Nos anos 90, Jim Starlin fez história na Marvel ao conduzir uma trilogia de megaeventos. O primeiro deles foi Desafio Infinito, seguido por Guerra Infinita e Cruzada Infinita. Todas as histórias giravam em torno de ameaças cósmicas conseguindo, de alguma forma, colocar as mãos em armas muito poderosas - e os esforços dos heróis para detê-los.

Na Guerra, brilhantemente ilustrada por Ron Lim, vemos a aliança um tanto quanto improvável sendo formada pelo Titã Louco Thanos e pelo Adam Warlock, que precisam se unir para impedir a ascensão do terrível Magus - que, por sua vez, é uma versão futura do próprio Warlock. A saga é cheia de momentos memoráveis e é uma sequência gloriosa para Desafio.

Na década de 90, disposta a lançar histórias cada vez mais arriscadas, com um foco nítido para um público mais adulto, a Marvel decidiu inaugurar o selo Marvel Knights, com histórias mais "fechadas" envolvendo heróis urbanos e espaciais. Foi assim que os Inumanos ganharam destaque, após anos de participações especiais nas revistas de outros heróis.

Com roteiros de Paul Jenkins e arte de Jae Lee, a série nos dá um baita vislumbre da Família Real Inumana em meio a uma situação sombria e um tanto quanto arriscada. Aqui, temos uma dose cavalar de intriga política, com disputas ideológicas e batalhas sanguinárias, tudo ao melhor estilo de Game of Thrones, se a série fosse protagonizada por alienígenas superpoderosos.

Poucas histórias definem tão bem os anos 90 quanto Era do Apocalipse - um esforço coletivo de vários artistas e roteiristas, que decidiram criar um mundo sombrio onde o Professor X havia sido morto há muitos anos, o que facilitou a ascensão do vilão Apocalipse e seus esforços para fazer valer a sobrevivência do mais forte.

O arco inteiro se passa em uma terra alternativa, e aqui é interessante como Magneto se torna o líder dos X-Men em honra ao seu velho e falecido amigo, e como todos os heróis se preparam para uma guerra de proporções monumentais. Ao longo dos anos, a Marvel revisitou o mundo de A Era do Apocalipse diversas vezes, um atestado para o quão marcante a saga foi.

Assim como os Inumanos, o Homem Sem Medo também ganhou uma nova revista com o selo Marvel Knights, que foi escrita pelo "rei dos nerds" Kevin Smith e ilustrada por Joe Quesada - que alguns anos depois, se tornaria o editor-chefe da Marvel. E em Diabo da Guarda, vemos o herói passando por uma noite muito difícil.

A trama mostra o Demolidor envolvido em uma grande conspiração, que é liderada por ninguém menos que o Mystério. O resultado é uma batalha de proporções dantescas, que resulta na morte de Karen Page. A HQ foi um sucesso de vendas e ajudou o Homem Sem Medo a entrar de cabeça no novo milênio, com uma nova abordagem que é honrada até hoje pelos fãs.

Peter David foi, de longe, um dos melhores autores a passar pela revista do Hulk, tendo sido responsável por diversas mudanças e provocações no arco do anti-herói. No entanto, a coroa de sua fase é, sem dúvidas, o arco Futuro Imperfeito, que foi ilustrado por George Pérez e começou a ser publicado em dezembro de 1992.

Na trama, o Golias Esmeralda se vê cada vez mais desesperançoso com tudo ao seu redor, até que é sugado para um futuro distópico, desolado pela radiação de guerras nucleares e comandado por sua versão futurista, o cruel e impiedoso Maestro. Aqui, temos um mergulho na psiquê do herói e suas tentativas desesperadas para derrotar a versão mais poderosa de si mesmo.

Kurt Busiek e George Pérez foram responsáveis por uma das melhores fases dos Vingadores, e a culminação de sua parceria é, sem dúvidas, o arco Ultron Ilimitado, que ajudou a estabelecer o androide assassino como um dos maiores vilões das histórias em quadrinhos, com sua missão inabalável: aniquilar toda a humanidade.

Aqui, temos uma história repleta de ação e dramas humanos, conforme os Heróis Mais Poderosos da Terra precisam correr contra o tempo para deter sua maior criação - tudo isso enquanto Ultron encontra uma forma de se atualizar e se adaptar a todos que o enfrentam, tornando-se uma ameaça quase indestrutível.

Os anos 90, como pudemos ver até agora, foram a década perfeita para que a Marvel Comics trabalhasse suas diferentes realidades e futuros alternativos. Isso se transcreve perfeitamente em Terra X, um esforço conjunto dos roteiristas Jim Krueger e Alex Ross, bem como o ilustrador John Paul Leon, que mostra uma versão alternativa da Terra na vastidão do Multiverso.

Na trama, todos os habitantes do planeta possuem superpoderes, o que por si só já causa um grande rebuliço na vida terrestre. No entanto, quando uma nova ameaça desperta, o futuro da humanidade pende na balança. A HQ deu origem a mais duas sequências: Universo X e Paraíso X, formando uma trilogia sensacional sobre uma Terra dominada por heróis.

Se há uma equipe que realmente brilhou nos anos 90, definitivamente foram os X-Men, que estrelaram algumas de suas histórias mais célebres. Porém, o que realmente alavancou a popularidade dos Filhos do Átomo foi a nova série desenvolvida por um time de peso, que incluía Chris Claremont, Jim Lee, Scott Williams e Joe Rosas.

Gênese Mutante inaugurou um novo título dos heróis mutantes, e até hoje sua primeira edição é uma das HQs mais vendidas de todos os tempos. Com um foco impressionante em Magneto, a história nos mostra todos os esforços da Equipe Azul para lidar com a volta do Mestre do Magnetismo, bem como a ascensão de seus seguidores, os Acólitos.

Um ano antes do lançamento de Guerra Infinita, a Marvel lançava aquela que seria sua saga mais amada durante anos. Desafio Infinito começa no momento em que Thanos decide reunir todas as Joias do Infinito para então poder aniquilar metade dos seres vivos do universo, apenas para agradar sua amada Morte.

Assim, os heróis - liderados por Adam Warlock - precisam formar uma resistência contra os planos do Titã Louco, o que acabou levando ao épico escrito por Jim Starlin e ilustrado por George Pérez e Ron Lim. A fase foi tão amada que acabou servindo de base para a Saga do Infinito no MCU, sobretudo Vingadores: Guerra Infinita.

Em primeiríssimo lugar, está uma das histórias mais envolventes e criativas já lançadas pela Casa das Ideias. Marvels partiu de uma ideia do roteirista Kurt Busiek e do artista Alex Ross, que decidiram revisitar o passado da editora e mostrar como é a vida de uma pessoa normal em um mundo repleto de super-heróis e seres superpoderosos.

A trama segue um fotógrafo do Clarim Diário chamado Phil Sheldon, que testemunha alguns dos maiores eventos protagonizados pelos heróis e vilões mais clássicos da editora, desde o surgimento do Tocha Humana Original até a "Era das Maravilhas", passando por momentos trágicos e inesquecíveis, como a morte de Gwen Stacy.