Sombra e Ossos: Principais diferenças entre a série e os livros

Capa da Publicação

Sombra e Ossos: Principais diferenças entre a série e os livros

Por Melissa de Viveiros

Sombra e Ossos chegou à Netflix na semana passada, rapidamente se tornando mais um grande sucesso da plataforma. A série, baseada nos livros de Leigh Bardugo, foi muito elogiada por fãs novos e antigos, inclusive por ser uma adaptação bastante fiel ao universo criado pela autora. Apesar disso, muitas mudanças foram feitas na transição das páginas para as telas, tanto em relação à detalhes quanto à grandes alterações em certos núcleos.

Quer saber o que muda de um para o outro? Então venha conferir esta lista com as principais diferenças entre a série e os livros de Sombra e Ossos!

Imagem de capa do item

Alina Starkov tem ascendência Shu

O primeiro ponto de mudança a ser mencionado é apresentado bem cedo, por meio da protagonista da série. Na versão da Netflix, Alina é interpretada por Jessie Mei Li, uma atriz inglesa cujo pai é chinês. A escolha dela para o papel acabou alterando um pouco a história da protagonista, já que mais elementos foram adicionados por causa da ascendência de Mei Li.

Dentro do universo de Leigh Bardugo, a nação de Shu Han foi inspirada pela China e pela Mongólia. Assim, a equipe da série decidiu fazer Alina ter ascendência Shu, apresentando o preconceito por suas raízes estrangeiras como um dos motivos para a personagem ser excluída por outros em Ravka. Isso é reforçado quando vemos a jovem sofrer diversas agressões por conta de suas origens, encontrando refúgio apenas em seu único amigo (e posteriormente, em seu poder).

A decisão foi questionada por parte dos fãs, que acharam a inclusão desnecessária. Outros, no entanto, consideraram a alteração condizente com a situação dos países, bem como com o passado da própria protagonista e seus sentimentos de não-pertencimento.

Imagem de capa do item

Os cartógrafos atrevessando a Dobra

Esta parte da trama é a mesma nos livros e na série, mas o que leva até o momento muda. No primeiro, é uma decisão do próprio exército levar um regimento dos cartógrafos consigo para fazer a travessia até a parte oeste de Ravka. Assim, Alina não influencia sua primeira viagem até a Dobra, a qual ela teme fazer.

Já no segundo, quem causa a ida dos cartógrafos é a própria personagem. Isso porque ela queima os mapas dos quais o exército necessitava, buscando um meio de ser enviada para lá ao lado de seu melhor amigo, Mal.

Imagem de capa do item

A adição de Six of Crows

Quase tudo relacionado aos personagens do núcleo de Six of Crows é novidade, já que eles não fazem parte da trilogia que conta a história da Conjuradora do Sol. Assim, o grupo ganhou uma espécie de prequel, ainda não tendo sido inteiramente reunido, bem antes dos planos ousados que eles colocam em prática nos livros.

Na série, Nina e Matthias permanecem separados do restante do grupo a maior parte do tempo. Sua história, no entanto, é bem fiel ao passado dos dois na duologia de Leigh Bardugo, embora não seja como nós os vemos pela primeira vez na versão original da história.

A primeira interação de Nina com os corvos, no entanto, muda um pouco. Ela encontra os três no barco que os leva de volta para Ketterdam, no fim da temporada, enquanto na história original Nina chega à cidade sozinha. É apenas quando já está lá que ela é contatada pela gangue, e acaba aceitando o que eles oferecem e se juntando ao grupo.

Toda a trama de Kaz, Inej e Jesper tentando capturar Alina também é novidade. Nos livros, o trio é alguns anos mais jovem do que a protagonista, e suas histórias não estão diretamente interligadas. Isso porque a duologia Six of Crows tem início após o fim do terceiro livro da Conjuradora do Sol, sendo bem distante do que é visto na versão da Netflix.

Imagem de capa do item

A história de Inej

A adição do núcleo de Six of Crows também levou a algumas mudanças quando se trata dos personagens mais importantes nesta parte da história. Entre eles, a que mais teve sua história modificada foi Inej, embora as alterações não mudem tanto de sua personalidade.

Quando a conhecemos nos livros, Inej já é parte dos Dregs há algum tempo. Desse modo, ela não está presa a Heleen e à Menagerie. Apesar disso, a jovem está longe de superar os traumas que viveu, e tanto a mulher quanto o local continuam a afetá-la, algo que é desenvolvido ao longo da duologia.

Na série, isso tudo é levemente alterado. Apesar de trabalhar para Kaz, nem toda a quantia paga para libertá-la de Heleen foi paga, o que leva à uma dívida problemática quando o trio falha em capturar Alina. Também é notável que, embora esteja fora da Menagerie por menos tempo que nos livros, Inej não demonstra possuir os mesmos traumas que a impediam de sequer passar perto do local.

Imagem de capa do item

Mal Oretsev

Alguns personagens acabaram sendo um pouquinho alterados, seja por conta da mudança de mídia, pelas diferenças em suas histórias ou mesmo por pura escolha da produção. Entre eles, um dos mais notáveis é Mal, o melhor amigo de Alina que cresceu ao lado dela no orfanato de Keramzin.

No caso dele, a decisão partiu dos responsáveis pela narrativa. Mal é um personagem um tanto controverso entre os fãs do livro, sendo bem menos popular que sua contraparte em live-action. Isso porque, de acordo com muitos, ele não parece se importar com Alina até que ela se torna poderosa, e demonstra se ressentir um pouco dos poderes dela depois disso.

De acordo com o site Nerdist, o showrunner da série, Eric Heisserer, disse que torná-lo mais nobre, protetor e claramente apaixonado pela protagonista desde o princípio foi um esforço consciente. Ele explicou:

"Nós construímos alguém, honestamente, no fim do dia, que poderia ser o namorado perfeito que muitos de nós gostaríamos de ter."

Imagem de capa do item

A personalidade de Kaz Brekker

Mal não é o único personagem um pouco diferente. Certas coisas que são possíveis na literatura não podem ser passadas da mesma forma em uma série. Na versão live-action, não vemos os pensamentos de um personagem de perto, sendo mais difícil retratar suas motivações, desejos e medos sem ver essas coisas representadas de certo modo. Já nos livros, alguém que faz coisas terríveis pode se tornar mais simpático ao público quando vemos seu ponto de vista, os sentimentos que ele luta para não demonstrar, os detalhes que são perceptíveis a um leitor mas talvez não a ele próprio.

Kaz é um dos personagens mais afetados por isso na versão da Netflix. Enquanto em Six of Crows podemos vê-lo não somente fazer coisas que seriam consideradas horríveis, como também o tratamento nada gentil que ele dispensa aos outros, na série isso é bem diferente.

Apesar de fechado, o personagem claramente se preocupa com seus companheiros. São poucos os momentos em que ele age de modo realmente rude em relação a eles. Na realidade, é o contrário: Kaz faz coisas que sua contraparte literária não faria, pelo menos não neste ponto da história.

Isso se manifesta principalmente por meio de sua relação com Inej. Ele arrisca perder o Clube do Corvo para poder levá-la à Ravka, além de eventualmente concordar em simplesmente diminuir suas perdas e retornar à Ketterdam ao invés de prosseguir com seu objetivo e ir atrás de Alina, por exemplo. Mesmo sua breve tentativa de apoio quando a garota fica em choque após matar uma pessoa é um tanto incoerente com sua versão dos livros

Imagem de capa do item

Personagens novos

A série conta com a adição de alguns nomes em sua trama que não são parte da criação de Bardugo. É o caso, por exemplo, do Condutor, que acaba tendo um papel relevante no núcleo dos Corvos. Seu método de transporte, nos livros, não seria tão eficiente. Isso porque tanto a luz quanto o som atraem os volcra, e há inúmeros destes monstros dentro da Dobra.

O General Zlatan é outra novidade. Enquanto a trilogia deixa claro que a terrível barreira que divide Ravka e o tempo pelo qual ela existe estão tornando as duas partes do país cada vez mais distantes, não há um general com a ameaça de uma guerra civil neste ponto da história.

Imagem de capa do item

O passado do Darkling

O personagem interpretado por Ben Barnes passou por algumas mudanças em relação à sua história. Há toda uma sequência sobre seu passado que foi criada para a série, dando mais contexto ao personagem que vemos na linha do tempo atual da trama.

Nela, o vemos mais jovem, com sua mãe Baghra e ajudando outros Grisha a sobreviverem. Além disso, ele possui um interesse romântico, uma curandeira Grisha chamada Luda, que é morta por soldados que tentam matar o próprio Darkling.

Nada disso está presente nos livros, ou mesmo no conto sobre o Darkling em que Bardugo conta sobre sua infância. A motivação para as adições, apesar disso, é bem bastante clara. A cena permite que vejamos que ele e Baghra nem sempre tiveram uma relação ruim, além de indicar que suas motivações, pelo menos inicialmente, não eram terríveis. O diálogo de Aleksander com sua amada também se mostra muito conectado à sua relação com Alina, já que apesar de se importar com Luda, a mortalidade dela claramente o incomoda. Um ponto importante para o personagem é que não há ninguém como os dois, um dos motivos pelos quais ele se interessa pela Conjuradora do Sol.

Imagem de capa do item

General Kirigan e Aleksander

Ainda quando se trata do Darkling, outra mudança notável foi em relação aos nomes que o personagem recebeu. Isso porque, nos livros, Darkling é um título, mas também é como o vilão é chamado a maior parte do tempo.

Na série, ele se tornou o General Kirigan, nome que faz parte de seu disfarce, como seu flashback explica. Assim, ele seria capaz de retornar à Ravka fingindo ser outra pessoa, e não o homem culpado pela criação da Dobra. O nome, no entanto, já foi citado na obra de Bardugo anteriormente, não sendo uma novidade exclusiva da série.

A situação com Aleksander é outra. Este é, de fato, o nome real do Darkling nos livros, mas leva tempo até que ele seja revelado. Quando isso ocorre, é porque o antagonista conta a Alina, não sendo algo amplamente conhecido por aqueles ao seu redor.

Imagem de capa do item

Personagens que levam fins diferentes

Alexei, um dos cartógrafos que são enviados à Dobra com Alina, tem um final bem diferente nos livros. Lá, o personagem tem um papel bem pequeno, encontrando seu fim ao ser devorado por um volcra. Aqui, apesar de também ter um fim precoce, ele tem um papel importante para conectar a narrativa de Sombra e Ossos a Six of Crows.

Marie, por outro lado, encontrou um fim bem mais precoce que nos livros. Na obra original, ela sobrevive até o segundo livro, sendo parte dos Grisha que ficam ao lado de Alina ao invés de apoiar o Darkling. Enquanto ela fica viva por mais tempo, sua morte é bem terrível, algo que atormenta Sergei, par romântico da garota, até o fim da história. Aqui, Marie sequer chegou a ver as desavenças entre a Conjuradora do Sol e o General Kirigan, já que foi assassinada durante a festa no palácio, enquanto fingia ser Alina.

Imagem de capa do item

As luvas de Alina

No primeiro livro da trilogia, Alina recebe luvas com pequenos espelhos, feitas por Fabrikadores para que ela pudesse utilizar seus poderes melhor. A invenção se mostra útil, e não é a única criação utilizada para ampliar as capacidades da Conjuradora do Sol. Apesar de poderosa por si só, a engenhosidade destes objetos se mostra extremamente útil para os planos de Alina ao longo do conflito por Ravka, e ela não os rejeita.

A produção da Netflix resolveu fazer diferente. Nela, as luvas aparecem apenas brevemente, rapidamente sendo recusadas pela protagonista. Isso mostra o quão poderosa ela é por conta própria, mas a priva de um elemento que poderia ser bem útil, e levanta questões sobre o quanto as invenções dos Fabrikadores serão úteis no futuro.

Imagem de capa do item

Zoya na batalha contra o Darkling

Quem conhece os livros sabe que Zoya Nazyalensky eventualmente se torna bem mais que uma personagem secundária. Ela tem um papel bem relevante em algumas das obras de Bardugo, e é parte dos Grisha que se juntam à Alina para enfrentar o Darkling.

Isso não ocorre tão cedo quanto na série, no entanto. Nos livros, Zoya não é parte do grupo que viaja até a Dobra pela segunda vez, e sim uma das pessoas que fica sabendo do ocorrido depois. Além disso, não é revelado na trilogia original o que a leva a ver o vilão como o que ele realmente é e se opor a ele.

Na série, Zoya está presente quando Alina retoma seus poderes e enfrenta o Darkling com o auxílio daqueles ao seu redor. Também fica claro desde o princípio que ela possuía família na cidade destruída pelo antagonista, o que já dá uma indicação mais clara do que a leva a perceber do que o General Kirigan realmente é capaz.

Imagem de capa do item

Os amplificadores

No grishaverse, existem objetos chamados de amplificadores, que como o nome indica, aumentam os poderes de quem os conquista. Feitos com os ossos de animais raros e especiais, eles têm uma função bem importante na história, em ambas as versões --- mas são bem diferentes em relação a seu visual.

Na obra original, os ossos ou escamas das criaturas são trabalhados por Fabrikadores. Quando colocados em alguém, isso é feito tornando-os parte de colares ou braceletes, por exemplo. Diferente de jóias comuns, estas peças jamais podem ser retiradas de quem os possui, se tornando parte da pessoa, de modo figurativo.

Em Sombra e Ossos, a escolha foi tornar isso bem mais literal. Na produção, o amplificador de Alina, criado a partir dos chifres do cervo de Morozova, literalmente se torna parte de seu corpo. Embora inicialmente parte dele seja vista, quando ela assume o comando de seu poder novamente o amplificador é absorvido por seu corpo.