10 produções que ganharam o Oscar de Melhor Filme mas que envelheceram mal

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10 produções que ganharam o Oscar de Melhor Filme mas que envelheceram mal

Por Equipe Legião dos Heróis

Desde que o Oscar é Oscar, muitas vitórias na categoria de Melhor Filme, a mais importante da cerimônia, acabaram se tornando bastante polêmicas ao longo do tempo – algumas já provocaram torcidas de narizes com a leitura de seus nomes nos famosos envelopes da premiação.

Nesse cenário, certos filmes consagrados durante toda a história do evento se tornaram polêmicos por justamente não conseguirem sobreviver ao teste do tempo por abordagens que, hoje em dia, são consideradas problemáticas.

Sabemos que cada obra é um produto de seu tempo, mas existem aquelas que envelheceram como leite. Pensando nisso, nesta lista você confere 10 produções que ganharam o Oscar de Melhor Filme, mas que envelheceram mal.

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Green Book: O Guia (2018)

Green Book: O Guia é um dos vencedores da categoria de Melhor Filme mais polêmico dos últimos anos. Estrelado por Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis) e Mahershala Ali (Moonlight), o filme do diretor Peter Farrelly (Debi & Loide: Dois Idiotas em Apuros) acompanha um pianista negro renomado que está prestes a embarcar em uma turnê pelo sul dos EUA na década de 1960 e precisa de um motorista para conduzi-lo. Quem assume a tarefa é um ítalo-americano fanfarrão cujas opiniões entram em conflito com o artista em meio a uma era de segregação racial.

Apesar de contar com ótimas performances, como a de Mahershala Ali, que venceu um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu trabalho no filme, Green Book é o típico longa do “salvador branco”, onde o personagem branco é tratado como um herói benevolente à medida que vai transformando sua visão de mundo na trama. Nesse caso, enquanto o homem branco é celebrado, o compositor, que sofre com o racismo e a homofobia, é colocado em um papel coadjuvante em um enredo que reforça ideias racistas e preconceituosas.

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Crash: No Limite (2004)

Outro filme que levou a estatueta da principal categoria do Oscar, mas que também não envelheceu nada bem é Crash: No Limite. Com direção de Paul Haggis (72 Horas), o longa acompanha uma série de tensões raciais que emergem entre moradores de Los Angeles após um incidente, discutindo temáticas acerca de preconceito racial, gênero e mais.

Talvez uma das vitórias mais controversas da história do Oscar, Crash: No Limite tem um elenco de peso – Sandra Bullock (Miss Simpatia), Matt Dillon (Vidas Sem Rumo), Thandiwe Newton (Westworld) são alguns dos nomes na equipe de estrelas – mas isso não sustenta sua trama equivocada. O longa faz apenas uma tentativa superficial (e até ofensiva) de falar sobre temáticas importantes sem se atentar para o fato de que tais questões fazem parte de uma sociedade estruturada para perpetuar preconceitos e a discriminação racial.

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Conduzindo Miss Daisy (1989)

Conduzindo Miss Daisy também é uma das vitórias mais controversas da categoria de Melhor Filme no Oscar. Com uma premissa similar a de Green Book (o que mostra como a Academia não aprende com seus equívocos), o filme dirigido por Bruce Beresford (Risco Duplo) é estrelado por Morgan Freeman (Um Sonho de Liberdade) e Jessica Tandy (Tomates Verdes Fritos), e acompanha a história de uma senhora judia na década de 1960 que reluta em contratar um motorista negro, mas que acaba criando um laço de amizade com ele com o passar dos anos.

Com diversos elementos problemáticos, Conduzindo Miss Daisy trata de temáticas envolvendo o preconceito racial, porém faz isso de um jeito equivocado e ofensivo. Isso fica nítido na trama: uma mulher branca e racista “aprende” a deixar seu preconceito de lado a partir de sua amizade com seu motorista, que é visto como uma figura amigável mesmo diante de toda a discriminação racial que enfrenta.

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Gigi (1958)

Como um filme lançado nos anos 50, o musical Gigi certamente carrega consigo uma série de questões que, hoje em dia, soam controversas e polêmicas, mesmo que discussões sobre a relação entre obra e período temporal na qual se inserem também sejam levadas em consideração. No caso do longa de Vincente Minnelli (An American in Paris), a problemática está já em sua premissa, que dificilmente seria aceita nos dias de hoje.

Isso porque, embora tenha feito sucesso no Oscar, Gigi acompanha a história de um milionário mulherengo e mais velho que se apaixona pela jovem que intitula o filme, uma garota que se prepara para entrar na aristocracia parisiense. Repleto de elementos sexistas, o filme “normaliza” a ideia de homens mais velhos interessados por jovens garotas, uma temática que gera muita controvérsia atualmente.

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A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956)

Dirigido por Michael Anderson (Fuga do Século 23), o filme A Volta ao Mundo em 80 Dias é mais um longa-metragem vencedor da principal categoria do Oscar que envelheceu como leite. Na trama, que é inspirada na famosa obra homônima do escritor Jules Verne, um nobre inglês aposta com seus colegas que ele consegue dar a volta no planeta Terra em 80 dias. Assim, disposto a cumprir sua promessa, ele embarca em uma aventura por todos os continentes, mas acaba caindo em uma enrascada.

O grande problema envolvendo A Volta ao Mundo em 80 Dias está na maneira como diferentes culturas são representadas no filme, que reforça ideias imperialistas, xenofóbicas e preconceituosas ao colocar habitantes de países como Índia ou Espanha como “menos inteligentes” ou “exóticos”, enquanto o protagonista inglês é visto com louvor.

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...E o Vento Levou (1939)

Um dos filmes mais aclamados e populares da história do cinema, …E o Vento Levou também está envolvido com temáticas polêmicas e controversas que, atualmente, não são vistas com bons olhos. Com direção de Victor Fleming (O Mágico de Oz), o longa acompanha a história de Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), uma jovem mimada cujo amor de sua vida está prestes a se casar com sua prima. Mas quando a Guerra Civil americana explode no país, Scarlett precisa lutar para manter a fazenda da família, alterando seu destino.

Embora seja o filme mais lucrativo da história dos EUA (se ajustado conforme a inflação), …E o Vento Levou faz muita gente torcer o nariz hoje em dia pela maneira como retrata o período da Guerra Civil no país, um período onde dois grupos divergiam a respeito da abolição da escravidão. Além de apresentar uma visão romantizada e limitada do conflito, o filme também conta com estereótipos ofensivos e diversas ideias preconceituosas.

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Dança com Lobos (1990)

Mais um longa vencedor da categoria de Melhor Filme no Oscar que não envelheceu bem é Dança com Lobos. Dirigido e estrelado por Kevin Costner (Yellowstone), o faroeste se passa durante o período da Guerra Civil nos EUA e acompanha a jornada de um jovem militar que cria uma estratégia pacífica para se aproximar de uma tribo indígena.

Considerado hoje em dia como mais uma obra de “salvador branco”, Dança com Lobos coloca um homem branco para aprender a cultura e o estilo de vida de uma tribo indígena, celebrando o protagonista por seus valores e morais que o transformam em um “herói”, enquanto o povo nativo é esquecido e tratado como “inferior” ao militar.

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Beleza Americana (1999)

Grande destaque da carreira do diretor Sam Mendes (1917), Beleza Americana venceu o Oscar de Melhor Filme em 2000, mas hoje em dia muita gente compara seu envelhecimento ao de um leite esquecido no fundo da geladeira há muito tempo.

Isso porque a trama de Beleza Americana acompanha a história de um homem que enfrenta uma crise de meia-idade após largar o emprego. Agindo de maneira irresponsável, as coisas tomam um rumo inesperado quando ele conhece a amiga adolescente de sua filha e passa a sentir uma forte atração por ela.

Apesar de não fazer muitos anos desde a estreia do filme nos cinemas, a reputação de Beleza Americana não caiu no gosto das novas gerações por causa de sua premissa e de elementos sexistas, além de contar com a presença de Kevin Spacey (House of Cards), acusado por crimes sexuais, algo que afasta o interesse de muita gente.

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Cimarron (1931)

Outro filme que não envelheceu bem e que ressalta a ideia de ser um produto de seu tempo é Cimarron, um faroeste do diretor Wesley Ruggles (Casar por Azar). Situada durante as tentativas de reconhecer Oklahoma como um estado nos EUA, a trama acompanha as idas e vindas de um casal que parte para o local com o intuito de “povoá-lo”.

Repleto de estereótipos ofensivos, Cimarron é um dos vencedores de Melhor Filme mais esquecidos da história do Oscar. O longa retrata culturas diferentes a partir de ideologias preconceituosas, reforçando a ideia do “salvador branco”.

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Rain Man (1988)

Apesar de ser um dos grandes sucessos que impulsionaram a carreira de Tom Cruise (Missão: Impossível) nos anos 80, o filme Rain Man, que venceu a principal categoria do Oscar em 1989, também não envelheceu muito bem no que diz respeito à maneira como retrata o autismo.

Na trama, acompanhamos a jornada de Charlie (Tom Cruise), um homem que retorna à cidade natal após a morte do pai. Ao chegar no local, ele descobre que tem um irmão autista cuja instituição onde vive recebeu a herança do pai. É assim que Charlie parte em uma jornada para tentar reivindicar sua parte na herança, enquanto reluta em criar um vínculo com o irmão.

Embora o filme esteja longe de ser extremamente datado, ainda assim a maneira como pessoas com o transtorno do espectro autista são retratadas no longa reforçam estereótipos que afetam a comunidade, trazendo uma visão superficial e problemática nos dias atuais.