[CRÍTICA] Tomb Raider: A Origem – Ou seria Prince of Persia 2018?

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[CRÍTICA] Tomb Raider: A Origem – Ou seria Prince of Persia 2018?

Por Felipe Vinha

Tomb Raider já teve sua chance nos cinemas. E entregou uma adaptação até que competente, não é mesmo? O primeiro filme, com Angelina Jolie, é lembrado com carinho pela maioria dos fãs, não só por se manter fiel ao material original, mas também por ser uma aventura de qualidade, com cenas de ação bem dirigidas, ainda que não seja lá uma grande obra do cinema.

Foi um longa-metragem competente, que respeitou suas origens, que divertiu como pôde. Opa, leu ali o que eu escrevi? “Divertiu”. Essa é a palavra-chave do cinema. Um filme precisa te entreter, te divertir, ser minimamente interessante. Ter algum diferencial não é obrigatório, mas já te coloca lá em cima no meio da competição.

O que nos traz ao novo Tomb Raider: A Origem. É divertido? Um pouco. Ser inspirado nos novos jogos dá toda uma dinâmica diferenciada para Lara Croft. É interessante? Consegue ser, sim, de certa forma. Mas talvez não o suficiente evitar aquela canseira na cadeira do cinema. Leia a crítica e entenda melhor os pontos.

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Ficha Técnica

Título: Tomb Raider: A Origem

Ano: 2018 Lançamento: 15 de março de 2018 (Brasil)

Direção: Roar Uthaug

Duração: 120 Minutos

Sinopse: Lara Croft é a independente filha de um aventureiro excêntrico que desapareceu anos antes. Com a esperança de resolver o mistério do desaparecimento de seu pai, Lara embarca em uma perigosa jornada para seu último destino conhecido - um túmulo lendário em uma ilha mítica que pode estar em algum lugar ao largo da costa do Japão. As apostas não podiam ser maiores, pois Lara deve confiar em sua mente aguda, fé cega e espírito teimoso para se aventurar no desconhecido.

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Vamos falar de Lara

Lara Croft é considerado um ícone cultural em alguns locais, como no Reino Unido. A moça tem força, carisma, de verdade. Ao menos tinha lá na época do PSOne. Hoje ela ainda é bem famosa, claro. Suas encarnações mais modernas geraram jogos mega elogiados – e não é por menos. Eles são realmente muito bons.

Mas, para algumas culturas, Lara Croft já foi o equivalente ao Mickey Mouse. Ela já foi utilizada como “convidada especial” em um show do U2, com representação virtual, muito antes de bandas como Gorillaz ou artistas digitais, como Hatsune Miku. Lara não é Jedi, mas tem a força.

Escalar uma nova Lara Croft para os cinemas não era tarefa fácil, menos ainda uma que fosse parecida com a dos novos jogos. Chamar a atriz Camilla Luddington (foto ao lado), que dubla a heroína nos jogos atuais, talvez fosse o ideal, mas ela não é conhecida por seus trabalhos de cinema. Assim, a tarefa caiu nos ombros de Alicia Vikander, premiadíssima, estrela de grandes produções.

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Mas será que combina?

O problema é que Alicia Vikander talvez não seja o tipo de atriz para um filme deste tipo. Sua Lara, apesar de jovial, na medida certa, guerreira, feroz e destemida, não passa exatamente o mesmo tipo de ar que vemos nos jogos. Para quem está na sala do cinema sem conhecer o material original, tudo bem, mas quem é fã vai estranhar um pouco.

Mas sem problemas. Vikander continua sendo uma boa atriz e atuação ruim não é exatamente algo que vou classificar aqui neste ponto. Pelo contrário. Ela é uma excelente atriz. Com exceção de alguns momentos onde vemos certos exageros – que quase, com certeza, são culpa da direção, e não exatamente da moça.

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Já o resto do elenco…

Olha, fica até difícil tecer qualquer comentário do resto do elenco central, já que é minúsculo. Melhor dizendo, difícil? Na verdade fica até mais fácil. A participação de cada personagem é bem pontual. Daniel Wu faz o amigo chinês Lu Ren, que é bem carismático, e auxilia Lara em sua jornada. Ele tem bons momentos no filme e sua química com Vikander é muito boa – sem cair no clichê de romance, graças aos céus!

Já o restante…

Walton Goggins faz o vilão Mathias Vogel. Afetado que só. Só sabe arregalar os olhos e fazer cara de dor de barriga quando está nervoso. Ele tenta ter alguns momentos de redenção, mas a direção do filme parece não saber o que fazer com ele. Ficou caricato demais, mesmo para uma produção baseada em videogame. Ainda que… Bem, é melhor não entregar spoilers.

E é isso. O restante do elenco se completa com mais dois ou três atores e atrizes, mas falar mais deles por aqui seria entregar detalhes do filme, e não quero estragar suas surpresas – as poucas que ele tem, na verdade.

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Demorou para abalar

Vamos aos problemas. Tomb Raider: A Origem tem um grande e principal problema: ele demora para começar! A esta altura do campeonato, todo mundo sabe quem é Lara Croft. Tudo bem que um filme para o cinema precisa ser feito pensando em todo tipo de público, não só voltado para os fãs. Mas você não precisa de um prólogo de mais de uma hora para explicar a personagem central e suas motivações.

Quando o longa, de fato, começa, você já cansou de todo mundo e só quer ir para casa. E isso é um mau sinal.

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Clímax tardio

Esta demora para começar o filme prejudica sua parte mais importante, que é o clímax. Quando Lara, de fato, começa a explorar tumbas e se aventurar em locais perigosos, temos, mais ou menos, uns 30 minutos, ou até menos, disso.

Quando a aventura chega lá, novamente, você já não aguenta mais e tudo que consegue pensar é: “mas nossa, ainda tem mais filme?”. Tudo por conta de um prólogo que poderia ter sido bem menor, muito menor.

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Possíveis soluções?

Já vimos soluções mais eficazes em outros casos. O mais recente Homem-Aranha, por exemplo, não perdeu muito tempo com história de origem. Lara Croft não tem uma história de passado tão complicada assim, que não poderia ter sido resumida em 15 minutos.

Tudo bem que a sequência que se passa na China tenha sido minimamente divertida, mas tudo que veio antes poderia ser sido facilmente cortado. Ou condensado de forma mais inteligente. Se você jogou o game de 2013, sabe que ele já começa com Lara no barco que naufraga e a deixa na ilha onde vive sua primeira aventura. Funcionaria melhor desta forma. Mas cineasta gosta de inventar, deixar sua marca.

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Simplesmente não empolga

Mas bem, o filme tem lá seus momentos. A sequência final é toda bem interessante e lembra muitas partes do videogame. O mito de Himiko, que também é usado no jogo de 2013, está presente e é bem utilizado. Há inúmeras referências para os fãs mais atentos, como o nome do barco que leva Lara à ilha, entre outros. Em resumo, não se trata de um filme exatamente ruim… Mas sim uma história que funciona muito melhor no videogame.

Em nenhum momento ele empolga de verdade. Em alguns minutos ele dá até vontade de encontrar uma posição mais confortável na cadeira. Outro filme de videogame que me fez me sentir assim foi Príncipe da Pérsia, de 2010. Se você viu aquele lá, e teve opinião parecida, sabe do que estou falando.

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Comparações, comparações

Veja bem, Príncipe da Pérsia era estrelado por um grande ator. Tinha elenco formado por um ou outro nome bacana e prometia ser uma adaptação hollywoodiana com muito dinheiro envolvido. Mas o longa-metragem é genérico toda vida.

Este é exatamente o mesmo sentimento com Tomb Raider: A Origem. Não ofende, mas o videogame já bastava. É aquele filme que vai ser esquecido dentro de seis meses e nem vamos lembrar que foi lançado ainda em 2018. Ou algo do tipo.

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Infelizmente, tente outra vez

Ah, Hollywood e as adaptações de videogames, até quando?

Ainda temos bons exemplos por aí, mas as adaptações que não se saíram muito bem ainda dominam. Tomb Raider: A Origem poderiam ter sido um pouquinho mais empolgante, se tivessem focado na parte aventureira e nos momentos de ação, tensão e na ilha, deixando a história da Lara se desenvolver mais naturalmente. Porém, da forma que ficou, soou um pouco chato e genérico.

Tente outra vez.

Nota: 2 de 5