Dividimos os selecionados em duas categorias, de acordo simplesmente com o formato: filmes e séries. E no ano em que uma apresentadora do Oscar decidiu fazer uma piada de mal gosto desmerecendo os longas animados, nada melhor do que começar reforçando sua ignorância com obras que não perdem nada para filmes live-action. Confira os 5 melhores filmes animados do ano.

A Fera do Mar passou batido no radar de muita gente, mas essa animação original da Netflix te prende até o fim — começando com uma alucinante caçada a um monstro. O clima de aventura lembra bastante Como Treinar o Seu Dragão, com uma pitada do charme pirata de Piratas do Caribe.

Some isso a um elenco carismático e temos um filme imperdível. Repleto de sequências de ação, esse longa consegue resgatar um detalhe muito importante das histórias de herói que vinha se perdendo nos últimos anos: o ímpeto de salvar pessoas. Seus grandes personagens não se medem apenas pelo tamanho dos monstros que derrotam e sim pelas pessoas que protegem no caminho. Isso por si só é uma lição valiosa.

A mera presença de Tico e Teco: Defensores da Lei nessa lista gera confusão, como tudo neste filme caótico. Mas mesmo que algumas pessoas de live-action tenham sido convidadas para essa festa, não há como elogiar as maiores animações do ano sem falar do filme que é uma grande carta de amor à história dos desenhos.

As sátiras ao estilo CGI, a zoeira com Expresso Polar, as participações especiais (teve até o Sonic Feio) — tudo nesse filme foi feito com um amor imenso pelas animações e deu resultado. Tico e Teco é uma das grandes surpresas do ano e causou umas boas gargalhadas a todos que deram uma chance a esta maravilhosa bagunça.

Por algum motivo, 2022 foi o ano do Pinóquio. Mesmo vindo depois da versão açucarada de Lionsgate e do “live-action” sem vida da Disney, foi o Pinóquio de Guillermo Del Toro que conquistou o público. Tudo isso por entender profundamente a essência da história clássica e saber exatamente que elementos mudar para enriquecê-la.

Del Toro brilha ao trabalhar a inocência em meio de um mundo hostil, especialmente irrigado por um trágico contexto histórico. E esta mistura improvável casou muito bem com os temas inerentes ao Pinóquio, explorando outros significados de ser uma marionete, seja nas amarras do capitalismo ou de uma ideologia política alienante. Temas tão complexos podem ficar pesados em filmes live-action. Porém, com uma bela animação stop-motion, o diretor consegue diluir o macabro a doses agradáveis e viciantes.

Red: Crescer é uma Fera tem todos os ingredientes certos. Vibe dos anos 2000, uma boy-band, protagonistas fofas e carismáticas, uma animação fluida e inovadora… Seria uma pena ver tudo isso ser desperdiçado em mais uma história genérica de princesa da Disney. Felizmente, o que tivemos foi uma conversa honesta sobre adolescência, maternidade e expectativas.

Red consegue traduzir a questão freudiana de “precisamos matar nossos pais dentro de nós” de uma maneira bastante visual, sem ficar confuso. É um filme inteligente, que ao mesmo tempo toca no coração de quem precisou se impor contra alguém que ama para ser realmente feliz. E ver essa história na tela dá um quentinho no coração.

Em um ano em que os melhores filmes animados estavam no streaming, disponível nas TVs de casa, as tradicionais séries animadas tiveram bastante competição. E nesse contexto único, acabaram se destacando aquelas que tinham realmente algo de diferente a oferecer — uma maturidade a mais. Segue a lista das 5 melhores séries animadas de 2022.

A Netflix está cativando uma forte tradição de adaptações de games inspirados no visual de animes, como em Castlevania e DOTA. E este ano o grande representante foi Dragon Age: Absolvição, que chegou com uma proposta ainda mais ousada — contar uma história que encaixasse de forma canônica no universo da Bioware.

Em uma coprodução com o próprio estúdio de jogos, a Netflix conseguiu capturar perfeitamente a essência conturbada da fantasia medieval de Dragon Age em poucas cenas. E o que se seguiu foi um prato cheio para quem gosta de RPGs, magia, romances conturbados, drama e muita ação.

Guardiões da Mansão do Terror foi outra grata surpresa da Netflix este ano. Quem ainda está órfão das maluquices, do clima paranormal e do humor macabro de Gravity Falls vai se sentir abraçado por essa série que entrega uma proposta bem parecida.

Dois adolescentes aceitam um emprego de uma demônia como segurança em um parque de diversões. Parece inofensivo se a sua verdadeira função não fosse caçar demônios que se escondem no parque. Cada episódio traz um monstro bizarro novo e é muito divertido ver a dupla de amigos e seu cachorro se enrolando para sair das situações mais inesperadas possíveis.

Outra série da Netflix, outra adaptação dos games, outro acerto espetacular… The Cuphead Show surfou no carisma da história original com maestria, apostando todas as fichas no humor escrachado da dupla de protagonistas. E a fórmula deu tão certo que o programa estreou este ano e já acumula três temporadas.

Ninguém para o sucesso de Xicrinho e Caneco, que ficam ainda mais divertidos graças à fenomenal dublagem nacional. E se isso não fosse o suficiente, a série ainda resgata a comédia física nostálgica que era muito popular nos anos 40 em episódios curtos e viciantes. Um verdadeiro espetáculo de humor.

Desafiando o domínio da Netflix, a Prime Video tem algumas ótimas produções na manga. E enquanto Invencível está em hiato, sobrou para o novato The Legend of Vox Machina a missão de entregar animação adulta de qualidade.

A série é uma adaptação de uma campanha de Dungeons & Dragons, com fãs em todo o mundo. A história acompanha um elenco carismático (nada talentoso) com um passado misterioso, em uma aventura épica (muito além de sua alçada) por um reino fantástico. E o que conquista é a dinâmica dos personagens, constantemente evoluindo apesar de tudo e envolvendo mais o público a cada novo episódio. Simplesmente fantástico.

A Casa Coruja é basicamente um sucessor espiritual de Steven Universo. Assim como o irmão mais velho, depois de uma temporada construindo cuidadosamente seu universo, o desenho mostrou para que veio. A animação sobre uma escola de magia, nada parecida com Hogwarts, alcançou um novo patamar em 2022, superando qualquer outra animação com folga.

Se você ainda não assistiu Owl House, dá tempo de começar a acompanhar antes do grande final. O charme desta série é como seu universo mágico misterioso revela uma nova faceta a cada episódio e conforme este grande quebra-cabeça é montado, aprendemos mais sobre a natureza da magia e o passado que levou a essa sociedade opressora onde bruxos estão presos a um tipo de feitiço.