[CRÍTICA] A Grande Muralha – E o segredo místico da Grande Muralha da China é…

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[CRÍTICA] A Grande Muralha – E o segredo místico da Grande Muralha da China é…

Por Márcio Jangarélli
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Ficha Técnica

Data de estreia: 23 de Fevereiro;

Direção: Zhang Yimou;

Elenco: Matt Damo;, Jing Tian; Pedro Pascal; Willem DeFoe;

Produtoras: Legendary Pictures, Le Vision Pictures, China Film Group Corporation, Atlas Entertainment;

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Vamos deixar estabelecido o seguinte: mesmo com um plano de fundo riquíssimo, A Grande Muralha não tem história. Pelo menos, não uma satisfatória. É decepcionante ver algo com um potencial tão grande ser trabalhado em uma trama simplória demais.

O filme poderia se aprofundar em várias coisas, mas é mais que raso. A produção apenas vislumbra um grande cenário a ser explorado, mas nem se dá ao trabalho de mergulhar um dedo nessa água.

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No começo, somos apresentados à mitologia da Grande Muralha, uma das grandes maravilhas do mundo, construída por quase dois milênios, com 8.850 km de extensão, planejada para proteger a China de ameaças históricas e místicas. E é isso.

O máximo que se tem sobre a Muralha depois é a surpresa do protagonista ao encontrar algo dessa magnitude em seu caminho, seus funcionamentos internos e defesas armadas. A construção, em si, se perde.

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Sobre a história, é algo tão simples e mal explicado que o sentimento é de “qual é a necessidade disso?”.

William e Tovar (Matt Damon e Pedro Pascal) fazem parte de um grupo de mercenários ocidentais que estão indo para a China em busca de um lendário “pó preto” que pode ser usado como arma: pólvora. Um plot interessante, na verdade.

No meio do caminho, eles são atacados por um monstro misterioso que, por algum motivo, William consegue derrotar. Seguindo um pouco mais, eles encontram a Grande Muralha e são capturados por soldados chineses.

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Assim, somos apresentados à história dos místicos Tao Tei, monstros criados pela queda de um meteoro, misturados com o egoísmo e a soberba dos humanos, que tentam invadir e atacar a China a cada 60 anos. E é isso também, nada mais se explica sobre a história dos monstros.

Se descobre que uma pedra de imã carregada pelos mercenários foi a responsável pela vitória de William sobre o monstro. O imã impede a comunicação das criaturas com sua rainha e isso os paralisa. Fim de plot também.

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Os exércitos da muralha são divididos em várias facções. William, como um grande arqueiro, tem uma pequena rivalidade com o líder do esquadrão de ataque à distância. Impressiona todo mundo e o plot, mais uma vez, acaba aí.

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A comandante Lin se aproxima de William, por algum motivo e os dois trocam suas ideologias sobre honra e motivações. A coisa se desenvolve um pouco, mas finaliza rápido.

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O Tovar do Pedro Pascal é quase um insulto para o ator. Ele é um alívio cômico e sua relação com o Matt Damon nunca é muito bem explicada. Ele ainda cria uma conexão, sabe-se lá porque, com o personagem de Willem Dafoe, trai todo mundo foge, depois volta e não contribui em muita coisa.

Willem Dafoe é o ponto mais decepcionante e desnecessário ali. Sir Ballard surge do nada, com uma história misteriosa, trai todo mundo, foge com o Tovar, trai o Tovar e morre tão misterioso e dúbio quanto surgiu. Um plot completamente deslocado.

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E os monstros? Os Tao Tei são uma espécie de iguanas gigantes e deformadas, que se comunicam telepaticamente e atacam humanos para alimentar a rainha. Não são, nem de longe, tão ameaçadores quanto o filme tenta colocar.

Mais ainda: o longa nunca explica se esses monstros são sempre os mesmos, de 60 em 60 anos, ou se essa ameaça, que é derrotada no final, era só daquela época. Vazio e simplório.

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Depois de tanta reclamação, A Grande Muralha tem algo que se salva?

Sim, tem. Duas coisas se destacam na produção e foram muito bem executadas. Por mais que seja vazio de roteiro, o filme é um deleite visual.

Tudo é muito bonito, as cores, as formas, as batalhas, as coreografias, os uniformes, as armas. Até as iguanas gigantes são bem feitas.

A cenografia está impecável em seu tratamento de tentar trazer para o ocidente um pouco das cores e formas do cinema e da cultura chinesa.

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Ainda, a coreografia de batalha está sensacional. Matt Damon é extremamente competente como arqueiro, Jing Tian é algo realmente bonito de se ver com suas lanças, os exércitos trabalham de forma perfeita e, nesse quesito, não dá para reclamar de nada.

Melhor: os trajes dos combatentes são sensacionais, cada um seguindo uma cor, criando – pegando emprestada uma referência de uma cultura próxima – uma espécie de "Power Rangers da antiguidade".

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No entanto, mesmo aqui ainda temos um problema, quando as cenas de ação, onde todo esse potencial é explorado, são poucas – principalmente se levarmos em conta que esse era o principal atrativo do filme.

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Resumindo, o grande segredo místico d’A Grande Muralha é que não souberam trabalhar uma ideia com um potencial gigantesco. O segredo é: se você vai assistir esse longa com muitas expectativas, o resultado será uma decepção profunda.

Mas não é de todo mal; é um bom filme pipoca, para você ver com um grupo de amigos, só para passar o tempo. Também, abre um pouquinho mais as portas do cinema ocidental para as maravilhas do oriente.