Disney: Conheça todas as Eras das animações do estúdio

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Disney: Conheça todas as Eras das animações do estúdio

Por Gus Fiaux

De princesas e castelos mágicos a super-heróis e animais falantes, a Walt Disney é (e sempre foi) a maior referência mundial no que diz respeito às animações. Todos nós crescemos embalados por clássicos cheios de magia e aventura, enquanto sonhávamos com esses mundos.

Porém, tão fascinante quanto suas animações é a própria história do estúdio, que foi concebida pelo seu fundador homônimo, Walter Elias Disney. E para você que adora saber mais sobre o cinema e sobre um dos maiores estúdio de animação de todos os tempos, trouxemos uma lista explicando todas as Eras de Animação que já vivemos.

Tanto a mídia quanto os próprios especialistas em cinema costumam separar toda a produção da Disney através de algumas “fases“, onde todos os filmes têm detalhes em comum ou se relacionam com o contexto mundial ao seu redor…  e é isso que propomos apresentar aqui!

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Primórdios do estúdio

Obras notáveis: Laugh-O-Grams (1921-1922); Alice Comedies (1923-1927); Oswald, the Lucky Rabbit (1927-1928); Mickey Mouse (1928-Presente); Silly Symphonies (1929-1939)

Antes mesmo de lançar seus longas-metragens para o mundo todo, a Walt Disney surgiu de forma nada tímida, já mostrando todo o talento do estúdio ao mundo graças à sua variada gama de curtas-metragens - que, diga-se de passagem, são lançados até hoje.

A maior parte desses filmes surgiu antes da invenção do som nos cinemas e boa parte era exibida antes de outros longas ou através de pequenas séries cinematográficas (conhecidos como film serials).

Nessa época, tivemos algumas pequenas franquias clássicas, como Alice Comedies - inspiradas em Alice no País das Maravilhas, que depois se tornaria uma animação clássica do estúdio. Foi nessa época também que surgiram personagens icônicos como Mickey Mouse, Pateta e Pato Donald.

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A Era de Ouro

Obras notáveis: Branca de Neve e os Sete Anões (1937); Pinóquio (1940); Fantasia (1940); Dumbo (1941); Bambi (1942)

Com Branca de Neve e os Sete Anões, a Disney traçou um dos maiores marcos na história do cinema. Tínhamos aqui o primeiro longa-metragem animado com som (e realizado com animação tradicional, "cel") já feito, e que rendeu um Oscar honorário para Walt Disney.

Posteriormente, começaram os novos projetos de animação do estúdio, que traçaram um pouco dos temas que se tornariam recorrentes durante toda sua história. Se Branca de Neve nos apresentou uma princesa, Fantasia e Pinóquio faziam um belo uso de música e cantoria, e Dumbo e Bambi trariam os icônicos animais falantes.

Curiosamente, por ainda ser muito nova e experimental, é uma das fases menos lucrativas da história do estúdio - apesar da pomposa categorização como "Era de Ouro".

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O Período da Guerra

Obras notáveis: Alô, Amigos (1943); Você Já Foi à Bahia? (1944); Música, Maestro! (1946); Tempo de Melodia (1948); As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo (1949)

No entanto, o mundo entrou em seu período mais tenebroso, conforme Adolf Hitler avançava na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Com isso, vários animadores saíram do estúdio para servir no exército e o orçamento dos filmes foi ficando cada vez menor.

Por conta disso, o Período de Guerra é o menos popular dentre todos. Daqui, saíram filmes culturalmente importantes, pois mostravam a influência da Disney no mundo todo - sobretudo no Brasil e na América Latina, com Você Já Foi à Bahia?

Um detalhe peculiar sobre esses longas é que eles eram conhecidos como "pacotes de filmes", já que todos eram compostos por curtas-metragens. Além disso, nessa época, o estúdio começou a produzir muita propaganda anti-nazista, devido ao contexto histórico.

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A Era de Prata

Obras notáveis: Cinderela (1950); Alice no País das Maravilhas (1951); A Bela Adormecida (1959); A Espada Era a Lei (1963); Mogli: O Menino Lobo (1967)

Após a Guerra, o mundo se recuperava, e Walt Disney achava que "era hora de trazer mais leveza para o coração das pessoas". Assim, surge uma das fases mais consagradas de toda a história do estúdio, aprofundando-se em tudo o que já havia sido apresentado na Era de Ouro.

Por isso, as princesas voltaram em estilo com Cinderela e A Bela Adormecida, enquanto a literatura era resgatada em Alice no País das Maravilhas, Peter Pan e A Espada Era a Lei. Os animais falantes estavam em peso em A Dama e o Vagabundo e 101 Dálmatas.

A Era de Prata trouxe um grande prestígio para a Disney após quase ter falido como consequência da fase anterior. Infelizmente, foi a última era antes da morte de Walt Disney, cujo último trabalho direto foi em Mogli: O Menino Lobo.

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A Era Sombria

Obras notáveis: Aristogatas (1969); As Aventuras do Ursinho Pooh (1977); O Cão e a Raposa (1981); O Caldeirão Mágico (1985); As Peripécias de um Ratinho Detetive (1986)

Com a morte de seu criador, a Disney entrou em uma fase sombria e assustadora, que também refletia as constantes mudanças de um mundo imerso na Guerra Fria. A maior parte desses filmes tentou fazer mudanças em sua estrutura narrativa e a forma de animação foi substituída pela xerografia, que não foi muito bem recebida a princípio.

A Era Sombria - ou Era de Bronze, se você for otimista - mostrou o estúdio lutando para conseguir criar algo novo sem um grande mentor para coordenar tudo.

Todos os filmes - com exceção de As Peripécias de um Ratinho Detetive - foram grandes decepções nas bilheterias e a grande maioria acabou sendo esquecida pelo público - embora o Ursinho Pooh tenha sobressaído como um legado muito positivo aqui.

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A Renascença

Obras notáveis: A Pequena Sereia (1989); A Bela e a Fera (1991); Aladdin (1992); O Rei Leão (1994); Mulan (1998)

É sempre mais calmo após a tempestade e a Primeira Renascença da Disney é uma das provas mais concretas disso. Após um período turbulento e tumultuado, o estúdio entraria em sua era mais popular e elogiada, com filmes que tiveram uma repercussão que reverbera até hoje.

Aqui, eles souberam encontrar o equilíbrio perfeito entre os temas mais clássicos e conteúdos um pouco mais sombrios, ao mesmo tempo em que o estúdio passou a utilizar recursos digitais de animação, inserindo breves detalhes em computação gráfica ou criando cenários mais realistas.

Se você é uma criança dos anos 90, provavelmente deve se lembrar de boa parte - senão todos - dos filmes lançados nesse período. Foi a época mais prestigiada da história da Disney, com dezenas de indicações ao Oscar. Além disso, é quando Alan Menken e Howard Ashman, dois importantíssimos compositores, passam a trabalhar para o estúdio.

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A Fase da Experimentação

Obras notáveis: Fantasia 2000 (2000); A Nova Onda do Imperador (2000); Lilo e Stitch (2002); O Galinho Chicken Little (2005); Bolt: Supercão (2008)

Uma hora, as coisas precisam se agitar um pouco, e com a virada do milênio, a Disney viu que era hora de buscar uma nova face. Por conta disso, surge a Era de Experimentação - que muitos consideram como a "Segunda Era Sombria", devido aos filmes não muito bem recebidos pela crítica.

Enquanto essa fase começa com longas memoráveis e aclamados, como Fantasia 2000, A Nova Onda do Imperador e Lilo e Stitch, aos poucos vimos uma ascensão de tramas mais inusitadas e nem sempre instigantes, como é o caso de O Galinho Chicken Little, considerado pela maior parte dos fãs como a pior animação do estúdio.

Por outro lado, a era foi essencial no que diz respeito às inovações técnicas e novas formas de animação. Dinossauro marcou território ao ser o primeiro filme de animação 3D do estúdio, enquanto longas posteriores, como Bolt: Supercão e Família do Futuro aprimoraram esse estilo.

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A Nova Renascença

Obras notáveis: A Princesa e o Sapo (2009); Detona Ralph (2012); Frozen (2013); Zootopia (2016); Moana (2016)

Após ver uma significativa queda na bilheteria de suas animações - em parte devido ao surgimento de grandes franquias infanto-juvenis de outros estúdios -, a Disney mais uma vez percebeu que era hora de voltar às origens, mas buscando sempre incorporar elementos cada vez mais instigantes e atuais... e assim nasceu a era que vivemos atualmente.

A Segunda Renascença trouxe uma nova leva de animadores e roteiristas, de onde nasceram filmes cada vez mais inventivos e bonitos, como Detona Ralph e Zootopia, ao mesmo tempo em que os filmes de princesa, como Frozen e Moana buscavam trazer novos ideais e apresentar histórias mais progressistas e feministas, além de dar mais destaque a outras minorias.

Além disso, o estúdio ficou cada vez mais integralizado à Pixar (mais sobre isso depois). Não é à toa que, desde 2011, só temos filmes em animação 3D. É a fase mais lucrativa da Disney, com Frozen e Zootopia estando entre os 30 filmes mais rentáveis da história.

Como essa é uma era recente, ainda não tivemos demarcação do que "vem a seguir", embora muitos fãs e estudiosos da história do estúdio insistam que a pandemia trouxe o começo de uma "nova era", sobretudo com o domínio das plataformas de streaming e projetos como Encanto e Wish.

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A Era dos Live-Actions

Obras notáveis: Alice no País das Maravilhas (2010); Malévola (2014); Cinderela (2015); Mogli: O Menino Lobo (2016); A Bela e a Fera (2017), O Rei Leão (2019), A Pequena Sereia (2023)

Atualmente, enquanto experimentamos a Nova Renascença do estúdio de animação, a Walt Disney também está resgatando a magia de seus grandes clássicos para uma nova geração, através de uma produção constante de remakes em live-action.

Alguns, como Aladdin, Mogli e O Rei Leão tentam recriar a atmosfera do original com o maior nível de fidelidade. Já outros, como Malévola, fazem mudanças estruturais que modificam a história. Curiosamente, o Alice no Pais das Maravilhas (bem como sua continuação, Através do Espelho) pode servir de sequência para a animação original.

E apesar das constantes críticas por parte do público e uma queda drástica nas bilheterias desses lançamentos nos últimos anos, temos novos projetos a caminho, como Branca de Neve, A Espada Era a Lei e até mesmo uma sequência/prequel para O Rei Leão de 2019.

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E a Pixar?

Obras notáveis: Saga Toy Story (1995-Presente); Monstros S.A. (2001); Procurando Nemo (2003); Os Incríveis (2004); Divertida Mente (2015); Viva: A Vida é uma Festa (2017); Elementos (2023)

A essa altura do campeonato, muitos de vocês devem estar se perguntando sobre filmes como Toy Story, Carros e Divertida Mente. No entanto, esses filmes - no papel - não pertencem à Disney em si, mas a outro estúdio parceiro: a Pixar.

Trata-se de uma companhia surgida em meados dos anos 80 e especializada em animações em 3D. Aos poucos, eles foram ganhando espaço no mercado, e embora todos os seus filmes tenham sempre sido distribuídos pela Disney, a casa do Mickey Mouse só comprou o estúdio em 2006.

Desde então, muitos artistas têm feito eventuais intercâmbios entre a Walt Disney Animation e a Pixar, o que tem resultado numa maior troca de temas entre as empresas. Se em um lado surgiram mais animações em 3D, o outro passou a lidar com tramas e ideias mais clássicas, como princesas e animais falantes.