[CRÍTICA] Rogue One – Uma CELEBRAÇÃO Star Wars!
[CRÍTICA] Rogue One – Uma CELEBRAÇÃO Star Wars!
Há muito tempo atrás, em uma galáxia tão, tão distante, a franquia Star Wars decolou em uma missão sólida, grandiosa e bela em direção a uma série de filmes spin-off.
Rogue One: Uma História Star Wars é exatamente tudo o que os criadores e elenco venderam e o que os fãs esperavam: uma verdadeira e épica Guerra nas Estrelas, sem lados totalmente bons ou ruins; um prelúdio emocionante e eficiente para a trilogia original.
Ficha Técnica
Título Original: Rogue One: A Star Wars Story;
Duração: 133 minutos;
Direção: Gareth Edwards;
Produção: Kathleen Kennedy; Allison Shearmur; Simon Emanuel;
Roteiro: Chris Weitz e Tony Gilroy;
História: John Knoll e Gary Whitta;
Elenco: Felicity Jones; Diego Luna; Ben Mendelsohn; Donnie Yen; Mads Mikkelsen; Alan Tudyk; Riz Ahmed; Jiang Wen; Forest Whitaker; Peter Cushing;
Gênero: Aventura; Fantasia; Ficção científica; Épico; Space opera;
Música: Michael Giacchino;
Cinematografia: Greig Fraser;
Cinza
O adjetivo que melhor define Rogue One é “arrepiante”. As primeiras cenas entregam o que todo o longa pretende mostrar: estamos nas trincheiras de uma guerra intergalática e, aqui, ninguém é totalmente mocinho.
Sem azul e sem vermelho: o tom é cinza e a trama, em um contexto amplo, é aquele tipo de história que o público nunca esperaria ver em uma saga tão dicotômica como Star Wars – por isso, as ideias de “spin-off” e narrativa fechada funcionam perfeitamente para o projeto.
Uma História Star Wars
Porém, ainda que destoe da franquia numerada, essa é mais que “Uma História Star Wars”. Rogue One é uma CELEBRAÇÃO Star Wars. A produção se encaixa de forma certeira entre o Episódio III e o Episódio IV, então, sim, antes de qualquer coisa, é um filme para os fãs. Principalmente os aficionados pelos três primeiros, os originais, em uma inundação de referências emocionantes que quem nunca ouviu falar de Star Wars, não vai absorver – uma perda considerável.
Ainda, o longa também se sobressai como algo próprio, único. Aqueles que estão sendo apresentados à Guerra nas Estrelas por aqui não vão ficar totalmente perdidos. É uma trama com começo, meio e fim, bem amarrada, finalizando com uma bela abertura para o Episódio IV e seguintes.
E, se apenas Rogue One satisfazer você, caro leitor, e seu interesse não se estender para assistir qualquer outro capítulo do universo criado por George Lucas, também está tudo bem. Todo o conflito exposto pela narrativa é bem fechado e você pode tirar suas próprias conclusões sobre o que acontece depois que os créditos começam subir.
Heróis esquecidos
Agora, vamos ao filme. Rogue One veio em um tempo mais que perfeito, em épocas onde, no mundo real, histórias menores se tornam cada vez mais importantes para criar um contexto detalhado, amplo.
Para a galáxia tão, tão distante, esse episódio serve como expansão, abrindo um leque de possibilidades para todos os cantos nublados dessa saga, mas , também, é uma homenagem para os heróis esquecidos.
Em seu cerne, é uma narrativa sobre trabalho em equipe e reconhecimento – e toda a sequência final deixa isso explícito: Luke, Leia, Han e Rey nunca subiriam em seus pedestais sem o esforço desses outros heróis, até então, desconhecidos.
Rogue 1
É uma sequência de personagens memoráveis que, sem dúvida, brilharam tanto quanto qualquer protagonista da saga numerada. A Jyn de Felicity Jones, rosto do longa desde as primeiras imagens promocionais, é fenomenal: esperta, intuitiva, forte e determinada. Uma pena que não tivemos tantas cenas de batalha com ela. É através de Jyn que vemos a história mais familiar desse episódio: a jornada do herói.
Cassian, do Diego Luna, não está no patamar da Jyn, mas também não é esquecível. Ele é o que a trama lhe pede: extremamente paranoico, confuso, um tanto manipulável, mas crucial para o desenvolvimento.
Entre os destaques da equipe principal, é quase um pecado não citar o Chirrut, de Donnie Yen, simplesmente icônico, apresentando outro lado do uso da Força. E o robô da vez, K-2SO, dublado originalmente por Alan Tudyk, é o androide mais rabugento, dúbio e irônico apresentado até agora. Na verdade, K-2 é, como o Cassian, um componente que incorpora características de Rogue One – cômico, sim, mas com uma personalidade tão cinza quanto sua lataria e o tom do longa.
Saw
Pegando a linha rebelde, a Aliança finalmente ganhou ares de realidade. Vemos um ambiente desconhecido dentro da rebelião – pelo menos se você se atém apenas aos filmes Star Wars – com conflitos internos, discordâncias e as várias ideias de como os rebeldes devem agir.
Temos até o extremismo rebelde, representado pelo ICÔNICO Saw Gerrera. Saw é um grande evento, mais perturbado que todos os outros personagens juntos; uma espécie de Vader Rebelde, em toda sua imponência robótica.
Stardust
E a ameaça? Confesso que até agora estou maravilhado com a beleza e a imponência que é a primeira aparição da Estrela da Morte. Dessa vez, a ameaça é mais real, palpável.
A produção se esforçou para deixar a sombra do Império completamente amedrontadora, usando um jogo de proporções que mostrou os destróiers maiores que nunca, as naves do Império tornam-se um perigo iminente e até os Stormtroopers – e todas as suas versões coloridas – ganham um aspecto violento.
Diretor e Lorde
Falando em ameaça, dois pontos brilham para reger toda a vilania aqui. Mesmo sendo um filme com linhas de bem e mal não tão aparentes quanto os outros, obviamente o antagonismo é real. O novo vilão, Diretor Orson Krennic, é uma das melhores adições dessa história. Ele não é poderoso, ele não tem grandes habilidades e ele não é um grande líder. Krennic é absurdamente interessante por mostrar o jogo de poderes dentro do Império.
Com cargo de diretor, ele ainda é o subalterno dos subalternos. E isso serve para os protagonistas, porque eles são apenas soldados. O perigo de Krennic é sua ambição, sua sede de poder tão densa que ele encara o próprio Darth Vader sem tremer tanto quanto outros tremeriam.
E sobre o Vader, precisamos admitir: ele é um grande fan-service. Mas é mais que bem feito, assim como todas as homenagens e fan-services aqui. Suas cenas são de tirar o fôlego – literalmente – e se você encontrar o vilão em um corredor escuro, corra sem pensar uma vez sequer.
Uma Técnica Star Wars
Na técnica, Rogue One é inteligente e bem executado. Os cenários escolhidos são de encher os olhos, com locações nas Maldívias, na Islândia e na Jordânia; um espetáculo visual que, só pela paisagem e pelo 3D, já vale o ingresso.
A câmera colabora com a vista, permanecendo firme para mostrar horizontes e para o Império. Porém, no lado da Rebelião, a filmagem fica mais nervosa, um tanto tremida, até mesmo paranoica, para criar o contraste do clima de guerra.
Obviamente, também não seria “Uma História Star Wars” sem um show de instrumentais bem feitos e bem casados explodindo na sua cabeça, ditando cada passo da narrativa.
Sem sabres
Vocês pediram ação? Pois esse é um banquete com toda brutalidade que uma classificação +13 pode permitir. Como muitos já disseram antes, Rogue One faz jus à guerra do título Star Wars; violento para todos os lados da batalha, sem a mínima piedade de qualquer um envolvido.
É tudo aquilo que se pode esperar de uma produção da franquia com foco na Estrela da Morte: muitos e muitos lasers e explosões pequenas, grandes e megalomaníacas. Em certos momentos, temos até uma visão apocalíptica que nunca havia sido trabalhada na franquia.
Lideranças
Sem dúvidas, Rogue One tem problemas. Algumas soluções são rápidas e simples demais. A Jyn segue sua jornada heroica, mas seus seguidores a aceitam de maneira muito fácil, apressada. Isso poderia ter sido muito melhor construído.
Também, mesmo com uma boa apresentação, alguns personagens que poderiam render muito são subaproveitados, como o Baze, que transparece a personalidade mais rasa da tripulação, a mãe da Jyn ou os membros do conselho da Aliança Rebelde
Por fim, como citado, é um filme para fãs, então MUITO material será perdido por aqueles que só estão indo assistir algo por diversão; querendo ou não, isso é um defeito, mesmo que marketing tenha sido esse desde o começo.
Reflexos
Um último ponto, por mais fantástico que Rogue One seja, ele é o mais "real" de todos os Star Wars. Não só pela nova tomada, por sentir a guerra na pele, mas por acrescentar alusões mais explícitas ao nosso mundo. Um governo imperialista dominando uma terra estrangeira em busca de um composto energético, criando uma onda de rebeldes religiosos por estarem invadindo não só um governo independente, mas uma área sagrada? Já vimos isso em algum lugar.
Essa história é mais concreta e abre alas para temáticas mais profundas dentro desse universo. Várias referências religiosas são feitas, que podem se conectar com os Episódios VIII e IX, sobre as origens Jedi e o conceito da Força. Um conhecimento diferente sobre a tão falada energia e sua resistência.
Esperança!
Rogue One é uma história digna do nome Star Wars. Uma celebração para os fãs e para os heróis sem nome da saga. Sim, seu propósito é ampliar o universo Lucas, mas também serve para mostrar que rebeliões tem várias faces; todo grande ato heroico tem como base sacrifícios e ações talvez ainda mais heroicas que aquela que se tornou ícone. É guerra. É paranoia. É chocante. É triste. E é a semente de onde nasce uma nova esperança.