[CRÍTICA] Rampage: Destruição Total – Um gorila, um lobo, um lagarto e um touro

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[CRÍTICA] Rampage: Destruição Total – Um gorila, um lobo, um lagarto e um touro

Por Felipe Vinha

Rampage: Destruição Total é um filme que, em muitos aspectos, pode ser classificado como “desnecessário”. Por mais que o videogame Rampage seja um clássico da infância de muita gente, fica difícil imaginar uma linha narrativa que vá além de “monstros destruindo a cidade” – por mais que sagas como a de Godzilla tenham mostrado que, de alguma forma, pode dar certo.

Porém, Rampage: Destruição Total tem um elemento extra que adiciona carisma à experiência: The Rock. O homem que é um touro, perdão, tem o poder de deixar minimamente agradável qualquer filme mais “meia boca”. Já não é de hoje que Dwayne Johnson está em crescimento em Hollywood.

Mas afinal, qual é a do filme em questão? Leia nossa crítica e entenda!

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Ficha Técnica

Título: Rampage: Destruição Total

Ano: 2018

Lançamento: 12 de abril de 2018 (Brasil)

Direção: Brad Peyton

Duração: 107 Minutos

Sinopse: O primatologista Davis Okoye (Dwayne Johnson) é um homem solitário que tem uma amizade inabalável com George, um gorila extremamente inteligente que está sob os seus cuidados desde o seu nascimento. Porém, quando um experimento genético não autorizado dá errado, este primata gentil é transformado em uma criatura feroz e de tamanho descomunal. Para piorar as coisas, descobre - se que há outros animais que sofreram mutações similares. À medida que estes superpredadores atravessam os Estados Unidos, destruindo tudo em seu caminho, Okoye se une a uma geneticista desacreditada para desenvolver um antídoto, abrindo caminho em um campo de batalha em constante mutação, não só para impedir uma catástrofe mundial, mas também para salvar a temida criatura que já foi seu amigo.

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Quem são os monstros?

Em Rampage, o jogo original da Midway, lançado na década de 80, o jogador tinha o papel de controlar um dos monstros gigantes – George (gorila), Lizzie (lagarto) e Ralph (lobo) – para destruir a cidade. Ganhava mais pontos quem causasse a maior destruição. Era possível até mesmo comer humanos que passavam pelas ruas ou estavam nos prédios.

A diversão era garantida, pois se tratava de um game descompromissado. Sua primeira versão saiu nos fliperamas, mas logo ele ganhou conversões nos consoles caseiros e é referência até os dias de hoje – ainda que sua última edição tenha sido lançada em 2007, no Wii.

A premissa básica explica que os monstros são, na verdade, humanos, que foram transformados por conta de experiência de laboratório. Mas não há muito além disso.

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No filme, tudo mudou

Como qualquer videogame que vai para os cinemas, Rampage teve sua “história” modificada para deixar tudo mais palatável, cinematográfico e também para valorizar seu astro principal, The Rock, claro.

Aqui, os monstros são animais, mesmo. Eles entram em contato com uma substância que veio do espaço, mas que, na realidade, foi feita a partir de experiências humanas, e logo começam a apresentar uma maior agressividade, bem como crescimento desenfreado em sua estatura – além de algumas pequenas mutações.

Novamente temos três animais principais, o gorila, o lobo e o lagarto, que na verdade é um crocodilo, como o foco do enredo. Além deles, a trama elege um “Mocinho”, que é o gorila George, servindo também de aliado para Okoye, personagem de The Rock.

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Bem…

As mudanças se mostraram necessárias e, de certa forma, até acertadas. Colocar humanos que viram monstros deixaria tudo meio dramático demais, além de lidar com conceitos éticos que talvez não casem com um “filme de videogame”.

Algo importante de definir é que Rampage: Destruição Total cumpre seu papel de “ser um filme”. Ele tem adaptações, mas os fãs do jogo vão entender todas as referências – seja pelo nome dos animais ou por momentos visuais que deixam bem claro o game no qual o longa se inspirou.

Cinematograficamente falando, Rampage: Destruição Total é uma obra despretensiosa, e segue assim durante toda sua projeção.

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The Rock sendo The Rock

O principal motivo para isso é, claro, The Rock. Dificilmente ele será lembrado como um grande ator em Hollywood, mas ele é carismático, tem talento para cenas de ação e atinge o público que procura os chamados “filmes brucutu”, que estão raros atualmente.

Por outro lado, por mais que seja mais um “fortão careca”, The Rock foge dos aspectos “brucutu” mais clássicos, como nos filmes antigos de Stallone ou Schwarzenegger. Ele faz cara de mau, tem momentos onde demonstra sua força, mas ainda aparenta ser um ser humano dócil e tranquilo na maioria das cenas.

De fato, talvez Rampage: Destruição Total só seja um filme divertido por culpa do cara, mas também tem um mérito do diretor ali no meio.

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A direção

Rampage: Destruição Total é dirigido por Brad Peyton, que não tem um nome muito conhecido, mas que sabe trabalhar com The Rock. É dele também produções como Terremoto: A Falha de San Andreas e Viagem 2: A Ilha Misteriosa. Ele entende o potencial que o astro da luta livre tem com um longa-metragem pipoca nas mãos.

Por isso, em todo tempo, vemos The Rock como o grande destaque no filme. Há até mesmo sequências com câmera pouquíssimo ortodoxas, com uma espécie de “primeira pessoa reversa”, onde a câmera fica voltada para o rosto do ator, como se estivesse fixada em seu pescoço. Desnecessário nesse aspecto, confessamos.

Ainda assim, o bom uso de seu personagem e as sequências de ação dão o tom “Sessão da Tarde” a Rampage: Destruição Total.

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Mas…

Mas claro que Rampage: Destruição Total não é perfeito e está bem longe disso. A jogada de câmeras citada em um ponto anterior foi de extremo mau gosto. Mas, até aí, não ofende o produto como um todo e é bem rápida.

O problema é que o filme meio que se resume a momentos do The Rock olhando para a câmera e dizendo frases de efeito, entre uma cena de ação e outra. Na verdade, o filme faz isso sem o menor pudor, repetidas vezes.

O restante do elenco, com poucas exceções, também não ajuda.

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E que elenco!

Rampage: Destruição Total tem bons nomes em seu elenco! Jeffrey Dean Morgan está ótimo em seu papel de agente do governo, mas o grande problema é que ele meio que tenta interpretar Negan, de The Walking Dead, e acaba saindo meio canastrão.

Naomie Harris, coitada, de atriz premiada e parte do elenco de grandes filmes dos últimos anos, foi reduzida a uma cientista – que não atua como tal – e que no final só serve como um “enfeite” para The Rock na cena.

E que tal Malin Åkerman? Uma vilã unidimensional, bem caricata e que não tem tanta presença quanto gostaríamos.

O filme ainda tem outros grandes nomes, como Joe Manganiello e Will Yun Lee, mas aproveita pouquíssimo deles.

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Não espere muito, na verdade não espere nada

Para completar, além de bem rapidinho, Rampage: Destruição Total tem um desenvolvimento óbvio e sem surpresas.

Tudo bem, não dá para esperar muito de uma produção deste nível, mas ao menos Jumanji, que também envolvia games e também tinha a presença de The Rock, era melhor trabalhado em todos os sentidos listados no texto.

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Conclusão

Rampage: Destruição Total serve bem como adaptação e é um filme cinematograficamente divertido, mas se apoia muito em The Rock, enquanto joga para escanteio ou usa mal e porcamente outros bons atores.

A história tem desenvolvimento óbvio e, no final, só se salvam os efeitos especiais e as cenas de ação, que estão bem trabalhadas. Ainda assim, podíamos ter algo um pouquinho melhor e ir além das frases de efeito do senhor Dwayne Johnson a cada cinco minutos.

Nota: 2,5 de 5