, Obi-Wan tornou-se um Jedi completo e passou a treinar outros padawan.

Outra falha na memória de Obi-Wan Kenobi acontece em sua primeira aparição na franquia, em Uma Nova Esperança. Ao longo do filme, ele não se lembra de quem é R2-D2, embora auxilie o droide a chegar até o destino junto com Luke Skywalker. Mas, como já sabemos, as prequels tornam tudo isso um grande erro de continuidade.

Afinal de contas, em toda a saga prequel, vemos Obi-Wan interagindo com o droide ao longo de três filmes - sem contar a série animada The Clone Wars. Não faz sentido que ele não se lembre de tudo isso - mas se trata de outro problema de continuidade trazido pela Trilogia Prequel, algo que fica bem constante a cada novo longa.

Se, por um lado, Obi-Wan Kenobi parece estar coroca e sem memórias na trilogia original, Leia Organa está na flor da idade e consegue se lembrar de coisas que seriam humanamente impossíveis. Para exemplificar, podemos citar O Retorno de Jedi, onde Leia diz que lembra de sua mãe e usa os adjetivos "bonita, gentil" e "triste" para descrevê-la.

Acontece que Padmé Amidala foi dessa para a melhor pouco tempo após o parto. Não tem como Leia se lembrar tão perfeitamente de sua mãe, sendo que era apenas um bebê. Há quem acredite que ela está falando, na verdade, de Breha Organa, sua mãe adotiva, mas isso já foi até desmentido pelo site oficial de Star Wars.

Criado como um dos principais antagonistas da Trilogia Sequel, Snoke era para ser um daqueles vilões absurdos que devasta tudo que vê pela frente. Porém, ele teve uma morte muito inesperada em Os Últimos Jedi e foi sumariamente esquecido no churrasco em A Ascensão Skywalker. Mas ainda assim, há alguns erros de continuidade na história do personagem.

Nas novelizações oficiais dessa trilogia, Snoke era descrito como um homem poderoso, que tinha conexões com a Força mas não sabia nada sobre a disciplina dos Sith. Isso, como muitos sabem, é jogado pela janela no Episódio IX, que nos revela que Snoke na verdade era uma criação de Palpatine - provavelmente um clone ou experimento genético.

Aliás, podemos citar todo o retorno de Palpatine como um dos maiores furos de roteiro/quebra de cânone de toda a franquia - especialmente porque estraga todo o sacrifício de Anakin Skywalker ao fim da trilogia original, para deter seu mestre maligno. Ainda assim, decidiram ressuscitá-lo em A Ascensão Skywalker e colocá-lo em uma trama sem pé e nem cabeça.

Aqui, descobrimos que Palpatine é avô de Rey e que ela é sua esperança para um futuro sombrio (o que contradiz tudo que já havia sido estabelecido sobre a personagem em Os Últimos Jedi). Além disso, Palpatine parece ter sido capaz de reunir uma frota de soldados e exércitos à sua disposição, ainda que seu paradeiro fosse um segredo e muitos nem soubessem da existência do planeta Exegol.

Talvez o maior ódio dos fãs em relação à Trilogia Prequel envolva esse nome curioso e carregado de um significado polêmico. Na trilogia original, dizia-se que a Força era uma energia que habitava em todos e que fluía nos seres vivos. Porém, A Ameaça Fantasma subverteu tudo isso ao apresentar o polêmico conceito de midi-chlorians.

Basicamente, eles são as "partículas da Força", e todo usuário dessa energia possui altas concentrações de midi-chlorians em seu corpo. Isso nunca é citado na franquia original, embora o próprio Obi-Wan Kenobi tenha o conhecimento sobre o assunto, então pode ser considerada uma quebra de cânone - e das vergonhosas, diga-se de passagem.

Toda a revelação de que Darth Vader é o pai de Luke Skywalker é uma das cenas mais marcantes e poderosas da história do cinema, mas não vamos nos esquecer de como ela quebra alguns conceitos pré-estabelecidos na saga - como, por exemplo, em Uma Nova Esperança, quando Obi-Wan diz que Vader foi o responsável pela morte do pai de Luke.

Na época, George Lucas ainda não planejava apresentar Vader como pai de Luke. E quando a revelação aconteceu, anos depois, o fantasma de Kenobi retorna inclusive para explicar que era uma "forma de dizer", só para corrigir esse problema. Mas isso ainda não explica como, por exemplo, Vader não faz ideia de que Leia Organa é sua filha - mesmo que tenha sentido, através da Força, que Luke é seu filho.

Fechando esta lista, temos uma quebra proposital de cânone, que inclusive trouxe algumas mudanças positivas para a franquia. Antes da compra da saga pela Disney, havia um Universo Expandido complexo nos quadrinhos, jogos, livros oficiais e outros produtos licenciados. Porém, muito disso acabou sendo deixado de lado depois que a franquia passou para a casa do Mickey.

Por isso, a Disney criou o selo Legends, onde todo o material anterior do Universo Expandido habitaria sem complicações. Basicamente, ela "tirou" tudo isso do cânone oficial - para ter um terreno fértil e inédito para produzir as continuações - mas colocou em um estado "suspenso". Hoje em dia, vários autores pegam elementos do selo Legends e incorporam no cânone oficial.