A cena que abre o filme é, definitivamente, uma das mais brutais e difíceis de se assistir - e ainda assim, é uma cena extremamente necessária, não apenas para mostrar o retorno do palhaço Pennywise mas também toda a influência que ele exerce na cidade de Derry, no Maine. A cena em questão é o assassinato de Adrian Mellon.

No livro - bem como no filme -, Mellon é um homem gay que vai até um parque de diversões em Derry junto com seu namorado, Don Hagarty. Ao sair da feira, ele é atacado por um grupo de homofóbicos e brutalmente espancado. Posteriormente, ele é jogado no rio, onde acaba sendo "resgatado" e devorado pela Coisa.

Já no começo do filme, somos apresentados a cada membro do Clube dos Otários, que agora são adultos e vivem suas vidas individualmente, sem contato com seus colegas. E é justamente aqui que reside alguns dos melhores momentos do longa, quando vemos como cada um está vivendo - em especial, Bill Denborough.

Bill se tornou um escritor muito bem-sucedido, e trabalha na Warner Bros. adaptando seus livros para o cinema. É uma cena até divertida, que funciona muito bem justamente porque Bill funciona quase como um alter-ego de Stephen King, o autor que escreveu o livro que deu origem ao filme - e os fãs captaram muito bem cada referência.

No livro, Ben Hanscom é um engenheiro genial desde criança, tendo construído várias coisas ao lado do Clube dos Otários. Uma das coisas que ele constrói é um esconderijo subterrâneo, para que seus amigos possam se esconder da turma de Henry Bowers. No entanto, essa sequência acabou sendo retirada do primeiro filme.

Felizmente, em IT: Capítulo 2, temos flashbacks com o Clube dos Otários que mostram a "inauguração" desse esconderijo. Embora seja uma cena bem simples, é especial por mostrar toda a relação entre eles, tanto crianças quanto adultos. É um momento muito bonito, especialmente quando eles relembram de Stanley Uris.

Embora IT: Capítulo 2 tenha um excesso visível de jump scares, há um ou outro que funciona muito bem. E o melhor exemplo disso está na sequência que acontece durante um jogo, quando uma menina é atraída por Pennywise e devorada ainda viva, debaixo das arquibancadas de uma quadra de esportes.

A cena é tensa, pois sabemos que a vida da menina está condenada a partir do momento que ela encontra o palhaço devastador. Ainda assim, o suspense é levado à última potência quando ela o convida para que ele possa curar um "defeito" de seu rosto. E quando Pennywise começa a fazer sua contagem, sabemos o que está por vir...

O segundo ato do filme é, definitivamente, a parte mais fraca do longa. Toda a tensão e suspense são substituídas por uma sequência de jump scares previsíveis e repetitivos. Entretanto, toda a cena que mostra Beverly Marsh voltando à casa onde cresceu é cheia de uma tensão crescente.

A cena é bem assustadora e mostra a Sra. Kersh, dona da casa onde Beverly morava com seu pai, lentamente se transformando em uma das facetas de Pennywise. A sequência também ganha pontos extras por mostrar um pouco mais do passado do Palhaço Dançarino, que é algo que infelizmente foi pouco explorado nos filmes.

Por falar nisso, não podemos esquecer de dois momentos que, unidos, nos ajudam a entender um pouco mais de Pennywise e de seu papel na cidade de Derry, no Maine. A primeira das cenas se dá quando Bill Denborough descobre um pouco sobre o passado do palhaço, através de Mike Hanlon.

A outra sequência é a que mencionamos no item anterior, envolvendo Beverly Marsh. Embora a sequência seja pequena, temos um vislumbre do passado de Pennywise e como ele foi transformado após sua chegada em Derry. A cena fica ainda mais tensa quando vemos a versão "humana" do palhaço se maquiando de uma forma bizarra.

Uma cena que acabou sendo "estragada" pelos trailers, a sequência que se passa dentro de um parque de diversões é bem apavorante, e serve para mostrar como Bill Denborough não foi apenas incapaz de salvar seu irmão, mas também outro garoto que passou a morar na mesma casa que ele morou quando criança.

A cena é muito tensa e é desesperador ver Bill correndo para tentar salvar uma criança das garras de Pennywise. Infelizmente, todos os momentos mais tensos da sequência já tinham sido revelados, mas ainda assim, dá para ficar bem angustiado enquanto, assim como Bill, observamos sem poder fazer nada.

Muitos fãs não ficaram satisfeitos com a forma como Pennywise foi derrotado, através do Ritual de Chüd. Muitos fãs acharam que o confronto foi muito rápido e que os efeitos visuais usados na cena também não foram muito convincentes. Mas não há como negar o emocionante sacrifício de Eddie Kaspbrak.

Ao longo do clímax, o personagem fica apavorado com o palhaço e com o retorno à Derry. Entretanto, isso não o impede de mostrar toda sua coragem ao tentar empalar Pennywise. No início, parece até que ele consegue derrotar o palhaço, mas acaba sendo assassinado, e morre nos braços de Richie Tozier em um momento de partir o coração.

Desde antes do filme sair, muitas críticas estavam elogiando o trabalho de Bill Hader e o arco de Richie Tozier ao longo do filme. E, de fato, é uma construção excepcional que nos mostra que IT: A Coisa não é apenas uma história de terror, e sim uma aventura sobre amizade, fraternidade e união.

Durante o filme, Pennywise ameaça revelar um "segredo sujo" do passado de Richie. E no fim do longa, descobrimos do que se tratava: Richie amava Eddie Kaspbrak, e nunca pôde falar isso diretamente a ele. Essa cena não existe no livro, mas há muito subtexto na obra de Stephen King que pode indicar esse elemento da trama.

Sem dúvidas, o melhor momento do filme fica por conta da participação especial de Stephen King, que acontece logo no meio do longa, quando Bill Denborough vai em busca de sua velha bicicleta em uma loja de antiguidades. Lá, ele se depara com ninguém menos que o escritor do livro, interpretando o recepcionista da loja.

A cena também retorna as críticas e piadas auto-referenciais à obra de King, como o fato dos finais de suas obras serem... controversos. É uma sequência muito divertida e que faz uma baita homenagem ao maior mestre da literatura de horror contemporânea. Só é uma pena que não vemos o escritor encontrando Pennywise - criador vs. criatura.