[CRÍTICA] Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom – Sentimentos em conflito

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[CRÍTICA] Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom – Sentimentos em conflito

Por Felipe Vinha

Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom chega ao mercado com uma tarefa ingrata – dar sequência a um dos melhores RPGs da geração passada. Só por isso ele já merece aquela atenção redobrada, por ser um título muito aguardado e por ter a responsabilidade do legado de peso que a marca já estabeleceu.

O game da Bandai Namco é uma sequência, sim, mas não tem relação com o anterior, a não ser pelo clima da história e alguns poucos elementos narrativos e de jogabilidade. Aqui temos novos protagonistas, uma parte do mundo ainda inexplorado e, principalmente, sistemas inéditos.

É melhor? É pior? É diferente. Mas isso não é necessariamente bom, nem ruim.

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Ficha Técnica

Nome: Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom

Plataformas: PS4

Gênero: RPG

Quantidade de jogadores: 1

Estúdio: Level-5

Publicadora: Bandai Namco

Data de lançamento: 23 de março de 2018

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Vamos viajar a um novo mundo!

Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom se passa em uma nova parte do mundo visto no game anterior, mas com personagens diferentes. A história começa no Japão, ou aparentemente no Japão, mostrando uma autoridade sendo levada em um comboio de veículos. Tudo muda quando misseis passam em sua direção e uma grande explosão ocorre.

O homem acorda, anos mais jovem e em outro mundo. Ele é Roland e se depara com Evan, um jovem de cabelos loiros, que alega ser o rei daquele local – mas não por muito tempo.

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Acontecimentos inesperados

Evan logo descobre que está sendo vítima de um golpe de estado. A raça dos ratos está tentando sobrepujar a raça dos gatos e, para isso, eles precisam tomar o poder do atual rei, que não tem como revidar no momento, principalmente por ser uma criança. É a partir daí que vemos Evan escapar com Roland, para tentar retornar e reunir aliados para contra-atacar.

A história de Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom é bem guiada por fatos bem pontuados, similares a capítulos, mas ela falha em ser um pouco genérica. Já não basta o cenário medieval de fantasia, que é bem mais puxado para o lado “medieval” da coisa toda, mais do que no primeiro jogo, a narrativa em si não colabora, nem os diálogos e alguns dos personagens só aparecem para serem mal utilizados.

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Na jogabilidade principal, quase nada muda

A jogabilidade geral em Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom é bem básica e direta ao ponto. Ele continua sendo um RPG com algum foco em exploração de cenários, com itens para se coletar, masmorras para explorar e mapas gigantescos para andar. O game ainda faz bem nesse sentido, já que os comandos são bem básicos.

Na real, o básico de Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom é muito fácil de se aprender. O jogo é bem acessível e isso é positivo, mas há ressalvas, que vamos tratar mais adiante.

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Mas há incrementos e mudanças…

Mas, é claro, há espaço para novidades em Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom. Primeiro, o combate: sai o combate em turnos e o controle indireto de criaturas no estilo Pokémon e entra em cena a batalha em tempo real, onde controlamos apenas um personagem do grupo, enquanto os outros ajudam com inteligência artificial. Deu mais agilidade, ficou um pouco mais bonito, mas… Não sei. Talvez tenha perdido um pouco do charme? Acabou transformando Ni No Kuni em uma espécie de “clone” de Tales Of, outra série de RPG da Bandai Namco, e talvez isso não seja positivo.

Outro ponto novo está nas batalhas no estilo RTS, ou “Real Time Strategy”, ou “Estratégia em Tempo Real”. Em alguns casos você vai controlar pequenos exércitos, que serão responsáveis por lidar com inimigos em um grande campo aberto. Aqui ficou bacana e trouxe um incremento interessante ao que Ni No Kuni já fazia.

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Acessível até demais

Porém, lembra que falamos um pouco ali atrás que Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom era um jogo acessível? Pois é, ele é mesmo, mas um pouquinho demais. O game é muito fácil. Em nenhum momento tivemos dificuldade na hora de enfrentar os inimigos, mesmo em batalhas contra chefões de um determinado local.

Não é motivo para se gabar sobre nossa habilidade. Dá para perceber que, pela estrutura montada em cada cenário, e com tantos elementos inclusos nas batalhas – aliados, familiares, Higgledies (pequenos seres que te ajudam constantemente) – é notável que os embates ficaram facilitados. Nem mesmo a exploração é alto tão difícil assim, já que o mapa sempre mostra uma seta bem clara de onde você precisa ir em seguida.

O primeiro game tinha um nível de dificuldade mais interessante. Aqui, deixaram um pouco a bola cair. É preciso ter um certo desafio, sempre que possível.

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O elenco ajuda

Tudo bem, o elenco de Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom poderia ser bem pior. Os personagens carismáticos do primeiro não estão presentes, mas ao menos o trio central – Roland, Evan e Tani – não são irritantes. Pelo contrário, são figuras que você aprende a gostar.

Evan, em particular, começa a história como um personagem quase inútil. O game te dá a liberdade de configurar qual personagem você quer controlar no mapa e nas batalhas. A escolha óbvia, no início, é Roland, por ser mais poderoso e ter armas melhores. Mas o game, apesar da história genérica, constrói tão bem a figura de Evan que você passa a ter mais respeito pelo garoto e passa a gostar de usá-lo sob seu comando.

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Sem Ghibli!

Mas atenção: apesar do estilo gráfico e do visual dos personagens, Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom não tem qualquer envolvimento do Studio Ghibli. A opção de desenvolver uma sequência veio da produtora Level-5 e da Bandai Namco. Não é exatamente um ponto negativo, mas é algo que precisa ser comentado.

Há apenas alguns nomes de pessoas que trabalharam no Ghibli anteriormente, como designers e compositores, e que se envolveram no desenvolvimento de Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom, mas alegar que o jogo tem colaboração do lendário estúdio só por ter ex-funcionários em seu time de produção é um erro. Da mesma forma que Death Stranding não é um game da Konami por ter Hideo Kojima, seu ex-funcionário, na equipe.

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Mas o visual está uma lindeza

Mas, mesmo sem o envolvimento do Studio Ghibli, Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom consegue manter uma incrível qualidade visual. Os gráficos estão ainda mais bonitos do que o primeiro game e a suavidade das cenas passa a exata sensação de assistir um anime bem feito.

A trilha sonora acompanha a qualidade, ainda que algumas músicas sejam um pouco exageradas. Porém, tudo que é visual em Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom compensa qualquer outro problema, de tão bonito que o game é.

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Conclusão

Bem, Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom poderia ser uma sequência memorável, mas é um jogo que você vai aproveitar por algumas boas horas, terminar e talvez esquecer dentro de alguns meses, ao contrário do que foi o primeiro.

Há pequenos erros e mudanças que fazem perder a magia que o original trouxe, apesar de não termos problemas com a jogabilidade central. História e batalha se tornaram genéricas e o jogo, infelizmente, é fácil demais, a ponto de as batalhas ficarem sem graça.

Mas, se você não liga muito para isso, saiba que o RPG mantém o nível gráfico visto no primeiro, e na verdade o supera em alguns aspectos deste ponto – o que pode atrair muitos fãs que jogaram Wrath of the White Witch e querem mais.

Há um certo sentimento em conflito em não elogiar mais este título em particular, pois ele merecia ser melhor, mas não foi desta vez.

Nota: 3 de 5