O horror é um dos gêneros mais atrativos da indústria cinematográfica, mas isso não significa que todos os pais deixam seus filhos escolherem livremente entre os títulos de horror para assistir. Pânico, no entanto, veio com uma pegada diferenciada por homenagear os clássicos slasher dos anos 90, tudo isso enquanto inaugurava uma renascença do subgênero.

Ainda que não seja um filme tão grotesco e pesado quando outros clássicos como, digamos, O Massacre da Serra Elétrica, a obra de Wes Craven é recheada de momentos sádicos e muita violência gráfica, além de conter uma boa dose de insinuações sexuais. E ainda assim, foi a porta de entrada para muitas crianças e adolescentes ao mundo delirante do terror.

Possivelmente o último grande épico romântico do cinema, Titanic é um drama que mistura elementos fictícios com a real história do naufrágio de um poderoso navio em 1912, com a impecável direção de James Cameron e a brilhante interpretação de Kate Winslet e Leonardo DiCaprio. Por isso, não é nem um pouco surpreendente que todos já tenham visto o longa.

Contudo, a verdade é que Titanic é uma obra com muito conteúdo que seria considerado "não recomendável" para crianças e adolescentes, seja pela famosa cena de nudez de Rose ou pela segunda metade do enredo, que vai fundo no cenário de filme-catástrofe e nos presenteia com centenas de mortes trágicas, grotescas e angustiantes.

Na virada dos anos 90 para os anos 2000, a comédia passou por uma grande mudança, com a proliferação dos chamados "besteróis" - filmes de comédia nonsense que apostavam frequentemente em cenas sexuais e um humor mais "picante". Foi assim que surgiu a franquia American Pie, que teve várias continuações e spin-offs.

Toda a graça desses filmes gira em torno das piadas mais eróticas e devassas o possível, sem contar todo o humor escatológico. Definitivamente não é o tipo de coisa que uma criança deveria estar vendo, mas como adolescentes, nós certamente já procuramos esses filmes só pelo gostinho do que é a "vida adulta" - ou pelo menos, do que imaginávamos que seria.

Baseado no romance Ligações Perigosas de Choderlos de Laclos, o filme Segundas Intenções já atrairia o público só por conta de seu elenco, que une Sarah Michelle Gellar (de Buffy e Scooby-Doo), Ryan Phillippe (de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado) e a nossa icônica Reese Witherspoon bem jovem.

Um clássico do cinema jovem adulto da virada do milênio, o filme é cheio de insinuações de incesto, além do uso de drogas ilícitas e cenas mais explícitas em relação ao sexo e sexualidade. Ainda assim, é um clássico de reprises na TV aberta e de locadora, e não podemos pregar os olhos quando vemos todo o jogo de gato e rato envolvendo Kathryn Merteuil.

Outro dos filmes que ajudaram a viciar muitas crianças no mundo do terror, Premonição começou, surpreendentemente, como a ideia descartada de um episódio de Arquivo X, no qual a morte seria representada como uma força invisível que decide se vingar de pessoas que escaparam dela. Assim foi como o diretor James Wong vendeu a franquia.

A trama não é lá muito importante nos filmes da saga, e o que realmente nos desperta interesse são as cenas de morte extremamente elaboradas, terríveis e sangrentas. Isso nos fez ver não apenas o primeiro, mas todas as sequências - e muita gente até hoje tem medo de pegar avião ou passar do lado de um caminhão de madeira na estrada por conta disso.

Se em meados dos anos 90, Pânico chegava para revolucionar o cinema de terror, no começo dos anos 2000 podíamos agradecer a Todo Mundo em Pânico por nos fornecer sátiras completamente alucinadas (e alucinógenas) dos filmes que mais gostávamos de assistir - e para alguns, era até mais fácil digerir um filme de comédia do que os clássicos do horror.

Porém, toda a franquia Todo Mundo em Pânico é bem distante do que se pode chamar de family friendly - há cenas de mortes violentas, piadas de humor explicitamente sexual, nudez e muita coisa destoante da ideia de "bom gosto". Ainda assim, aposto que tem muitos aqui que sabem decoradas as falas de Brenda e Cindy desde crianças!

Falando em Todo Mundo em Pânico, todos devem se lembram bem da cena hilária envolvendo Samara Morgan no terceiro filme. E isso só funciona na nossa cabeça porque, muito provavelmente, também vimos O Chamado antes do tempo que deveríamos, afinal trata-se de um filme de terror muito denso e cheio de momentos grotescos.

Aqui, acompanhamos a história de uma fantasma que se manifesta toda vez que alguém assiste sua fita cassete amaldiçoada. Embora o conceito de fita cassete pareça ter evaporado na mente dos jovens atuais, era bem divertido (e assustador) imaginar o que aconteceria se víssemos a tal fita maldita - e por isso, toda vez que víamos o filme, rezávamos para o telefone não tocar.

Cameron Diaz, Selma Blair e Christina Applegate são três das atrizes que mais esperávamos ver em qualquer produção de comédia dos anos 2000, e a reunião do trio se deu no completamente degenerado Tudo para Ficar com Ele, dirigido por Roger Kumble e clássico das reprises na TV aberta (porém, no horário da madrugada).

O filme acompanha as desventuras amorosas de três amigas e já mostra bem de cara o caminho que vai percorrer para entregar ao público situações muito absurdas, como quando todas as personagens começam a cantar uma música chamada "É Grande para Caber Aqui" em um restaurante, ou quando há uma sequência musical envolvendo Aerosmith durante um incidente no sexo oral.

Os Irmãos Wayans estão entranhados no repertório cultural de qualquer um que cresceu com acesso à TV aberta no Brasil. Seja por produções como Eu, a Patroa e as Crianças ou por seus filmes, dentre os quais um dos mais famosos é As Branquelas, de 2004, que retrata dois policiais negros se disfarçando como patricinhas.

O filme conserva várias piadas muito divertidas (outras não envelheceram tão bem), mas o humor dos Wayans fica nítido na forma como algumas das cenas mais malucas são entregues. Todos nos lembramos, por exemplo, da história que envolve Latrell Spencer e uma cadeira de rodas, ou então das várias cenas escatológicas envolvendo as "Irmãs Wilson".

Para fechar esta lista, não podíamos nos esquecer do suspense psicológico que se tornou um dos maiores clássicos de locadora na virada do milênio. Em 2004, Efeito Borboleta trazia Ashton Kutcher no papel de um rapaz que sofre de amnésia mas tem a capacidade de voltar no tempo e alterar uma parte de seu passado, sempre que lê seus diários.

Amado por muitos, o filme definitivamente não se sustenta tanto quando o revemos hoje em dia. Porém, é surpreendente pensar que muitos de nós o vimos quando éramos muito jovens, sem entender boa parte dos elementos mais adultos e pesados da trama, desde envolvimento com pornografia até assassinato involuntário.