[CRÍTICA] O Predador – Já podemos aposentar o Shane Black!

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[CRÍTICA] O Predador – Já podemos aposentar o Shane Black!

Por Felipe Vinha

Shane Black tem sido um diretor de altos e baixos. Até aí normal, todos são, mas há limites. Antes de assinar o roteiro e dirigir Homem de Ferro 3, também conhecido como um dos filmes mais controversos da Marvel, Black também já foi o responsável por ideias em alguns longas bem conhecidos da história, como Máquina Mortífera, Beijos e Tiros e, agora, o mais recente O Predador.

Funcionando como uma espécie de continuação dos dois primeiros filmes, e ignorando um pouco o “Predadores” – aquele com a Alice Braga – esta nova aventura talvez não precisasse existir…

Leia nossa crítica e entenda!

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Ficha Técnica

Título: O Predador

Ano: 2018

Lançamento: 13 de setembro de 2018 (Brasil)

Direção: Shane Black

Duração: 1h58min

Sinopse: Um menino ativa o retorno dos predadores, agora mais fortes e inteligentes do que nunca, para a Terra. Ex-soldados e um professor de ciências se juntam para lutar contra essa ameaça e proteger o futuro da raça humana.

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O Predador talvez seja um dos piores filmes do ano. E não é exagero ou brincadeira.

Posso ser um pouco mais “médio” e tratar a produção com alguma benevolência? Talvez. Eu poderia ter um senso menos crítico e exigente se esta fosse uma aventura de estreia de uma nova saga, ou algo do tipo, mas não é o caso.

Estamos falando de uma saga já muito conhecida dos cinemas e com a “obrigação” de ser ao menos bem escrito.

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Os erros você já nota na sinopse, que trata uma criança tendo o papel central dentro de um filme que mescla horror, violência e ficção científica. Isso, aliás, estava claro no trailer, então não podemos dizer que Shane Black nos enganou. Ele foi bem sincero, inclusive.

Mas esse não é um mero erro destacado e separado do restante da narrativa. Os problemas e O Predador vão um pouco além.

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O início da trama é promissor. Vemos um ambiente de conflito. Um militar fazendo um serviço sujo e quando, de repente, se depara com o guerreiro da raça alienígena – que aparentemente caiu no nosso planeta ao fugir de uma perseguição implacável.

Um dos poucos méritos do longa é justamente este início, pois ele vai direto ao ponto. Não há enrolações. Vemos a nave ser perseguida, ser abatida e cair na Terra. Logo depois temos a introdução daquele que é um dos protagonistas da trama.

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Os problemas começam depois disso. O Predador conseguiu criar um grupo de personagens tão sem carisma que você esquece seus nomes logo depois que eles foram ditos.

E, assim, eles até tentam fazer alguma graça. Criar momentos de comédia e simpáticos. Mas que não criam qualquer laço com o espectador – ao menos no meu caso.

A única exceção, talvez, seja o personagem de Trevante Rhodes, Nebraska, que esbanja algum tipo de simpatia, apesar de parecer atuar de brincadeira.

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O resto do elenco não chega nem perto de impressionar. Temos uma Olivia Munn em modo automático, Thomas Jane praticamente sendo obrigado a participar para pagar as contas e talvez possamos dizer o mesmo de Alfie Allen, o Theon Greyjoy de Game of Thrones, que pode até não ser reconhecido pelos menos atentos, de tão apagado que está em todas as suas cenas.

Boyd Holbrook faz um protagonista tão sem-sal que você nao consegue entender como ele pode ter herdado a posição que já pertenceu a pessoas como Arnold Schwarzenegger e Danny Glover.E, assim, o cara nem é mau ator. Ao menos em produções como Logan e Narcos ele mandou bem. Então o que aconteceu aqui?

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O Predador também é carregado de momentos constrangedores e piadas fora de lugar.

Sim, esse tipo de filme, que é mais “gore” e não se leva a sério em diversos momentos – os originais, aliás, também são assim – precisa ter uma certa suspensão de descrença, mas isso não pode ser desculpa para simplesmente liberar um roteiro mal escrito e conduzido, seja pelo elenco ou pela direção.

Há boas sacadas aqui ou ali, como a piada recorrente de que, tecnicamente, as criaturas não deveriam ser chamadas de “Predador”, mas sim “Caçador”. Mas, ainda assim, são poucas as boas ideias executadas.

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O maior problema do filme, porém, é a desconexão completa e absoluta dos capítulos da produção. O Predador parece três filmes em um.

Isso seria bom em qualquer cenário – afinal, quer dizer mais ação, né? Mais momentos irados um após ao outro. Sim. Mas, para que isso ocorra, é preciso ter coerência narrativa e algum tipo de ligação natural entre os atos, algo que não ocorre por aqui.

Isso fica bem claro, até, com o final do filme. Há uma surpresa que acontece (e que, aliás, poderia ser usada no longa inteiro, pois o tornaria mais interessante), mas que foi claramente filmado às pressas, para substituir uma outra ideia, de tão desconexo e anti-climático que ficou.

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Os poucos momentos que se salvam em O Predador estão a cargo, claro, dos Predadores em si. A violência – necessária – está em ótimo nível. As lutas das criaturas com os humanos são quase sempre um deleite e, claro, ver gente burra se ferrando neste tipo de filme desperta em nós alguma coisa misteriosamente boa.

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Conclusão

Com poucas e boas cenas de ação, um grupo de personagens sem carisma e um roteiro costurado de maneira tão ruim que parece um remendo de calça furada, O Predador deixa a impressão de oportunidade desperdiçada a todo o momento.

Estamos falando de uma série estabelecida e bem clássica. Não quer dizer que o primeiro e o segundo sejam espécimes memoráveis de grandes produções do cinema, mas eles são, sim, diversões descompromissadas e bem produzidas – algo que não ocorre por aqui.

Shane Black, strike 2.

Nota: 1 de 5