Criado por Alan Moore e Dave Gibbons, Doutor Manhattan apareceu pela primeira vez em 1986, em Watchmen #1, publicada pela DC Comics no selo Vertigo. Parcialmente baseado em outro personagem da DC, o Capitão Átomo, o propósito original de Moore era construí-lo como uma alegoria para a ameaça nuclear.

Mas, muito mais do que um herói afetado diretamente pela possibilidade de uma guerra nuclear, Moore queria construir um personagem que tivesse uma percepção de tempo e espaço completamente diferente da humanidade. Essas pequenas diferenças que afastaram Dr. Manhattan da sombra do Capitão Átomo, transformando o personagem de Watchmen mais em uma divindade e menos em um ser humano.

Jon Osterman nasceu em 1929, em meio a grande crise americana e é a identidade prévia de Dr. Manhattan. Nascido em uma família americana com origem alemã, Jon seguiu, inicialmente, a carreira do pai como um construtor de relógios. Mas, quando os Estados Unidos lançaram a bomba de Hiroshima, seu pai declarou que sua profissão não tinha mais espaço na sociedade e insistiu para que o filho estudasse física nuclear.

Esse momento da Segunda Guerra Mundial representou o ponto de virada para o futuro de Jon, o levando de uma carreira como criador de relógios para um físico nuclear. Essa mudança representa muito do próprio Dr. Manhattan e a sua percepção de tempo.

Seguindo os desejos do pai, Jon entrou para a Universidade de Princeton e concluiu um pós-doutorado em física atômica. Em 1959, ele se muda para Gila Flats, onde conhece Janey Slater, uma colega pesquisadora. Entre experimentos e estudos, os dois se apaixonam. Mas, o romance com Jon não dura muito.

Durante um de seus experimentos, Jon esquece o relógio quebrado de Janey que prometeu consertar dentro de uma câmara no laboratório. Para impedir que o mesmo fosse destruído durante o experimento, Jon entra no local. Mas, mesmo com a ajuda de todos no laboratório, ele não consegue sair e seu corpo é desintegrado, dando fim a vida de Jon.

Após a morte de Jon, uma série de curiosos eventos acontecem na base de pesquisa onde ocorreu o incidente. Os pesquisadores chegam a cogitar que o lugar se tornou assombrado desde a morte de Jon.

É então que se descobre que Jon está, progressivamente, tentando se reconstruir. Seu corpo, aos poucos, vai aparecendo, primeiro como um sistema nervoso sem corpo ao qual se juntar. Então, um esqueleto e músculo parcialmente formados.

Eventualmente, Jon aparece completo no laboratório, porém, diferente. Sem cabelo, nu, cheio de músculos e com a pele azulada e brilhante com uma tonalidade “ultravioleta”. A nova forma curiosa de Jon chama a atenção do governo americano, o tornando parte fundamental do mesmo.

Ele, então, se torna um herói e recebe o nome de Doutor Manhattan, em referência ao Projeto Manhattan — programa de pesquisa e desenvolvimento que produziu as primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial.

Dr. Manhattan possui uma grande importância nos eventos de Watchmen. Sua presença em território americano dá vantagem aos Estados Unidos durante a Guerra Fria, além do mesmo ter sido crucial para a vitória do país durante a Guerra do Vietnã. Em outras palavras, o deus se torna um peão americano.

Mesmo assim, ele nunca deixou de ser um pesquisador. Liderou diversas pesquisas e foi responsável por avanços tecnológicos explorados pela Veidt, empresa de Adrian Veidt.

Porém, o que Manhattan representava para a humanidade também significava a contagem regressiva para uma guerra nuclear. Pensando no mal que causava para as pessoas ao seu redor, Manhattan passou um longo tempo em exílio em Marte.

Enquanto o mesmo pensava se devia ou não proteger a humanidade, Veidt elabora um plano para impedir o início de uma Terceira Guerra Mundial. Ao fim dos quadrinhos, o plano de Veidt em simular uma invasão alienígena dá certo, mas com um custo: a morte de três milhões de pessoas e o assassinato de Roschach pelas mãos de Manhattan.

Ao fim da história, Adrian pergunta a Manhattan se seu plano deu certo, e é quando ele responde: “No fim? Nada chega ao fim, Adrian. Nada”. Sem mais explicações, Manhattan deixa a humanidade mais uma vez.

O visual de Dr. Manhattan é um dos destaques do personagem, principalmente quando falamos no símbolo que carrega na testa. O mesmo foi marcado pelo próprio Manhattan após os Estados Unidos oferecerem um uniforme para o herói.

Manhattan diz que não gosta da roupa ou do elmo oferecidos a ele. Porém, algo chama sua atenção no capacete, um símbolo que, nas palavras dos idealizadores, significa “átomos, poder atômico, coisas do gênero”.

Manhattan diz que seria mais apropriado apenas um átomo de hidrogênio. “Eles não sabem do que preciso. Você também não. Se preciso de um símbolo, será algo que respeito”, responde enquanto esculpe o símbolo de um núcleo atômico com um único elétron em órbita em sua própria testa.

Durante o evento Renascimento da DC, lançado em 2016, os universos da DC e de Watchmen começaram a colidir. Primeiramente com Manhattan restaurando e criando uma nova realidade para o universo dos heróis da DC após os eventos de Ponto de Ignição.

Depois disso, o personagem se mudou para a Terra de Superman, pois teve uma visão de um Kal-El enfurecido lhe dando um soco. Manhattan relata que não viu mais nada depois disso, o fazendo acreditar que o kryptoniano o matou ou destruiu tudo.

A trama se desenrola para um Manhattan decepcionado por nunca ter sido o herói inspirador que o Superman é para o universo DC. Ao fim da saga, o mesmo chega a criar uma criança com o nome de Clark e transferir o que restava de seus poderes a ela.

Como dito anteriormente, Doutor Manhattan é uma espécie de deus, logo, o mesmo possui semi-onipotência e semi-onisciência, sendo capaz de perceber o tempo de forma não linear, podendo saber de tudo o que aconteceu, acontece e irá acontecer na sua e em outras linhas do tempo.

O mesmo também é capaz de viajar pelo tempo à vontade. Possui uma consciência cósmica, pode se teletransportar para onde quiser e, até mesmo, se dividir ou replicar. O personagem também é capaz de gerar faíscas de energia elétrica a partir de seu corpo, controlar elementos à vontade e viajar para outras dimensões.

Seus sentidos foram todos aprimorados, assim como sua inteligência. Ele ainda pode voar, criar campos de força, projetar energia, se tornar intangível e já se mostrou capaz de replicar feitiços.

A primeira adaptação live-action do herói se deu em Watchmen (2009), filme dirigido por Zack Snyder. Interpretado por Billy Crudup, seguimos a história do quadrinho, do início da vida de Jon Ostermann até sua transformação no poderoso Doutor Manhattan.

Já no mundo das séries de TV, o ator Yahya Abdul-Mateen II interpreta uma versão mais velha do personagem em Watchmen (2019), série da HBO Max. Primeiramente, o personagem é apresentado como Cal Abar, marido de Angela Abar.

Ao fim da história, é revelado que os anos seguintes aos eventos de Watchmen afastaram Manhattan ainda mais da humanidade. Procurando uma forma de se relacionar, ser amado e amar, ele deixa sua antiga identidade e se torna Cal Abar.

Eventualmente, o personagem é destruído devido a uma nova ameaça de guerra nuclear, mas, nos momentos finais, é sugerido que parte de seus poderes foram transferidos para sua esposa.