Os maiores erros do Universo Cinematográfico da Marvel

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Os maiores erros do Universo Cinematográfico da Marvel

Por Junno Sena

Com mais de dez anos de existência, o Universo Cinematográfico da Marvel parece estar em uma queda vertiginosa. Enquanto alguns apontam o motivo disso como uma “fadiga dos filmes de heróis”, outros culpabilizam a “diversidade”, mas, a verdade é que encontrar os erros do estúdio é uma tarefa mais complexa do que parece.

Entre uma precarização no trabalho dos profissionais e um desejo de alimentar a máquina que se tornou o estúdio, existe muito para se reclamar da Marvel Studios. Nessa lista, separamos os maiores erros que esse universo cinematográfico encontrou nos últimos anos. E você, apontaria mais algum? Deixe nos comentários.

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Quantidade acima de qualidade

Com algumas cenas pós-créditos e filmes escassos do Homem de Ferro e Capitão América, a Marvel Studios foi construindo um império. Não demorou para que o modelo de negócios da empresa contasse com quadrinhos expandindo seus filmes, cerca de três grandes lançamentos por ano, além de eventos anunciando futuras escalações e próximos passos.

Acompanhar o Universo Cinematográfico da Marvel se tornou algo além do entretenimento, indo de encontro a um hobbie e, para alguns, uma religião. Esse posicionamento, quase megalomaníaco, do estúdio resultou em uma alta demanda para uma baixa produtividade. Os fãs queriam mais, as produções ficavam maiores e, consequentemente, demoravam mais.

Nessa lógica, perder tempo é perder dinheiro. Com o fim da Saga do Infinito, o estúdio correu atrás do “vácuo” criado com Vingadores: Ultimato e construiu mais uma grande saga com demanda para séries, animações, spin-offs e filmes para o cinema e Disney+. Porém, o estúdio não contou com uma questão: como a quantidade em detrimento da qualidade afetaria o bem-estar de seus funcionários.

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O tratamento dos profissionais de VFX

A alta demanda da Marvel Studios abriu uma brecha para uma grande precarização no trabalho de diversos profissionais, incluindo artistas de VFX. De acordo com a coordenadora de VFX Alexandre Rebeck para o IndieWire, o clima nos bastidores de Falcão e o Soldado Invernal estava tenso desde o início.

“Não sei como isso é aceitável. Não dá para entender como se pode exaurir as pessoas assim. Era a primeira série de TV da Marvel. Gravamos durante a pandemia, o que já tornou tudo mais difícil. Fui convidada para outras produções da Marvel e as coisas foram muito melhores. Não acho que seja um problema só da Marvel, mas quando se pula de série para série, as coisas podem dar terrivelmente errado. Não quero que quem comece a trabalhar com VFX passe pelo que tive de fazer naquela série. É desumano. Não é normal.”

A exaustão dos profissionais gerou, também, um descontentamento do público, trazendo críticas que apontavam a falta de qualidade nos efeitos visuais e roteiros. Com a movimentação sindical dos profissionais de VFX da Marvel, ficou evidente um dos maiores problemas na construção do MCU: mesmo sob os cuidados de Feige, o estúdio sofre de uma falta de organização e comunicação da empresa com os seus funcionários.

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Falta de controle criativo

Mesmo aumentando o seu hall da fama de roteiristas e diretores, é nítido como o controle de Kevin Feige limita escolhas criativas. De Mulher-Hulk: Defensora de Heróis até Daredevil: Born Again, diversos profissionais relataram como o controle dos produtores ocasionou em conflitos e afastamentos.

Dentre eles, temos o caso de Jessica Gao que foi, brevemente, afastada da série Mulher-Hulk. Não muito diferente de Invasão Secreta que precisou mudar toda sua equipe, assim como Daredevil: Born Again, Blade e Echo que também enfrentaram casos parecidos.

Já os profissionais que se mantiveram com a Marvel, como a diretora Nia DaCosta, comentam que, ao fim, seu filme seus filmes se tornaram uma “produção do Kevin Feige”. Isto é, a assinatura do diretor é escondida sobre a grande logo da Marvel. "Foi muito bom me jogar nesse mundo e fazer parte de sua construção", acrescentou ela, "mas isso me fez querer construir meu próprio mundo ainda mais."

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Pasteurização e “fórmula Marvel”

A falta de controle criativo trouxe outro grande problema para o Universo Cinematográfico da Marvel: sua pasteurização. O termo se refere a um processo de esterilização desenvolvido em 1862 pelo químico francês Louis Pasteur, mas aqui se trata de como a Marvel construiu uma fórmula e a replica em todos os formatos possíveis.

Em um primeiro momento, essa tática de Feige foi crucial para construir a unidade que, hoje, conhecemos como MCU. Porém, com o fim da Saga do Infinito, o público passou a notar as falhas desse universo, começando pela sua “mesmice”.

Apesar de séries como Ms. Marvel e Mulher-Hulk: Defensora de Heróis e filmes como Lobisomem na Noite e Wakanda Para Sempre tentarem fugir da fórmula, todas as produções da Marvel Studios seguem um propósito e, consequentemente, uma justificativa para existir.

Mesmo com personagens cativantes, todos adaptam a típica Jornada do Herói — uma descoberta, um conflito e um desenvolvimento —, mas com uma pitada especial, isto é, a cena pós-crédito. Desta forma, nada termina em si mesmo, fazendo dessas histórias apenas um embrulho para o que realmente importa: o futuro crossover.

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Tudo importa, nada importa

Existe uma máxima que costuma circular em agências de publicidade: “Se tudo é prioridade, nada é prioridade”. No caso da Marvel, se tudo é importante, nada é, de fato, importante. Após a construção da Saga do Infinito, a Marvel Studios acostumou seu público a encontrar grandes enredos em pequenas referências.

Isto é, um simples filme da Capitã Marvel não é apenas uma história de origem para Carol Danvers, mas a apresentação de uma figura chave na luta contra Thanos. Já A Era de Ultron não é um debate sobre o avanço da tecnologia acima da moral humana, mas a apresentação de Feiticeira Escarlate e Mercúrio.

Nessa lógica, “todo filme é importante”, o que resulta na (1) pasteurização da Marvel e como produtores limitam as escolhas criativas, mas também no (2) desinteresse de um consumo pontual dos filmes e séries, afastando novos espectadores.

Este segundo ponto pode parecer pouco importante, mas, em uma visão geral, é uma das razões pelas quais houve uma queda nas bilheterias.