[CRÍTICA] Game of Thrones (8ª Temporada) – Gelo e Fogo!

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[CRÍTICA] Game of Thrones (8ª Temporada) – Gelo e Fogo!

Por Gus Fiaux

Todas as histórias têm um fim. E agora, Game of Thrones encontrou o seu. Após nove anos e oito temporadas, a série baseada n’As Crônicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin chegou ao seu término – desagradando um bocado de fãs. Mas afinal, teria sido uma temporada tão ruim assim?

Após os seis episódios, analisamos o encerramento de GoT, e todos os méritos e defeitos que o oitavo ano teve. Agora, você pode ler nossa crítica!

Créditos: HBO

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Game of Thrones (8ª Temporada) - Gelo e Fogo!

Após nove anos, um dos maiores fenômenos da televisão chegou ao fim. Game of Thrones veio para seu último ano, mas deixou um gosto agridoce na boca dos fãs. É seguro dizer que, com tanta expectativa e investimento do público, qualquer final seria controverso. Mas esse se superou.

A última temporada da série começa pouco após o término da sétima. Em Winterfell, os guerreiros se preparam para a chegada do Rei da Noite com seu exército de mortos, na grande batalha que vinha sendo construída desde o primeiro ano da série. E, além disso, ainda tínhamos a derradeira Guerra dos Tronos.

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Talvez, o maior pecado da oitava temporada de Game of Thrones seja a pressa. Com tantas pontas deixadas em aberto e várias tramas que ainda precisavam ser concluídas, seis episódios é uma quantidade absurdamente pequena para se construir uma história que faça jus ao que era esperado.

D.B. Weiss e David Benioff nunca foram grandes produtores - e engana-se quem pensa que, até a quarta temporada, era George R.R. Martin que mandava e desmandava da série. Ainda assim, o final parece ter sido escrito nas coxas, apenas para finalizar o que precisava de uma conclusão.

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O que vemos no oitavo ano é uma sucessão inexplicável de eventos corridos e que apressaram o desenvolvimento de personagens que acompanhamos durante anos. O maior exemplo disso é Daenerys Targaryen - que talvez seja o maior alvo das críticas em relação ao oitavo ano da série.

Embora a narrativa da Rainha Louca fizesse muito sentido - e já tivesse sido alertada ao longo das temporadas anteriores -, não temos como não sentir que seu arco foi extremamente convoluto e apressado. Da forma como se estabeleceu, parece até um desvio de personagem - coisa que, de fato, não é.

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E isso tudo poderia ter sido corrigido com mais episódios - ou até uma temporada extra. Embora a loucura da Mãe dos Dragões já tivesse sido vagamente explorada, sua transição em tirana ocorre de uma forma muito brusca e volátil, varrendo para longe todo o desenvolvimento que teve ao longo dos anos.

Pense, por exemplo, o que aconteceria se ela tivesse ido para Porto Real e assumisse o lugar de Cersei Lannister. Após perceber que não seria amada - e que forças externas constantemente ameaçariam seu trono, como a identidade de Jon Snow -, ela finalmente perderia a cabeça. Teria sido um arco muito mais coerente.

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Contudo, não podemos negar que parte do motivo pelo qual ficamos assim é a crescente era do "eu não queria que fosse desse jeito". Isso faz com que nublemos os méritos apresentados, apenas porque a história seguiu um curso diferente do que esperávamos. E isso não é um problema apenas de Game of Thrones, mas de diversos filmes e séries da cultura pop.

Em sua essência, Game of Thrones sempre desafiou as expectativas, nos entregando as soluções menos óbvias para problemas gigantescos. A diferença é que, anteriormente, tínhamos os livros como base para essas reviravoltas, então elas sempre foram "esperadas" pelo público que acompanhou a obra de George R.R. Martin.

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Isso, obviamente, não exime a culpa dos roteiristas e produtores. A última temporada está constantemente nos passando a sensação de ser desleixada e relapsa, quase como se Benioff e Weiss quisessem terminar logo e deixar de lado a responsabilidade em contar uma boa história - o que acaba acontecendo.

Entretanto, isso diz muito mais respeito à construção da temporada - à "jornada", por assim dizer - do que ao final. Muitos ficaram decepcionados, mas o fim é tudo que Game of Thrones sempre nos prometeu: cruel, ambíguo e com vários tons de cinza. O problema foi todo o caminho até se chegar nesse fim.

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Por outro lado, a série realmente provou seu valor enquanto espetáculo em seu oitavo ano. Com orçamentos nitidamente inchados, os episódios trouxeram um ápice da qualidade técnica do que a HBO tem a nos oferecer nesse gênero - ainda que um deslize ou outro saltasse aos olhos, como o infame copo do Starbucks.

Em termos de efeitos visuais e construção estilística, a série atingiu seu ápice, deixando de lado os efeitos práticos para investir ferrenhamente em CGI. A prova viva disso são os dragões de Daenerys Targaryen, que nunca estiveram tão nítidos e vistosos quanto nos seis últimos episódios da série.

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E isso também acaba refletindo em outros quesitos. A música, composta por Ramin Djawadi, acertou nas notas certas - melancólica quando necessária, ou épica, dependendo da situação. A direção de arte e o departamento de figurinos deram um show à parte, evoluindo os personagens a partir de sua representação visual.

A fotografia também é um destaque. Com exceção do terceiro episódio, que irritou os fãs pelo breu total, o trabalho de câmera da temporada é excepcional, criando paisagens pictorescas que realmente condizem com o nível de produção da série, por mais que a história acabe "manchando" um pouco dessa profundidade.

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Em termos de personagens e atuações, não temos o que falar. Sophie Turner, Kit Harrington, Peter Dinklage, Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau estão competentes, como sempre, imbuindo seus personagens de dor e sofrimento, mas de um ar introspectivo que é essencial para a construção nesse mundo hostil. Mas os holofote foram para dois lugares.

Maisie Williams dá sua melhor performance na série, especialmente na cena em que percorre as ruas flamejantes de Porto Real. E Emilia Clarke, que apesar do carisma, nunca teve uma atuação impecável, se esforça ao máximo para trazer essa transformação de Daenerys Targaryen com uma ambiguidade hostil. Mais de uma vez, a amamos e a odiamos (em extremos) em um único episódio.

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Em suma, a última temporada de Game of Thrones fez tudo o que a série já nos tinha entregado anteriormente: um espetáculo de fogo e sangue com um final surpreendente. Entretanto, não temos como não nos queixar dos tropeços dados por roteiros ineficazes e bregas, com desenvolvimentos ainda piores.

Tivesse mais três temporadas, a série poderia apresentar todos os seus temas de uma forma mais fluida. Uma temporada para os preparativos da guerra, uma para a invasão do Rei da Noite e uma para a ascensão da Rainha Louca. Contudo, isso serve como um lembrete de que a trama não é nossa - nós só desfrutamos dela e damos nosso parecer.

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No fim das contas, o sentimento deixado é paradoxal e agridoce. É gelo e fogo, como bem transcreve o título da saga em que se baseou a série. Se, por um lado, a parte técnica nunca esteve tão aguçada - apesar de alguns deslizes -, a narrativa parece ter sido deixada em segundo plano.

O que consumiu Game of Thrones foi o espetáculo. Em vez de uma trama bem pensada e compassada, tivemos um fim apressado que até seria interessante, se tivéssemos mais tempo para absorver e compreender o final. Por conta disso, não podemos deixar de sentir que a grande jornada se perdeu no caminho.

NOTA: 3/5