Lançado em 1999, A Bruxa de Blair foi um projeto de baixíssimo orçamento que acabou se consagrando como um dos maiores filmes de terror de todos os tempos, basicamente inaugurando a leva de found-footage como conhecemos hoje. Em 2000, o longa ganhou uma sequência massacrada pela crítica, A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras.

Quando a franquia retornou em 2016 nas mãos do diretor Adam Wingard, tivemos um filme que fazia várias referências e ligações com o longa original, mas que deixou completamente de lado a primeira continuação. Mesmo assim, os críticos não gostaram do terceiro filme, comparando-o mais com O Livro das Sombras do que com o original de 1999.

William Peter Blatty foi o escritor do livro que deu origem ao grande clássico do horror O Exorcista - aliás, ele também foi o responsável por adaptar o roteiro do longa. Porém, quando o filme ganhou uma sequência em 1977, chamado O Exorcista II: O Herege, ele ficou bem descontente com o rumo da franquia.

Em 1990, ele assumiu as rédeas e dirigiu um terceiro filme inspirado em outro romance seu, Legião. O filme, que se tornou O Exorcista III, dá continuidade aos eventos do longa original, mas desconsidera toda a trama de O Herege. O resultado é surpreendentemente bom e o filme é muito querido pelos fãs.

Já que estamos falando do terceiro filme de uma franquia que ignora o segundo mas mantém conexões com o original, não podemos nos esquecer de A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos, um filme que até hoje possui um status cult e é muito querido pelos fãs, por ser uma continuação direta do longa original de 1984.

O filme traz de volta Heather Langenkamp no papel da final girl Nancy Thompson - e agora, ela é uma adulta que precisa lidar com um grupo de adolescentes perseguidos pelo terrível Freddy Krueger. O filme deixa de lado tudo que foi estabelecido em A Hora do Pesadelo 2, um longa que acabou sendo mais lembrado por seus subtextos homoeróticos.

Uma franquia de filmes de besteirol que conquistou uma grande legião de fãs, American Pie já teve várias continuações e até mesmo spin-offs, sempre focando nas experiências e desventuras sexuais de grupos de jovens adultos. Porém, American Pie: O Reencontro decidiu trazer uma reunião emocionante para os fãs do longa original.

Para isso, o filme acaba desconsiderando todos os spin-offs que não contam com o elenco original, como Tocando a Maior Zona, O Último Stifler Virgem, Caindo em Tentação e O Livro do Amor. Na verdade, o único personagem que liga a franquia principal aos spin-offs é o pai de Jim, vivido por Eugene Levy.

Quando foi lançado em 1990, Rocky V acabou se tornando um dos filmes menos queridos na franquia do lutador, principalmente por conta de seu final sombrio e depressivo. No longa, Rocky ainda está se recuperando dos danos cerebrais que sofreu com sua luta contra Ivan Drago no filme anterior.

Quando a franquia retornou com Rocky Balboa, em 2006, o longa decidiu ignorar todos os aspectos mais "tristes" do capítulo anterior, incluindo os ferimentos sofridos por Rocky. O longa o mostra voltando aos ringues, treinando novamente para ser um grande campeão, mas deixa de lado boa parte da trama de Rocky V.

No campo dos super-heróis, temos um belo exemplo com Superman: O Retorno. O filme foi bem criticado na época de seu lançamento, por não dar muita ação para o Homem de Aço. Contudo, com o passar dos anos, a obra foi sendo revista por outros méritos: como, por exemplo, as homenagens ao Superman vivido por Christopher Reeve.

O único detalhe é que o filme incorpora vários elementos presentes em Superman: O Filme, de 1978, e Superman II: A Aventura Continua, de 1980. No entanto, o longa de 2006 deixa completamente de lado qualquer referência às continuações envolvendo Christopher Reeve, como Superman III e Superman IV: Em Busca da Paz.

Quem conhece os X-Men sabe que suas histórias sempre foram muito confusas no que diz respeito à cronologia. Nos cinemas, não podia ser diferente, já que a Fox criou verdadeiros labirintos cronológicos ao produzir seus filmes dos Filhos do Átomo. Quando o Deadpool ganhou seu filme solo, o Mercenário Tagarela colocou ordem na casa (ao menos um pouco).

Por exemplo, o filme ignorou completamente a bomba conhecida como X-Men Origens: Wolverine, citando o filme apenas para fazer piada. Outros elementos da cronologia foram deixados de lado, especialmente a bagunça das linhas temporais feita em Dias de um Futuro Esquecido. Num geral, mesmo existindo na mesma franquia e trazendo alguns easter-eggs e referências, a saga do mercenário tentou se manter bem à parte dos outros filmes dos X-Men.

A saga d'O Exterminador do Futuro já passou por altos e baixos (muito mais baixos, na verdade), e cada novo filme desde 2009 tenta recomeçar a franquia de uma nova forma, trazendo mais revelações sobre a rebelião das máquinas. Um exemplo disso está em Destino Sombrio, o mais novo longa da saga, lançado no ano passado.

O filme ignora completamente A Rebelião das Máquinas, A Salvação e Gênesis, dando continuidade à história de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Infelizmente, o longa foi bem repudiado pelo público e trouxe várias mudanças risíveis para a franquia, enterrando os planos para uma nova sequência pelo futuro próximo.

Assim como os filmes de O Exterminador do Futuro, a franquia Halloween é outra que sempre vai e vem alterando sua própria cronologia e desconsiderando várias continuações. O melhor e mais robusto exemplo disso é o longa de 2018, que considera apenas os eventos do filme original de John Carpenter.

Para muitos fãs, a decisão de ignorar todas as outras sequências e reboots foi bem acertada, criando uma trama mais direta no conflito entre Michael Myers e Laurie Strode. Além disso, a franquia ainda vai ser expandida com dois filmes que chegarão aos cinemas em 2021 e 2022: Halloween Kills e Halloween Ends.

Pois bem, aqui temos um item bem controverso porque estamos falando de uma das melhores franquias do cinema contemporâneo: a saga de Mad Max, com quatro filmes dirigidos por George Miller. Contudo, não há como negar que cada longa difere muito entre si, sempre trazendo algumas discrepâncias em relação aos seus antecessores.

Isso é explicado através de várias teorias, que apontam que os filmes servem para construir o imaginário "lendário" de Max Rockatansky ao longo dos anos. A prova disso é que a própria história de origem do personagem é contada de formas diferentes, conforme ele se transforma em uma figura muito mais "mítica" a cada filme.