Os 11 melhores filmes de terror de 2021

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Os 11 melhores filmes de terror de 2021

Por Gus Fiaux

terror sempre foi um gênero glorioso e, nos dois últimos anos – devido à pandemia e outros medos mundiais -, ele nunca esteve tão próximo de nós. O horror veio para nos assustar, para nos deixar admirados e estupefatos e também para nos dar “esperança” de que nada é tão ruim que não possa piorar. E 2021 foi um ano muito completo para os fãs do gênero.

Abrimos uma votação interna com a equipe da Legião dos Heróis para decidir quais são os Melhores Filmes de Terror de 2021 – desde grandes sucessos lançados pela Netflix até filmes que estrearam na reabertura dos cinemas e que são, até agora, obras bem interessantes. Prepare-se para conhecer nossos (terríveis) favoritos do ano!

Nota: Em caso de empate entre os itens, predomina-se a ordem alfabética determinando a posição em que cada longa ocupa na lista. 

5º - Slumber Party Massacre

Poucas franquias longevas de horror conseguem ser tão coesas e memoráveis quanto O Massacre, série que veio para desconstruir e brincar com os tropos do cinema slasher alguns anos antes de Pânico presentear o globo com seu Ghostface. E agora, temos um novo filme na parada, chamado só de Slumber Party Massacre, e lançado direto para a TV, no canal SyFy.

Eu sei, eu sei. Você deve estar se perguntando: "Como um filme do SyFy entra nessa lista?". E eu rebato: Como ele não entraria?

Ácido, provocativo e muito envolvente, Slumber Party Massacre é justo o tipo de filme que sabe ser autoconsciente sem desrespeitar a inteligência de seu público. É divertido, sanguinário e tem diversas críticas mordazes em sua trama, além de ser uma ótima opção caso você queira reunir uma galera para ver um bom terror farofento.

5º - Saint Maud

Ainda em quinto lugar, temos um lançamento do ano passado que só chegou ao Brasil neste ano e já tirou nossos pés do chão sem muito mistério, Saint Maud é um filme sobre fé, sobre crise de identidade, sobre castidade e sobre morte e vida eterna. É uma experiência sensorial em todos os sentidos e um filme que vai mexer com suas crenças.

Na história, seguimos uma mulher muito religiosa que começa a sofrer com visões e paranoias, ao mesmo tempo em que sua vida passa a girar ao redor de uma mulher pela qual foi contratada para cuidar. Aos poucos, essa relação tumultuada se torna um verdadeiro festim angelical, mas até mesmo a luz e a santidade podem ser sombrias...

Com um excelente trabalho de direção da estreante Rose Glass, o longa é uma viagem esclarecedora que "suga" o melhor de clássicos contemporâneos como A Bruxa e Hereditário, ao mesmo tempo em que desenvolve todo o fanatismo religioso e a culpa católica de uma forma impressionante, bela e tenebrosa.

5º - Titane

Há alguns anos, a cineasta francesa Julia Ducournau arrebatou o mundo todo com seu longa de estreia, Grave - uma história sobre terror corporal, canibalismo e limites da vida. Agora, ela volta aos cinemas com um longa ainda mais ousado e marcante, se é que é possível. Titane chegou como um dos queridinhos do ano, saindo vitorioso no Festival de Cannes.

Explicar qual é a pira desse filme é uma tarefa árdua e ingrata - e sem dúvidas vale mais a pena você vê-lo na completa e absoluta ignorância, sem saber do que se trata. Digamos apenas que Julia consegue ir até outro extremo, assim como fez em Grave, enquanto trabalha elementos corporais, muito gore e uma história íntima e grotesca.

Com tudo para ser um dos maiores lançamentos do ano quando chegar ao Brasil pela MUBI, Titane é o clássico exemplo de uma "nova onda extremista" do cinema francês, dessa vez muito mais consciente de seus preceitos e decidida não apenas a causar o choque pelo choque, mas sim o choque pela completa degradação humana.

4º - Tempo

O diretor mais "ame ou odeie" de todos os tempos, M. Night Shyamalan retornou com os dois pés na porta em Tempo, seu mais novo longa. Um filme sobre a efemeridade da vida e a certeza da morte, temos aqui o estudo aprofundado das relações humanas frente a uma situação inevitável e caótica - tudo em um único ambiente ensolarado.

Ainda que tenha os clássicos deslizes de Shyamalan, especialmente no final, o longa consegue levantar questionamentos, teses e ideias muito importantes que se relacionam diretamente com o momento social e político que estamos vivendo, além de ser uma reavaliação da nossa própria vida e a nossa ânsia para envelhecer.

Carregado da esperança que já é tradicional nos filmes de Shyamalan, Old - como é conhecido em inglês - é uma das obras mais peculiares de seu autor, que usa como base uma história em quadrinhos para nos lembrar como toda a vida na Terra pode passar em um piscar de olhos - ou no mais simples quebrantar de uma onda na beira da praia...

4º - A Casa Sombria

De alguns anos para cá, David Bruckner se tornou um dos nomes mais curiosos e interessantes do cinema de horror. Após ter lançado O Ritual, o cineasta está de volta aos cinemas com A Casa Sombria, um filme bem alinhado com o horror do luto e da perda, além de explorar a ideia sempre presente do "duplo".

Alavancado pela atuação sem precedentes de Rebecca Hall, o filme não só explora a dor da perda e do adeus, mas também os segredos que temos que esconder de nós mesmos, além de ter um visual impecável e um senso cada vez mais sufocante de claustrofobia e perigo.

A Casa Sombria é o tipo de filme que, através de seu horror, nos faz reconhecer e encarar as próprias sombras e medos que carregamos nas nossas almas, ao mesmo tempo em que mergulha em uma história densa e misteriosa, transformando a dor da perda em um sentimento angustiante de temor e caos.

3º - Um Lugar Silencioso: Parte II

Originalmente programado para chegar aos cinemas no ano passado, Um Lugar Silencioso: Parte II começa exatamente de onde o primeiro parou e agora segue uma família fragmentada caminhando pelo mundo desolado que é habitado por feras vorazes que se guiam pelo mínimo dos sons. Agora, nós somos apresentados a um escopo muito maior desse mundo.

Dirigido novamente por John Krasinski, o filme acerta exatamente nos mesmos pontos que o filme original: as atuações impecáveis de seu elenco, composto por Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe - dessa vez, reunidos com Cillian Murphy que faz outro personagem peculiar e com uma história muito profunda.

Ainda que não seja tão poderoso quanto o original, Um Lugar Silencioso: Parte II até tem seus momentos de glória, especialmente por mostrar um pouco da invasão alienígena e também por trabalhar uma dinâmica familiar levemente diferente. Aqui, o terror permanece mas a ação impera - é quase o Aliens: O Resgate da franquia.

3º - Noite Passada em Soho

Edgar Wright é um dos cineastas mais cheio de vida e personalidade em Hollywood. Seu trabalho é extremamente memorável, seja no surto estético de Scott Pilgrim Contra o Mundo e Em Ritmo de Fuga ou na mistura perfeita entre horror e comédia da Trilogia do Cornetto. Agora, o diretor retorna com força total em Noite Passada em Soho.

Mais um filme carregado de homenagens e referências ao giallo - ainda há outro de 2021 que citaremos daqui a pouco -, o longa se propõe a destruir e abalar a ideia de nostalgia tão difundida na cultura atual, mostrando como o passado idealizado não era tão perfeito como pensamos, enquanto sua protagonista "retorna", em visões, para a Londres dos anos 60.

O filme é frenético e cheio de guinadas dramáticas absurdas, além de ter sua boa dose de jump scares, mas o que torna ele especial é o trabalho visual e estético claramente inspirado que misturam clássico e contemporâneo em um surto completo. E duvido que você vai conseguir parar de cantar Downtown depois de assistir esse...

3º - Censor

Embora não tenha feito tanto barulho aqui no Brasil quanto fez mundo afora, Censor é uma obra peculiar, saída diretamente do Reino Unido. Aqui, nós exploramos um momento bem curioso da Terra da Rainha - os anos 80, onde a forte onda conservadora impactou na censura das artes e na criação do video nasties, filmes que só eram divulgados em fitas VHS clandestinas.

No meio disso, uma funcionária do órgão de censura chamada Enid está cada vez mais fragilizada com as coisas grotescas que precisa assistir, até o momento em que entra em uma espiral alucinatória para reencontrar sua irmã, que desapareceu há muitos e muitos anos.

Misterioso e envolvente, Censor é o filme que você nem sente passar de tão intrigante, além de ter um dos terceiros atos mais surtados e insanos do cinema de 2021. Ele encontra beleza na brutalidade e oferece ao público uma experiência desconcertante cheia de luzes e cores - ainda que nenhuma delas seja mais vibrante que o sangue derramado.

2º - Rua do Medo

2021 foi o ano em que resgatamos muito do nosso amor pela obra de R.L. Stine, o autor responsável por toda a franquia de Goosebumps. Porém, o responsável por todo esse amor foi o "primo mais velho" da franquia, a saga Rua do Medo, inspirada na série de livros homônimos de Stine e que chegou à Netflix com um projeto ousado: três filmes em três semanas.

Apesar de seguir a cartilha do horror adolescente, a saga Rua do Medo dá um passo adiante ao prestar homenagens a diversos gêneros, subgêneros e momentos do horror ao longo dos anos, com um nítido foco no cinema slasher. Repleto de momentos grotescos, ele se sustenta também com os seus personagens carismáticos e sua narrativa muito bem amarrada.

Dentro da equipe da Legião dos Heróis, o favorito geral foi 1978, o segundo capítulo da franquia, que toma várias aulas com Chamas da Morte, Sexta-Feira 13 e Acampamento Sinistro, contando a excelente e trágica história de um acampamento de férias cheio de crianças e adolescentes - com um assassino mascarado à solta.

1º - Maligno

Depois de ter nos agraciado com franquias icônicas como Invocação do Mal, Jogos Mortais e Sobrenatural, James Wan está de volta ao horror com seu mais novo lançamento, o deliciosamente delirante Maligno - filme com pitadas de giallo e de thriller, mas que se propõe a homenagear e reverenciar um pouco de tudo que torna o horror tão interessante.

Na trama, uma jovem mulher percebe que está ligada a um assassino terrível, e descobre que essas conexões vêm desde sua infância - e por mais que essa premissa possa ser muito vaga, Maligno é uma verdadeira experiência que vai te deixar hipnotizado, chocado e, com toda a certeza, lobotomizado - no melhor sentido possível.

Sem medo de ser camp e com um timing impressionante, especialmente em uma era em que os cineastas de horror buscam cada vez mais por louros e "prestígio" por suas obras, o mais novo filme de Wan sabe se divertir e, ainda melhor, sabe controlar todas as emoções do público e guiá-lo para uma experiência absurdamente insana.

1º - A Lenda de Candyman

Empatado no primeiro lugar, temos um dos filmes mais importantes do ano, provando que a nostalgia pode ceder lugar a uma completa reimaginação do passado para se criar algo novo. A Lenda de Candyman é o mais novo capítulo da saga de Candyman - embora só dê, de fato, continuidade ao primeiro filme da franquia, de 1992.

Aqui, somos apresentados a um assassino com um gancho na mão, mas sua história é muito mais complexa e trágica que a arma que ele carrega. E dessa vez, a diretora Nia DaCosta se mostra interessada em reconstruir todo o mito por trás dessa lenda urbana, enquanto a expande para novos horizontes em uma trama sobre racismo, gentrificação e o poder da narrativa oral.

Com assinatura de Jordan Peele na produção, o filme faz bem em não só cair para o lado do "pós-horror", mas também por apresentar uma história genuinamente aterrorizante, cheia de reviravoltas dramáticas e doce como o mel, mas violenta como o ferrão de uma abelha.