[Crítica] O Justiceiro: Segunda Temporada – Uma nova guerra pra lutar!

Capa da Publicação

[Crítica] O Justiceiro: Segunda Temporada – Uma nova guerra pra lutar!

Por Felipe de Lima

Frank Castle já está por aí há tempo suficiente para ter se firmado como um dos personagens mais emblemáticos do núcleo adulto da Marvel nos quadrinhos. No entanto, quando a gente vai para segunda temporada da série da Netflix, não dá pra dizer que o Justiceiro sabe o que quer.

Imagem de capa do item

De maneira alguma a culpa da segunda temporada de O Justiceiro deixar a desejar é de Jon Bernthal. O ator tem dado vida ao personagem desde a segunda temporada de Demolidor e sua performance como o assassino é uma das melhores coisas que a Netflix entregou durante os anos de parceria com a Marvel, que aparentemente chegaram ao fim.

A Netflix liberou à imprensa todos os 13 episódios da segunda temporada da série do anti-herói e, infelizmente, as coisas poderiam ser melhores.

Imagem de capa do item

O segundo ano de Justiceiro até que começa bem, Frank, sob a identidade de Pete Castiglione, deixou Nova Iorque e entrou em uma jornada itinerante. Ele vê um motivo pra parar ao conhecer uma garçonete chamada Marlena (Teri Reeves) e os dois engatarem um breve romance.

Há um clima leve e descontraído no primeiro episódio que até te faz esquecer que se trata do Justiceiro, mas não demora muito pro banho de sangue acontecer e Frank começar a deixar uma trilha de cadáveres à sua sombra.

Imagem de capa do item

Basicamente, a segunda temporada da série tem duas histórias acontecendo em paralelo.

O primeiro desses arcos coloca Frank no centro de uma perseguição política encabeçada por um grupo de alt-right, que apesar do verniz religioso, é responsável por criar escândalos e destrói reputações das piores maneiras possíveis em busca de poder e influência.

Imagem de capa do item

Nesse núcleo, temos uma performance primordial de Josh Stewart como John Pilgrim, um cristão devoto que faz parte do tal grupo e não mede esforços para que seus “pastores” atinjam seus objetivos. John parece um homem antiquado a princípio, mas se torna uma dor de cabeça inimaginável para Frank .

Imagem de capa do item

Enquanto a primeira trama se desenrola de maneira intrigante, a segunda é um completo desperdício de material. Absolutamente nada envolvendo Billy Russo (Ben Barnes) é bom. E pra piorar, os roteiristas ainda forçaram um romance pro vilão que é um completo desserviço com pessoas que precisam de tratamento psiquiátrico, que sofrem com estresse pós-traumático ou que apenas tentam se ajustar ao mundo.

Ben Barnes entrega uma performance satisfatória, mas que não leva seu personagem a lugar nenhum. Não me entendam mal, Billy Russo é um doente, mas a Netflix errou feio em romantizar a psicopatia do vilão.

Imagem de capa do item

Incrivelmente, essas duas histórias nunca se cruzam, o que obriga Frank a lutar duas guerras ao mesmo tempo, levando o personagem ao seu limite físico e psicológico.

Frank vê seu código moral alternar feito um io-io, abraçando novamente aquele drama desnecessário sobre quem deve e quem não deve morrer. Palmas para Jon Bernthal que aguentou essas idas e voltas e ainda conseguiu deixá-las naturais, mesmo que sem valor.

Imagem de capa do item

Mas quem realmente merece colher os louros da segunda temporada de Justiceiro é a atriz Giorgia Whigham, que dá vida à Amy Bendix, uma adolescente golpista que acaba encontrando em Frank uma figura paterna. A química entre ela e Bernthal é muito bem desenvolvida e te leva a acreditar que realmente se trata de pai e filha, ainda que numa relação nada funcional. Amy é uma companheira muito mais carismática do que Karen Page, por exemplo, e a inocência e ingenuidade da garota é tocante ao mesmo tempo em que te arranca umas risadas.

Imagem de capa do item

O Justiceiro também tem o problema de ser muito longa. Mantendo a tradição de 13 episódios padrões para as séries da Marvel, a Netflix criou um formato desgastante, o que gera muita enrolação. Sem exageros, ao menos metade dos episódios dessa segunda temporada poderiam apenas não existir. Se o foco fosse apenas a trama politico-religiosa, a série fluiria de maneira muito mais orgânica.

Imagem de capa do item

No entanto, apesar das grandes falhas do meio da temporada, todos os arcos se fecham muito bem. O ultimo episódio de O Justiceiro é uma das melhores coisas que eu já assisti relacionadas super-heróis. Talvez, tenha sido o iminente cancelamento que tenha feito os produtores decidirem acabar a história, mas a verdade é que, pelo menos no final, as decisões ousadas foram boas decisões.

Imagem de capa do item

A segunda temporada de O Justiceiro não ruim, mas está longe de ser boa. Ela tem claras vantagens sobre o primeiro ano, começa e termina muito bem, e tem personagens mais interessantes, o problema é que o excesso de episódios machuca muito a qualidade do progresso. Felizmente, O Justiceiro chega ao fim sem ganchos para histórias futuras, mas a possibilidade de um dia retornar ainda está ali, porque Frank sempre vai precisar de uma guerra pra lutar.

Nota: 2/5