[CRÍTICA] Homem-Aranha no Aranhaverso – Com grandes poderes, vem grande diversão!

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[CRÍTICA] Homem-Aranha no Aranhaverso – Com grandes poderes, vem grande diversão!

Por Gus Fiaux

Homem-Aranha pode estar fazendo um grande sucesso no Universo Cinematográfico da Marvel, mas o herói ainda possui uma vasta gama de histórias que podem ser adaptadas em filmes solo e outras mídias.

Por sorte, Homem-Aranha no Aranhaverso veio para nos apresentar uma nova geração de Amigões da Vizinhança, com Miles Morales no centro da história – bem como um Peter Parker mais velho. Nós finalmente vimos o filme, e aqui temos nossa crítica sobre essa obra espetacular!

Créditos: Sony

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Ficha Técnica

Título: Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse)

Ano: 2018

Data de lançamento: 10 de janeiro de 2019 (Brasil)

Direção: Rodney Rothman, Bob Persichetti e Peter Ramsey

Classificação: Ainda não definida

Duração: 117 minutos

Sinopse: Miles Morales se torna o Homem-Aranha de sua realidade, e seu caminho se cruza com suas contrapartes de outras dimensões. Juntos, eles precisam impedir um perigo que ameaça todo o multiverso.

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Homem-Aranha no Aranhaverso - Com grandes poderes, vem grande diversão!

Todos os anos, ficamos divididos em saber qual filme de super-heróis consegue capturar melhor a essência dos quadrinhos. E se 2018 nos trouxe ótimos concorrentes a isso, como Pantera Negra, Vingadores: Guerra Infinita e Aquaman, o verdadeiro campeão nesse sentido é Homem-Aranha no Aranhaverso.

Produzido por Phil Lord e Chris Miller - as mentes criativas por trás de Uma Aventura LEGO - o filme não apenas traduz a essência dos quadrinhos. Na verdade, o novo longa do Amigão da Vizinhança se comporta como uma HQ viva, desde pequenos detalhes da trama ao seu inovador estilo de animação.

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Na história, acompanhamos toda a origem de Miles Morales - muito conhecido pelos fãs como o Homem-Aranha do Universo Ultimate. O longa não perde tempo em estabelecê-lo como sucessor do legado de Peter Parker, que é morto em um árduo confronto contra o Duende Verde e o Rei do Crime.

Porém, isso é apenas a ponta do iceberg. Em sua aventura, Miles acaba encontrando vários Homens-Aranha de dimensões completamente diferentes. Assim, temos uma aventura que de fato se debruça sobre o Aranhaverso, explorando versões alternativas e adoradas do Amigão da Vizinhança, muitas das quais já conhecemos nos quadrinhos.

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O grande mérito de Homem-Aranha no Aranhaverso está justamente na história de Miles Morales - e, principalmente, sua relação com o Peter Parker de outro universo, um herói que "desaprendeu" o caminho do heroísmo e precisa voltar a se situar como a figura icônica que sempre trilhou o caminho do poder e da responsabilidade.

O que encanta no longa é justamente a forma como somos apresentados às semelhanças e diferenças desses dois heróis de universos tão distintos, enquanto Miles precisa aprender com um professor que não está tão contente em ensiná-lo. É aqui que a magia acontece, e se o filme fosse focado apenas nisso, seria um longa perfeito.

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Por outro lado, os outros Homens-Aranha conferem um charme a mais na história - especialmente no que diz respeito ao estilo de suas animações, como é o caso de Peni Parker. Ainda assim, muitos deles parecem estar "sobrando" em meio a uma relação tão sólida, e não possuem tanto destaque quanto deveriam - como o Porco-Aranha, por exemplo.

Ainda assim, não há como dizer que eles não possuem seu espaço para brilhar. A Gwen-Aranha, por exemplo, é uma personagem bem interessante e que participa de boas cenas de ação, enquanto o Homem-Aranha Noir é, possivelmente, a figura mais engraçada do grupo. Aliás, fica a recomendação para que você veja o filme no idioma original, já que as vozes de Nicolas Cage e Hailee Steinfeld, entre outros, fazem grande diferença.

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Contudo, sem a menor sombra de dúvidas, o elemento que mais vai chamar a atenção do público é a animação em si. Temos aqui algo inédito, e que foge bastante do padrão de perfeição estabelecido pela Disney/Pixar. O filme possui uma textura bastante particular, e o traço é construído para traduzir peculiaridades dos quadrinhos.

É justamente essa mistura que vai deixar uma impressão forte. Alguns podem adorar o mundo multicolorido e a ação insana, enquanto outros podem odiar o senso de que há coisa demais acontecendo. Ainda assim, não há como negar que o trio de diretores - Rodney Rothman, Bob Persichetti e Peter Ramsey - conseguiu criar algo extremamente original.

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Ainda assim, há alguns deslizes - principalmente por conta dessa superlotação de personagens. Se os Homens-Aranha acabam ofuscando um ao outro, por outro lado os vilões nem sequer conseguem ter espaço. O único que foge dessa sina é o Gatuno, mas ele está lá apenas como dispositivo narrativo para alavancar a história de Miles Morales.

Alguns personagens também acabam "desaparecendo" na trama por um bom tempo. Esse é o caso, por exemplo, da mãe de Miles ou da própria Gwen, cuja ausência é sentida por um tempo significativo entre o primeiro e o segundo ato do filme. Isso faz com que os arcos dos personagens secundários sejam bem inconstantes.

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Outra questão que incomoda diz respeito ao grande ato final do longa. A animação, por mais perfeita que seja, acaba ficando muito bagunçada com tantos elementos mirabolantes em prática. Às vezes, fica até difícil acompanhar o que está acontecendo, ainda mais considerando que há vários cortes "separando" a ação.

No entanto, um mérito que fica - de sobra - é o fato do filme nunca deixar de lado a emoção sentida pelos personagens. Em alguns diálogos, podemos sentir o peso das responsabilidades que recai sobre os ombros de todos aqueles que vestem o traje heroico. E por falar em emoção, o tributo a Stan Lee é de arrancar lágrimas.

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Ainda assim, podemos considerar Homem-Aranha no Aranhaverso como uma baita revolução para os filmes de super-heróis. Caso seja tão bem-sucedido quanto promete ser, o longa tem tudo para ser o primeiro de uma franquia ou de uma nova geração de animações de super-heróis das grandes editoras nos cinemas.

Além de toda a parte visual, que é nitidamente sensacional, também podemos citar a trilha sonora, tanto cantada quanto incidental, que conferem uma personalidade bem mais "urbana" ao super-herói, enquanto desenvolvem também um estilo estético que entremeia desde as ruas de Nova York ao traje final de Miles Morales.

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Com ótima qualidade de animação e uma história que nos apresenta a Miles Morales como sendo o representante de uma nova geração de aventuras para o Amigão da Vizinhança, Homem-Aranha no Aranhaverso é um quadrinho vivo, que esbanja emoção, diversão e, acima de tudo, um senso de aventura.

É um longa cujos problemas não ofuscam as qualidades, e que mesmo com alguns deslizes na construção de seus personagens, consegue entreter e ainda nos fazer desejar para que cada uma das figuras apresentadas tenha seu próprio filme solo. Agora, podemos apenas torcer para que o Aranhaverso volte ainda melhor e maior nos cinemas.

NOTA: 4/5