Não é de hoje que Hollywood nos apavora com seus "filmes-catástrofe" - longas que retratam a extinção da vida na Terra (ou em outro local específico) devido a fenômenos naturais, acidentes apocalípticos ou mero acaso. 1998 foi um ano de destaque para esse tipo de filme, com a estreia de Armageddon e Impacto Profundo.

Ambos os filmes lidam com questões similares: um meteoro está vindo até a Terra e pode aniquilar a vida humana. O mais curioso é que, na mesma época, vários filmes com tramas bem similares foram lançados, como Doomsday Rock e Asteróide (1997), Tycus: Impacto Mortal (1998) e Dia do Julgamento (1999).

Um dos casos mais famosos e que sempre retorna quando o assunto é filmes curiosamente parecidos demais envolve as animações Vida de Inseto e FormiguinhaZ. Tanto o filme da Pixar quanto o projeto de estreia da DreamWorks tratam de formigas operárias lidando com um sistema opressor e buscando formas de conduzir uma revolução.

A "semelhança" gerou todo um bafafá nos bastidores, até com troca de farpa entre artistas de ambos os estúdios. Jeffrey Katzenberg - que já havia sido demitido da Disney e partiu para trabalhar na DreamWorks - foi acusado de ter "roubado" a ideia de Vida de Inseto. Isso gerou uma série de atritos entre Katzenberg, John Lasseter, Steve Jobs e outros executivos da Pixar.

O fim dos anos 90 trouxe uma série de mudanças efervescentes na sociedade norte-americana, com um sentimento anti-sistema crescendo cada vez mais. A partir daí, vieram grandes clássicos da ficção científica, todos girando em torno da fabricação da realidade e a hiperdependência da humanidade por máquinas e tecnologia.

Os maiores exemplos disso são Matrix e eXistenZ, ambos filmes sobre pessoas comuns que se veem presas em conspirações que envolvem realidades virtuais e artificiais. Além destes, outras distopias parecidas foram lançadas no mesmo período, como é o caso de Décimo Terceiro Andar, também de 1999.

A virada dos anos 2000 trouxe projetos cada vez mais ousados para as telas de cinema, com um grande avanço das produções de médio orçamento. Um ano particularmente marcante foi o de 2006, que contou com o lançamento não só de um, mas dois filmes sobre mágicos e ilusionistas do Século XIX, que precisam lidar com algum mistério em suas vidas.

De um lado, temos O Grande Truque, baita filme de Christopher Nolan estrelado por Hugh Jackman e Christian Bale. Do outro, ficamos com O Ilusionista, filme comandado por Neil Burger e protagonizado por Edward Norton. Curiosamente, todos os três atores participaram de filmes de super-heróis, em algum ponto de suas carreiras.

Enquanto o mundo caía de amores por super-heróis, tanto a DreamWorks quanto a Illumination tiveram ideias parecidas, fazendo filmes focados em super-vilões que, no fim das contas, nem são tão malvados assim. Foi nessa época que surgiu Meu Malvado Favorito - primeiro filme de uma longa franquia - e Megamente.

Ambos os filmes lidam com esses vilões estereotipados de histórias de super-heróis lidando com suas próprias frustrações e aprendendo a serem pessoas melhores. As principais diferenças ficam por conta da própria narrativa, já que Meu Malvado Favorito segue um vilão que precisa aprender a ser um bom pai, enquanto Megamente mostra um vilão que precisa aprender a ser um bom nêmese para seu arqui-inimigo.

Contos de fadas sempre estiveram em alta no cinema, desde os primórdios. Ainda assim, vez ou outra nos surpreendemos quando estúdios tentam fazer suas próprias versões da mesma história, quase sempre garantindo efeitos um tanto quanto controversos. Isso aconteceu em 2012 com o lançamento de Branca de Neve e o Caçador e Espelho, Espelho Meu.

O primeiro é um filme de ação e aventura que mostra Branca de Neve no posto de uma guerreira que, ao ser caçada pela Rainha Má, precisa juntar um exército. Já Espelho, Espelho Meu é uma obra altamente estilizada e que mergulha na estética camp do diretor Tarsem Singh. Ambos, no entanto, receberam elogios por suas respectivas vilãs (vividas por Charlize Theron e Julia Roberts)

Que a franquia de Ethan Hunt sempre cruzou caminhos com a saga de James Bond não há como negar. Na verdade, Missão: Impossível pode ser considerada quase a "versão americana" de 007. Ainda assim, nada ia nos preparar para as similaridades entre 007 Contra a Spectre e Missão: Impossível - Nação Secreta, ambos lançados em 2015.

Ambos os filmes lidam com seus respectivos agentes protagonistas lidando com o fechamento abrupto de suas agências de inteligência. Além disso, os dois filmes possuem muitas locações em comum, com cenas em Londres, na Áustria e no Marrocos - todas com perseguições implacáveis. É um caso bem absurdo de "coincidência cinematográfica".

Em 2016, as maiores franquias de super-heróis do mercado decidiram bater de frente uma com a outra - e para isso, colocaram seus maiores heróis para bater de frente um com o outro. Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Capitão América: Guerra Civil foram lançados com pouquíssimos meses de diferença, o que aumentou ainda mais as comparações.

No filme da DC Comics, somos apresentados ao Batman de Ben Affleck, que deseja impedir o Superman de se tornar um conquistador tirano na Terra. Já no longa da Marvel Studios, temos uma batalha física e ideológica liderada pelo Capitão América e pelo Homem de Ferro, que resultou na cisão dos Vingadores.

Aqui temos um caso bem curioso. Em 2018, Leigh Whannell (um dos criadores da saga Jogos Mortais) lançou seu segundo longa-metragem. Upgrade conta a história de um mecânico que entra em contato com uma tecnologia avançada que toma controle de seu corpo, dando a ele seus "superpoderes". Meses depois, saía Venom.

Ambos os filmes lidam com a ideia de simbiontes que não só se "grudam" em seus hospedeiros, mas também são capazes de se comunicar com eles. E para tornar as coisas ainda mais engraçadas, os protagonistas dos dois filmes - tanto Logan Marshall-Green quanto Tom Hardy - são conhecidos por se parecerem um com o outro.

No ano passado, um boneco de madeira se tornou um destaque na cultura pop, ganhando vários lançamentos de grandes estúdios. De um lado, vimos a Disney lançando seu próprio remake live-action do clássico de 1940, e do outro, tivemos Guillermo del Toro adentrando de vez no mundo das animações com sua própria versão de Pinóquio.

Ambos os filmes são baseados no livro de Claudio Collodi, mas partem de dinâmicas muito diferentes. Enquanto o filme da Disney é uma recriação quase idêntica do longa animado original, a animação de Del Toro coloca o boneco de madeira em um ambiente mais sombrio, destacando a ascensão do fascismo na Itália na década de 30.