7 filmes que desafiaram a própria classificação indicativa

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7 filmes que desafiaram a própria classificação indicativa

Por Arthur Eloi

A classificação indicativa existe para garantir que crianças não assistam obras muito pesadas antes da idade certa. Mesmo assim, existem alguns filmes que entendem como um desafio em colocar mortes, sustos e nojeiras de forma que não seja explícita, mas que ainda cause um pequeno momento de choque.

Foi o caso de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, por exemplo, que é mais gráfico e violento que o restante do Universo Cinematográfico da Marvel, ao ponto que muita gente ficou se perguntando: “Como raios esse filme não tem uma classificação indicativa maior?

Aproveitando esse delicioso momento de indignação, relembramos outros filmes com baixa classificação indicativa que nos surpreenderam com momentos pesados!

Poltergeist (1982)

Nos Estados Unidos, a classificação indicativa conhecida como PG-13 - equivalente ao “indicado para maiores de 14 anos” no Brasil - só foi entrar em vigor a partir de 1984. O motivo é que, anos antes, a coisa era intensa nos filmes infantojuvenis.

Um bom exemplo disso é Poltergeist: O Fenômeno. Filme de Tobe Hooper (*O Massacre da Serra-Elétrica**) tinha classificação indicativa livre, mas mesmo assim traz todo tipo de assombração monstruosa, sustos, ossadas reais (sério) e até mesmo uma memorável cena em que alguém alucina arrancar o próprio rosto com as mãos.

Vale notar que Poltergeist foi produzido por Steven Spielberg. Anote o nome do cineasta porque ele aparece com frequência nessa lista.

Tubarão (1973)

Um dos primeiros filmes a começar a levantar suspeitas nos EUA de que seria necessário rever o sistema de classificação indicativa é também o longa que criou o conceito de blockbuster. Sem surpresas, também é o filme que lançou de vez a carreira de Steven Spielberg.

Tubarão é, essencialmente, um filme de terror, que traumatizou incontáveis gerações sobre os perigos do maior predador dos mares - ainda que, na vida real, tubarões não matem muita gente não.

Com tensão de peso e algumas boas cenas de matança, o longa é um clássico absoluto do cinema, mas é sempre surpreendente voltar e ver que sua censura era bastante tranquila para a época.

Gremlins (1984)

Filmes infantis conseguiam se safar de muita coisa nos anos 80, especialmente se fossem feitos em tom de comédia. Gremlins, um dos mais icônicos filmes de monstros, demonstra muito bem isso.

A obra de Joe Dante é um clássico do horror infantojuvenil, e em geral é tão assustadora e divertida quanto um brinquedo de terror de parque de diversões. Em alguns momentos, porém, o cineasta testa os limites do público infantil com sustos, cenas de tensão ou momentos como uma das criaturas sendo trituradas em um liquidificador.

Há uma grande quantidade de Gremlins sendo assassinados de formas brutais ao ponto de ser cômico, mas tudo fica bem no fim do dia se o sangue for verde ou de qualquer outra cor. Ah, e só para constar: sim, Gremlins é produzido por Steven Spielberg.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984)

Sabe o motivo de Steven Spielberg marcar tanta presença nessa lista? Simplesmente porque a classificação indicativa precisou se adaptar a um de seus filmes, no caso Indiana Jones e o Templo da Perdição.

O antecessor, Caçadores da Arca Perdida (1981), já havia pegado um pouco pesado com a cena de um nazista tendo sua cara derretida. Mas Templo da Perdição vai além com mais de 40 mortes em tela, muitos adereços de magia vodu e, claro, um homem tendo seu coração arrancado na mão em toda a sua glória.

Foi a partir desse filme que Hollywood, atendendo à demanda de pais raivosos, precisou criar um novo sistema de classificação indicativa, já que Templo da Perdição foi lançado como Livre para todos os públicos. Daqui em diante, filmes infantojuvenis com esse tipo de violência começaram a ser categorizados para maiores de 14 e 16 anos - ou 13 anos nos EUA, a infame censura PG-13.

Jurassic Park (1993)

Você acha mesmo que Steven Spielberg desistiu de fazer filmes assustadores para toda a família? Não mesmo! Em 1993, quase uma década após Templo da Perdição mudar tudo, o cineasta mostrou o quão assustadores os dinossauros podem ser com Jurassic Park.

O longa, assim como grande parte das obras do cineasta, é conduzido com muito bom gosto, e a grande maioria das desgraças acontece fora de tela. Isso, porém, se torna incentivo para criar tensão ainda mais pesada, e momentos que te fazem pular da cadeira. Por exemplo, quem consegue esquecer a cena em que alguém é devorado por um T-Rex enquanto tenta se esconder no banheiro?

Assim, não é como se Jurassic Park fosse extremamente gráfico ou violento, mas definitivamente é mais intenso que a média dos filmes de classificação Livre, e foi um dos últimos grandes blockbusters a oferecer uma experiência moderadamente intensa para o público infantojuvenil.

Trilogia O Senhor dos Anéis

Na discussão sobre filmes que desafiam classificações indicativas, O Senhor dos Anéis costuma ficar de fora, mas merece ser lembrado. Afinal, o diretor Peter Jackson lançou sua carreira no terror banhando em sangue.

O mundo da Terra-Média nunca chega próximo a isso, mas há vários momentos na trilogia que mostram o passado do cineasta no gênero. Seja com um Bilbo possuído pelo anel, o visual dos Nazgul, uma aranha gigante, o clima sombrio de As Duas Torres, os orcs canibais grotescos ou mesmo o Exército dos Mortos, há um delicioso gostinho de horror por trás do épico de fantasia.

No fim das contas, tanto para Senhor dos Anéis quanto com as obras de Steven Spielberg que marcam a lista, é essa inusitada combinação que dá a magia para esses filmes.

Coraline e o Mundo Secreto (2009)

Com o passar dos anos, filmes macabros para crianças, ou mesmo aventuras com momentos aterrorizantes, se tornaram cada vez mais raros. É isso que faz com que Coraline e o Mundo Secreto seja tão precioso: é uma animação infantil, mas uma de gelar a alma.

Com roteiro de Neil Gaiman, e dirigido por Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack), o filme se propõe a ser uma jornada de fantasia sombria, mas frequentemente brinca com sustos e visuais que não ficam devendo em nada a outros filmes de horror. Ainda assim, a classificação indicativa é para maiores de 10 anos.

Com menos filmes infantojuvenis assustadores, recentemente surgiu um movimento de cineastas como Guillermo Del Toro (Hellboy) e Eli Roth (O Albergue) para tentar fazer resgatar obras do tipo. A justificativa é simples: os adultos podem não concordar, mas as crianças adoram se assustar. Só é preciso ajustar a intensidade para não traumatizá-las, mas com certeza obras do tipo ajudaram a moldar muitos fãs de cinema e televisão.

Qual é momento assustador ou intenso em filmes para a família mais te marcou? Deixe nos comentários abaixo!