[CRÍTICA] Vingadores: Ultimato – O fim de uma era!

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[CRÍTICA] Vingadores: Ultimato – O fim de uma era!

Por Gus Fiaux

Não é exagero dizer que Vingadores: Ultimato é o filme mais aguardado de todos os tempos. Após o final bombástico da Guerra Infinita, todos querem saber como essa batalha cósmica vai terminar. Nós finalmente temos a resposta!

Ah, e pode respirar aliviado: por mais que muitos sites estejam despejando revelações em suas críticas e reviews sobre o filme, a nossa crítica não tem spoilerPode ler tranquilo, caso ainda não tenha visto o novo longa da Marvel!

Créditos: Disney

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Ficha Técnica

Título: Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame)

Direção: Joe e Anthony Russo

Ano: 2018

Data de lançamento: 25 de abril (Brasil)

Duração: 181 minutos

Sinopse: Após os eventos devastadores de Vingadores: Guerra Infinita, o universo está arruinado devido às ações do Titã Louco, Thanos. Com a ajuda dos aliados restantes, os Vingadores precisam se unir mais uma vez para desfazer a dizimação universal e restaurar a ordem de uma vez por todas, custe o que custar.

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Vingadores: Ultimato - O fim de uma era!

  1. Em abril, Os Vingadores chegava aos cinemas. Não era a primeira vez que tinha visto um filme de super-heróis, tampouco um longa do Universo Cinematográfico da Marvel em uma tela grande, mas lembro-me perfeitamente como, naquele momento, saí desesperado dos cinemas, feliz e encantado com tudo que havia sido mostrado.

Era ali que a Marvel Studios sedimentava seu império e provava que sua narrativa serial tinha espaço não apenas nos quadrinhos, mas também nas salas escuras dos cinemas mundiais. Foi um filme extremamente importante para a cultura nerd - e de certa forma, responsável até mesmo pela criação da Legião dos Heróis.

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Corta para 2019. Sete anos se passaram e finalmente estamos testemunhando o encerramento de uma das sagas mais épicas já contadas na história ocidental. Vingadores: Ultimato chegou aos cinemas, vindo para finalizar a narrativa que havia sido deixada em aberto ao fim da Guerra Infinita - e cuja construção já havia começado há mais de uma década.

Saindo do cinema, tenho a mesma sensação que tive em abril de 2012. O mundo mudou - e o cenário dos blockbusters acompanhou essa mudança, com o Universo Cinematográfico da Marvel se provando o estandarte e carro-chefe dessa nova ordem mundial da sétima arte. De muitas formas, Ultimato é o encerramento de um ciclo - e começo de um novo.

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Tecer uma crítica "tradicional" para esse filme seria um desserviço não apenas com os fãs, mas também com a própria obra, que desde o seu primeiro segundo tenta deixar de lado qualquer resquício do que é convencional ou comum. É o tipo de filme cujos proclamadores da tal "Fórmula Marvel" terão que buscar outro motivo para tecer críticas negativas.

Não há fórmulas aqui. E tampouco devemos trazer essa ideia de uma estrutura para qualquer crítica. Ultimato não é apenas um filme. É uma carta de amor aos fãs e aos mais de vinte longas que compõem essa franquia super-heroica. É uma experiência sensorial e emocional, carregada de bom humor, alma e uma pitada devastadora de tragédia.

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A trama deve ser mantida a sete chaves para quem ainda não viu o filme. Basta dizer que, após a Guerra Infinita, os Heróis Mais Poderosos da Terra estão buscando uma maneira de desfazer as ações de Thanos. E conforme eles finalmente tecem um plano, as apostas ficam cada vez maiores, abrindo as comportas para um conflito épico e definitivo.

Dizer mais do que isso é entregar grandes detalhes de uma narrativa que, por si só, é grandiosa e colossal. Mais do que um compilado de lutas heroicas e um plano mirabolante para salvar o mundo, Vingadores: Ultimato é um filme que leva a sério suas apostas emocionais, criando um sentimento de que o pior está prestes a acontecer - em cada segundo de sua extensa duração.

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E tudo isso funciona de uma maneira prática graças aos personagens. Já estamos habituado com essas figuras por mais de dez anos - e aqui eles entregam sua jogada mais significativa. Seja através do roteiro ou da própria disposição do elenco, temos um filme que realmente aproveita ao máximo as qualidades (e defeitos) desses heróis gloriosos.

Aqui, vemos o resultado de toda a jornada desses heróis durante anos. Eles carregam o peso da experiência e o pesar da perda, e usam isso ao seu favor, como motivação em uma cruzada infinita. Há apenas um personagem cuja direção pode incomodar alguns fãs - especialmente os que gostaram de sua representação anterior nas telonas.

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O resultado é um filme que respeita ao máximo as raízes de seus heróis, sem deixar de transformá-los em algo novo. Com tudo que Ultimato nos apresenta, é justificável que eles estejam, ao mesmo tempo, tão fiéis e tão diferentes em suas essências, por mais paradoxal que isso possa parecer. E os Irmãos Russo sabem balancear isso da forma mais perfeita possível.

A prova viva disso é o épico terceiro ato do longa, que não apenas cria a maior batalha já vista em um filme de super-heróis, como também aproveita ao máximo os dons e poderes de cada um de seus envolvidos. É como ver uma gigantesca splash page (uma página dupla e completa de HQs com ação de alto nível) trazida à vida, em seus maiores picos emocionais.

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Falando em técnica, os Irmãos Russo merecem ser aplaudidos de pé. O que eles construíram desde Capitão América: O Soldado Invernal é digno de nota, e Ultimato é, de fato, a grande conclusão de toda essa saga. Mas o filme não homenageia apenas as obras da dupla - na verdade, é uma homenagem a todos os criadores e cineastas que já trabalharam na franquia.

O nível de fan service é mais bem-dosado do que nunca, com momentos e participações especiais que vão fazer os fãs mais fervorosos do Universo Cinematográfico da Marvel perderem a cabeça, além de dar ao público leigo motivo de sobra para se interessar pelas duas dezenas de longas-metragens lançados anteriormente.

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Tudo é incrível. A fotografia esbanja sobriedade em seu primeiro ato, com planos longos e que capturam a frieza e o sentimento de solidão provocado pela morte de meio universo. A ausência de trilha sonora nesses primeiros minutos provoca ainda mais um frio na barriga, uma ideia de que tudo está perdido e de que não há salvação.

No entanto, tudo começa a mudar no segundo ato, que esbanja cores, música estrondosa e um senso lúdico que se encaixa perfeitamente com uma adaptação de HQs, mas sem deixar de lado o senso de urgência e perigo. No terceiro ato, temos uma revolução que mescla o melhor das duas partes, trazendo um mix de sentimentos que vão do trágico ao cômico.

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Tecer elogios à equipe técnica nunca é demais. Alan Silvestri mais uma vez nos presenteia com uma composição magistral e única. A sensação foi a mesma de Os Vingadores, com um tema absurdamente memorável e um senso de maravilhamento cada vez mais crescente. A música do filme é bonita, triste e até mesmo mórbida, acertando todas as notas certas.

A composição visual é um show à parte. A cinematografia de Trent Opaloch, o design de produção de Charles Wood e até os figurinos de Judianna Makovsky criam uma atmosfera única, tornando esse o filme que mais bebe de seu material-fonte em essência. É um presente para os fãs e leitores fieis de histórias em quadrinhos, seja quais forem.

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Com Ultimato, a Marvel Studios provou - e dessa vez, definitivamente - que o cenário em Hollywood está passando por uma mudança gigantesca. Representando a epítome de uma narrativa seriada e que, há alguns anos, melhor se adequaria na TV, o filme prova por A mais B que o público está investido em acompanhar essas histórias pela eternidade, se possível.

É um longa que destroça as nossas expectativas - e no lugar, nos entrega um produto original e, ao mesmo tempo, familiar. Uma obra sincera, que pode até dividir alguns críticos mais tradicionais, mas que vai cair como uma luva para o público que aprendeu a amar esses personagens e torcer por eles em suas constantes batalhas para salvar a Terra e o universo.

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No fim, o longa é mais do que apenas um filme. Muitas vezes, deixamos de lado o que os fins realmente representam, já que o que importa são as jornadas. E Ultimato concilia esses dois aspectos. Para alguns desses personagens, é a despedida definitiva, o adeus dolorido ou um "até breve" cordial.

Para os fãs, é a realização de uma década. Saí do cinema desnorteado da mesma forma que saí após Os Vingadores ou, mais recentemente, Guerra Infinita. É um filme tão belo em sua concepção e execução. e que surpreende justamente por nos entregar tudo o que já esperávamos - mas da forma mais diferente que poderíamos imaginar.

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Em outras palavras, Vingadores: Ultimato está bem longe de ser o que os fãs queriam. Mas é tudo que nós precisávamos, sem tirar nem pôr. É um filme arriscado e que cumpre bem seu papel como uma adaptação de quadrinhos, especialmente pelo teor mirabolante de sua história. Também é a conclusão mais do que satisfatória para uma década de filmes.

É um filme como todo blockbuster deveria ser: disposto a arriscar, capaz de surpreender e genuinamente poderoso, seja pela execução de sua narrativa ou pela forma como é construído como o fim de uma jornada - e o início de várias outras que estão por vir, em um mundo cheio de histórias para serem contadas e heróis mais poderosos da Terra.

Mais do que cinco estrelas, o filme merece 6 Joias do Infinito, completando a manopla do Universo Cinematográfico da Marvel.