Com 12 temporadas na bagagem, a série Dois Homens e Meio fez um sucesso tremendo quando começou a ser exibida no início dos anos 2000. Estrelada por Charlie Sheen, Jon Cryer e Angus T. Jones, a sitcom acompanha a vida de Charlie, um cara descompromissado que vê sua vida mudar da noite para o dia quando seu irmão e o sobrinho se mudam para sua casa.

Contudo, apesar da fama, Dois Homens e Meio sempre recebeu críticas incisivas a respeito de certas decisões problemáticas na trama. Além de focar demasiadamente na experiência de um homem branco e hétero que faz questão de reforçar sua masculinidade a cada dois segundos, o programa está repleto de comentários misóginos, machistas, homofóbicos, preconceituosos e por aí vai. São coisas tão problemáticas que é difícil de digerir atualmente.

Considerada a melhor sitcom de todos os tempos por muita gente, Seinfeld também tem alguns episódios, principalmente no começo da série, que envelheceram como leite. Com uma premissa simples – quatro amigos lidam com os absurdos da vida cotidiana em Nova York – o programa foi um marco do gênero, mas não escapou imune de situações que, vistas atualmente, causam um baita desconforto.

Episódios como aquele em que Elaine (Julia Louis-Dreyfuss) tenta fazer com que um homem gay seja hétero ou outro em que Kramer (Michael Richards) incendeia uma bandeira de Porto Rico (este, inclusive, já foi ofensivo na época, e o estúdio até precisou se retratar após a exibição do episódio) são apenas alguns exemplos de situações que envelheceram muito mal, além de outros comentários sexistas, homofóbicos, racistas e preconceituosos que encontramos ao longo das temporadas.

Lançada em 1990, Blossom é mais uma sitcom que não envelheceu tão bem assim. Estrelada por Mayim Bialik, a Amy de The Big Bang Theory, a produção acompanha a história de uma adolescente que precisa lidar com o abandono da mãe. Apesar da premissa chamar atenção, Blossom não é lá a melhor coisa do mundo se você decide assisti-la hoje em dia.

Isso porque, mesmo com a presença de tramas que poderiam ser desenvolvidas de um jeito interessante (como a própria questão do abandono ou o alcoolismo de um dos personagens), Blossom nunca conseguiu sair da superfície. Em certos momentos, a produção trata assuntos sérios como piadas bobas e sem graça, o que acaba se transformando em algo de péssimo gosto.

Uma das séries de comédia mais famosas e queridas pelo público de todos os tempos, Friends conquistou gerações com a história de um grupo de seis amigos e suas experiências cotidianas ao longo de 10 temporadas. A sitcom é uma grande referência do gênero, mas também conta com alguns comentários e situações bastante problemáticas se vistas pelo ponto de vista do público da atualidade.

Piadas envolvendo o peso de Monica (Courteney Cox), por exemplo, são fáceis de serem encontradas na trama, além de comentários transfóbicos (envolvendo o pai de Chandler) e lesbofóbicos (em relação à ex-esposa de Ross) que sempre eram usados como piadas. Isso sem contar outras falas sexistas e preconceituosas que aparecem nos episódios.

Outra série de comédia que também envelheceu mal foi How I Met Your Mother. Grande parte do problema encontrado pelo público de hoje em dia vem do comportamento de Barney Stinson (Neil Patrick Harris), um personagem mulherengo que usava todo tipo de tática (que, geralmente, eram extremamente controversas) para conquistar as mulheres.

How I Met Your Mother marcou uma geração, embora seja comparada com frequência com Friends, mas seus comentários sexistas, preconceituosos e misóginos deixam um gosto amargo naqueles que assistem ao programa na atualidade.

Estrelada por Tim Allen, a série Home Improvement foi um grande sucesso dos anos 90. O seriado foi exibido na televisão por oito temporadas que acompanham a história de Tim Taylor, o apresentador de um programa sobre reformas que tenta equilibrar o trabalho com sua vida familiar.

O problema com Home Improvement já começava com o próprio protagonista, que usava seus conhecimentos sobre manutenção de residências para ficar reafirmando o tempo todo sua masculinidade, um aspecto que ajudava a reforçar os estereótipos de gênero. Em vista disso, as personagens femininas do seriado eram representadas através de um viés misógino apenas para efeitos cômicos.

Além de ter sido a responsável por impulsionar a carreira de Pamela Anderson, a série S.O.S Malibu foi um grande sucesso de audiência entre o final dos anos 80 e a década de 1990. A trama, que tinha a cara do verão, acompanhava a rotina de uma equipe de salva-vidas e suas complicadas relações sociais, mas o viés utilizado para fazer isso pode não agradar muito a audiência de hoje.

Isso porque S.O.S Malibu tem uma longa trajetória de objetificação física dos personagens, principalmente em relação às mulheres. Tratadas apenas como um objeto em cena, as personagens femininas são reduzidas apenas a seus corpos e nada mais do que isso.

Estrelada por Chuck Norris, a série Walker, Texas Ranger é mais um exemplo de série que envelheceu mal. Por mais que tenha sido exibida por nove temporadas, o programa, que acompanha a história de um homem que faz justiça com as próprias mãos, precisa de uma licença poética hoje em dia, caso você queira se aventurar pela trama.

Apesar do apelo de ter Norris como protagonista, Walker, Texas Ranger está recheada das cenas mais bregas e forçadas possíveis – muitas apenas tentam reafirmar, de maneira tosca, a masculinidade do personagem principal. Apesar de tentar fazer jus ao tema que aborda, existem vários aspectos da produção que vão te fazer revirar os olhos de vergonha alheia.

Seguindo a trajetória de sitcoms que não envelheceram tão bem assim, a série Just Shoot Me! foi lançada no final dos anos 90, permanecendo no ar por sete temporadas. A trama é ambientada na redação de uma revista de moda e acompanha a vida de uma jovem que quer entrar no negócio comandado pelo pai.

Com uma tentativa forçada de colocar o feminismo no centro dos debates da produção (sem sucesso), Just Shoot Me! se aproveita dos estigmas envolvendo o universo da moda para focar em rivalidades femininas, colocando mulheres em posições humilhantes e sem propósito.

A série Um Amor de Família estreou no final dos anos 80 e, assim como várias produções do gênero na época, também está repleta de situações e comentários que envelheceram como leite. Com o ator Ed O'Neill, o Jay de Modern Family, no elenco, o programa tem uma péssima reputação no que diz respeito à forma como retrata as mulheres na trama.

Embora tenha chamado atenção pelo humor sarcástico direcionado a uma família nada convencional, a sitcom muitas vezes apresentava situações sexistas, principalmente por meio do personagem Al Bundy, o patriarca da família. Por mais que fizesse parte da construção da figura, o seriado aproveitava isso para colaborar com estereótipos e situações problemáticas direcionadas às mulheres.